UM COPO DE VINHO
Como lembrar a França sem mencionar o vinho,
bebida que faz parte do cotidiano do povo? Em Paris há pelo menos dois lugares
onde se pode aprender muito sobre a bebida: Musée du Vin (5 Rue des Eaux - Square Charles Dickens)
e Les Caves du Louvre (2 Rue de l’Arbre Sec, 1er
arrondissement).
Fui
ao Museu do Vinho de Paris em 2010. Há um ingresso que dá direito a um copo de
vinho. É possível também ir para o almoço, servido das 12h às 15h de terça a
sábado. O Museu, próximo à Estação Passy do metrô, ocupa o prédio que abrigou o
Convento da Ordem dos Mínimos de São Francisco de Paula, construído no século
XV com o apoio da rainha Anne da Bretanha, mulher do Rei Luis XI. O convento
era cercado por jardins, pomares e vinhas que cobriam a colina descendo
até rio Sena. Os frades produziam um vinho tinto saboroso. Bom o bastante para
que o rei fizesse uma parada no convento para bebê-lo, quando retornava da caça
no Bois Boulogne. As três salas abobadas, que abrigam o museu, eram usadas
pelos religiosos para armazenar o vinho. Dessa época restou apenas o nome das
ruas próximas – Rue Vineuse e Rue du Vin.
Havia outro atrativo na região: as
águas de Passy. Ferruginosas e laxativas, elas estiveram em moda no século
XVII, e foram exploradas até o II Império, atraindo burgueses e nobres,
artistas e intelectuais. O único vestígio desse tempo é o nome da rua (Rue des
Eaux) onde se localiza o Museu e o poço em frente ao prédio.
Com
a Revolução Francesa, o convento de Passy foi abandonado e destruído; a área
reurbanizada é, atualmente, um bairro tranquilo, com forte presença islâmica.
No século passado, as galerias foram utilizadas como cave pelo restaurante da Torre Eiffel. O Museu foi criado pelo
Conseil des Echansons de France, uma confraria fundada em 1954 e um dos
principais objetivos é cuidar das tradições relacionadas ao vinho
francês.
As
galerias do convento foram escavadas na parte inferior de antigas pedreiras de
calcário, exploradas entre os séculos XIII e XVIII para fornecer as pedras
usadas na construção de Paris. O visitante envereda pela história do
vinho desde a mitologia greco-romana e conhece melhor a arte da vinicultura
francesa, começando pelo vinicultor, passando pela vindima até os diversos
tipos de vinho produzidos na França. Lá estão relacionados vendedores e
consumidores, famosos ou anônimos.
O
cientista Louis Pasteur (1822-1895) deu sua contribuição à vinicultura, com
pesquisa para combater uma doença que atacou as vinhas francesas. O vinho
preferido de Napoleão Bonaparte era o Chambertin. Com dezenas de ditos
populares, quase sempre vinculando santos e meteorologia ao vinho, é possível
avaliar a forte presença da bebida na cultura do país.
Na
II Guerra Mundial, entre julho de 1942 e fevereiro de 1943, os alemães
compraram cerca de dez milhões de garrafas de vinho no mercado negro, usando
marcos supervalorizados. O governo de Vichy, seriamente preocupado com a
situação, assumiu o controle de tudo que se relacionava com o comércio do
vinho; porém, a medida, além de irritar os produtores, aumentou o mercado
negro.
Os
vinicultores também fizeram sua guerra para preservação do melhor vinho,
emparedando parte das caves ou destinando aos alemães produtos inferiores. O
champagne destinado ao inimigo tinha no rótulo o aviso: Reservado para a
Wehrmacht.
E para terminar com
bom humor duas quadras de autores desconhecidos.
CLIENT, MON AMI.
Souviens-toi que quatre verres font un litre, et
deux litres font une tournée.
Deux tournées une discussion, et une discussion une querelle.
Une querelle, une bataille, et une bataille deux gendarmes.
Deux tournées une discussion, et une discussion une querelle.
Une querelle, une bataille, et une bataille deux gendarmes.
Une juge de paix, un greffier, un huissier, font une
amende ou quelques jour de prison, plus le frais.
Les frais mènent à la ruine, la ruine mène au suicide, le suicide mène à la mort.
La mort cause des veuves joyeuses, et des belles mères en joie.
Les frais mènent à la ruine, la ruine mène au suicide, le suicide mène à la mort.
La mort cause des veuves joyeuses, et des belles mères en joie.
A part cela,
viens ici,
bois modérèment,
paie honorablement,
pars amicalement.
bois modérèment,
paie honorablement,
pars amicalement.
Rentrez chez toi tranquillement
et fais une tendre bise à ta femme
en pensant à celle des autres.
et fais une tendre bise à ta femme
en pensant à celle des autres.
PRIÈRE DU
BORDELAIS
Mon Dieu,
Donnez moi la santé pour longtemps
De l'amour de temps en temps
Du boulot, pas trop souvent
Mais du bordeaux tout les temps.
Mon Dieu,
Donnez moi la santé pour longtemps
De l'amour de temps en temps
Du boulot, pas trop souvent
Mais du bordeaux tout les temps.
(Foto: site do Museu.)
Semana francesa.
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