segunda-feira, 28 de maio de 2018


DIA DE BRINCAR


 Em 2008 encontrei Pinóquio por acaso em uma rua de Berlim. Lindo! Curiosa, entrei na loja e descobri um paraíso só de brinquedos feitos de madeira (Bartolucci). Cada um mais lindo do que o outro. Percebi que a casa estava lotada só com marmanjos (como eu) deslumbrados com os brinquedos. Algumas semanas depois, em Viena, virei uma esquina e lá estava Pinóquio, sentadinho no banco, esperando por mim (faz de conta) à porta da loja de brinquedos. Uma boa lembrança para marcar o Dia Internacional do Brincar, que se comemora hoje.
 

"What I do every day and for many hours a day is not simply a job, but a passion. The creation of every new article excites me just as it did the first time, and just like a child I cannot wait to have it finished; I like to think that my items, carved with my own hands, will go into people’s homes and be loved."  Francesco Bartolucci, o artesão.
Para as crianças todo dia é dia de brincar. Brincar é assunto sério, porque brincar é aprendizado. Ente 3000 e 2000 a.C. os egípcios já faziam bonecas de argila ou entalhadas em madeira, usadas tanto como brinquedo como objeto funerário (acompanhando criança ou adulto em seu sepultamento). Contudo, o costume de enterrar o corpo da criança com a sua boneca era também comum entre etruscos, gregos, romanos e astecas e acabou incorporado pelo cristianismo. O chocalho, que se sacode para as crianças ainda no berço, tem origem em tempos remotos, quando era usado para afastar os maus espíritos dos recém-nascidos. Mas com o tempo os brinquedos evoluíram; eram confeccionados por artesãos ou membros da família criativos e habilidosos. Um mundo em miniatura que encantava crianças e adultos. 
       Brincar inclui o jogo que tanto ajuda o raciocínio lógico da criança como desenvolve as habilidades físicas e promove a interação social. As histórias infantis ou as fábulas contadas pelos mais velhos junto à fogueira ou à lareira nas noites frias ajudavam a passar o tempo em que os folguedos ao ar livre se restringiam. Estimulavam a imaginação da criança enquanto ministravam lições de moral e do papel de cada um na sociedade. 
       O filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940) acreditava que existe uma lei que rege a brincadeira: a lei da repetição. “Sabemos que a repetição é para a criança a essência da brincadeira, que nada lhe dá tanto prazer como ‘brincar outra vez’.” Para ele é da brincadeira que nasce o hábito. “Os hábitos são formas petrificadas, irreconhecíveis, de nossa primeira felicidade e de nosso primeiro terror. E mesmo o pedante mais árido brinca, sem o saber – não de modo infantil, mas simplesmente pueril -, e o faz tanto mais intensamente quanto mais se comporta como um pedante.”

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