CANÇÃO DE OUTONO
No entardecer da terra,
O sopro do longo outono
Amareleceu o chão.
Um vago vento erra,
Como um sonho mau num sono,
Na lívida solidão.
Soergue as folhas, e pousa
As folhas volve e revolve
Esvai-se ainda outra vez.
Mas a folha não repousa
E o vento lívido volve
E expira na lividez.
Eu já não sou quem era;
O que eu sonhei, morri-o;
E mesmo o que hoje sou
Amanhã direi: quem dera
Volver a sê-lo! mais frio.
O vento vago voltou.
Fernando Pessoa
Parque de Santana/Praça da República, Rio de Janeiro, 2015. |
Bonn, Alemanha, 2008. |
Amsterdam, Países Baixos, 2008. |
Berlim, Alemanha, 2008. |
Praga, República Checa, 2008. |
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Rua da Aclimação, São Paulo, 2013. |
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