domingo, 27 de maio de 2018

DOMINGO DE BRINCADEIRAS

        Começo com Fernando Pessoa (nem preciso dizer que ele é meu poeta preferido).

CRIANÇA DESCONHECIDA e suja brincando à minha porta, 
Não te pergunto se me trazes um recado dos símbolos. 
Acho-te graça por nunca te ter visto antes, 
E naturalmente se pudesses estar limpa eras outra criança, 
Nem aqui vinhas. 
Brinca na poeira, brinca! 
Aprecio a tua presença só com os olhos. 
Vale mais a pena ver uma coisa sempre pela primeira vez que conhecê-la, 
Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez, 
E nunca ter visto pela primeira vez é só ter ouvido contar. 

O modo como esta criança está suja é diferente do modo como as outras estão sujas. 
Brinca! Pegando numa pedra que te cabe na mão, 
Sabes que te cabe na mão. 
Qual é a filosofia que chega a uma certeza maior? 
Nenhuma, e nenhuma pode vir brincar nunca à minha porta. 

Continuo com a visão de alguns pintores sobre a arte de brincar.

Brincadeiras de Criança, da brasileira Georgina de Albuquerque (1885-1962). Obra de 1950. 

"Hall at Shinecock" ,do norte-americano, William Merrit Chase (1849-1916).

"Nos jardins de Luxemburgo", tela de Pierre-Auguste Renoir.

Retrato de Germanine Hosched com uma boneca (1877), tela de Claude Monet.

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