Este ano o Canadá completará 90 anos e os ex-alunos estão
organizando um grande encontro para comemorar a data, reencontrar colegas e
amigos e rememorar uma época muito especial da nossa vida. O evento será no dia
17 de agosto em local a ser divulgado oportunamente.
Entrei no Colégio Canadá no verão de 1964 para fazer o Clássico –
colegial da área de humanas no período noturno, embora não trabalhasse. Vinha
de um colégio feminino e conservador e de repente estava num ambiente bastante
liberal. Por coincidência, na minha turma havia apenas um rapaz.
O que me interessava, as matérias, não mudou muito – as novidades foram Filosofia e Psicologia. As aulas do professor Itagiba eram muito boas, mas depois tivemos dona Ada, jovem, elegante que tingia o cabelo com uma cor de vanguarda. Era um pouco atrapalhada.
Ainda guardo dois cadernos de Latim, matéria dada pelo professor
Antônio Esmanhoto, a pessoa mais rabugenta que encontrei em sala de aula. Por
incrível que pareça eu sempre gostei muito de Latim, que estudei durante todo o
curso ginasial, sempre com Dona Lígia Fava Fonseca, e então não tive problema
para enfrentar Esmanhoto, a fera. Magrinho, alto, barba por fazer, óculos
redondos e mãos de jogador de basquete. Usava sempre um guarda-pó meio branco. Acho
que nunca o vi sorrir. Popular entre os estudantes ele não era, pois ouvia
comentários de que costumavam pregar-lhe peças desagradáveis. Ele implicava com
minha letra que, realmente, era difícil de ler. Apesar do mau humor, era um
ótimo professor. Uma noite o ouvi tocando piano no anfiteatro e fiquei surpresa
com o fato de que o ranzinza era um ótimo pianista.
Foi no anfiteatro que assisti a uma montagem do
julgamento de Tiradentes feita pelos estudantes. Tomás de Aquino Horta Nogueira
fazia o papel de advogado do inconfidente e, observando seu desempenho
consistente, imaginei que ele faria Direito. Foi uma surpresa encontrá-lo alguns
anos depois no jornal Cidade de Santos, onde ele já trabalhava. Morreu logo
depois em um acidente automobilístico em Guarujá.
Fiz apenas quatro amigas no colegial porque era bastante tímida:
as irmãs Silvia e Maria Zita Lopes dos Santos e a Marinluz cujo sobrenome não
lembro. As três se formaram em Letras. Soube que Marinluz havia mudado para a França. A amizade com Letícia de Alencar foi duradoura, mas nos anos
1980 mudou para Campinas e nunca mais soube dela. Lembro
ainda de Cleide Conceição, Geni S. Pinto e da Ingrid Sarti, que mora no Rio de
Janeiro.
Nos corredores do Canadá, conheci Roberto Peres e Maria Alice
Peres que reencontraria no curso de jornalismo da Faculdade de Filosofia e mais
tarde nos tornamos colegas de trabalho e, principalmente, amigos muito queridos.
No jornal reencontrei também César Augusto Fragata (fazia científico) e Tomás
de Aquino. Ótimos tempos!