O bairro está cheio de novidades e
uma delas é uma escola particular de ensino fundamental que abriu as portas
esta semana. O prédio tem umas quatro ou
cinco vagas de estacionamento na frente. Eu para variar estava no ponto do
ônibus, quando vi uma senhora junto a um carro, falando com uma pessoa que a
mureta ocultava. Parecia aborrecida, mas calma. Pela direção do olhar deduzi
que seria uma criança. Então ela abriu a porta traseira do veículo e o personagem
oculto apareceu. Devia ter uns sete anos e entrou rapidamente no carro. Ela
fechou a porta e se dirigiu para a escola. (Nem sinal do ônibus.) A avó retornou
com uma funcionária que foi conversar com o garoto. Desistiu logo. A avó retomou
a conversa com o menino. (Consulto o celular e me preocupo com o atraso do
coletivo.) Surge outra funcionária, que parece decidida a resolver o “assunto”:
abre a porta do veículo, começa as negociações, enquanto pega a mochila que tenta
colocar nas costas, mas se atrapalha porque ela é grande demais. Com a mochila
debaixo do braço, as tratativas não progridem. Ela também desiste. Surge então
o avô que provavelmente era o motorista. Vai até o netinho, pega-o no colo com
carinho, afasta-se em direção ao ponto sempre conversando com ele. Parece uma
conversa com açúcar e com afeto. (O ônibus chegou e não vi o desfecho da
história.) Espero que o papo “de homem para homem” tenha dado resultado com o
teimoso superando o medo da escola – ou da mudança na sua vida – e tenha a
oportunidade de descobrir que ela pode ser risonha e franca.
sexta-feira, 19 de janeiro de 2024
PONTO DE ÔNIBUS
Leitura, tela de Eduard Swoboda (1814 – 1902).
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