sábado, 6 de janeiro de 2024

QUATRO QUARTETOS

LITTLE GIDDING

Não cessaremos nunca de explorar
E o fim de toda nossa exploração
Será chegar ao ponto de partida
E o lugar reconhecer ainda
Como da vez primeira que o vimos.
Pela desconhecida, relembrada porta
Quando o último palmo de terra
Deixado a nós por descobrir
Aquilo for que era o princípio.
Nas vertentes do mais longo rio
A voz da cascata escondida
E as crianças na macieira
Não percebidas, porque não buscadas
Mas ouvidas, semi-ouvidas, na quietude
Entre duas ondas do mar.
Depressa agora, aqui, agora, sempre
– Uma condição de absoluta simplicidade
(Cujo custo é nada menos que tudo)
E tudo irá bem e toda
Sorte de coisa irá bem.
Quando as línguas de chama estiveram
Enrodilhadas no coroado nó de fogo.

E o fogo e a rosa se tornarem um.

Little Gidding – Quarto e último poema dos “Quatro Quartetos” de T. S. Elio (1888-1965). Tradução: Ivan Junqueira.

 


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