segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

OS 90 ANOS DO I.E. CANADÁ

Este ano o Canadá completará 90 anos e os ex-alunos estão organizando um grande encontro para comemorar a data, reencontrar colegas e amigos e rememorar uma época muito especial da nossa vida. O evento será no dia 17 de agosto em local a ser divulgado oportunamente.

Entrei no Colégio Canadá no verão de 1964 para fazer o Clássico – colegial da área de humanas no período noturno, embora não trabalhasse. Vinha de um colégio feminino e conservador e de repente estava num ambiente bastante liberal. Por coincidência, na minha turma havia apenas um rapaz.

     O que me interessava, as matérias, não mudou muito – as novidades foram Filosofia e Psicologia. As aulas do professor Itagiba eram muito boas, mas depois tivemos dona Ada, jovem, elegante que tingia o cabelo com uma cor de vanguarda. Era um pouco atrapalhada.

Ainda guardo dois cadernos de Latim, matéria dada pelo professor Antônio Esmanhoto, a pessoa mais rabugenta que encontrei em sala de aula. Por incrível que pareça eu sempre gostei muito de Latim, que estudei durante todo o curso ginasial, sempre com Dona Lígia Fava Fonseca, e então não tive problema para enfrentar Esmanhoto, a fera. Magrinho, alto, barba por fazer, óculos redondos e mãos de jogador de basquete. Usava sempre um guarda-pó meio branco. Acho que nunca o vi sorrir. Popular entre os estudantes ele não era, pois ouvia comentários de que costumavam pregar-lhe peças desagradáveis. Ele implicava com minha letra que, realmente, era difícil de ler. Apesar do mau humor, era um ótimo professor. Uma noite o ouvi tocando piano no anfiteatro e fiquei surpresa com o fato de que o ranzinza era um ótimo pianista.

Foi no anfiteatro que assisti a uma montagem do julgamento de Tiradentes feita pelos estudantes. Tomás de Aquino Horta Nogueira fazia o papel de advogado do inconfidente e, observando seu desempenho consistente, imaginei que ele faria Direito. Foi uma surpresa encontrá-lo alguns anos depois no jornal Cidade de Santos, onde ele já trabalhava. Morreu logo depois em um acidente automobilístico em Guarujá.

Fiz apenas quatro amigas no colegial porque era bastante tímida: as irmãs Silvia e Maria Zita Lopes dos Santos e a Marinluz cujo sobrenome não lembro. As três se formaram em Letras. Soube que Marinluz havia mudado para a França. A amizade com Letícia de Alencar foi duradoura, mas nos anos 1980 mudou para Campinas e nunca mais soube dela. Lembro ainda de Cleide Conceição, Geni S. Pinto e da Ingrid Sarti, que mora no Rio de Janeiro.

Nos corredores do Canadá, conheci Roberto Peres e Maria Alice Peres que reencontraria no curso de jornalismo da Faculdade de Filosofia e mais tarde nos tornamos colegas de trabalho e, principalmente, amigos muito queridos. No jornal reencontrei também César Augusto Fragata (fazia científico) e Tomás de Aquino. Ótimos tempos!

Agosto de 2022.


 



5 comentários:

Nilton Tuna disse...

1964 foi meu último ano no Canadá. Também à noite. Fiz científico e devemos ter-nos esbarrado em algum corredor, em alguma momento!

Anônimo disse...

Oi Hilda. Entrei em 1965, na admissão ao Ginásio e fiquei até 1970. Excelente colégio. Ótimos professores. Wanda, Marli, Itagiba, Solon, Guaraná, Muza, Buzo e tantos outros... Fiz muitos amigos lá. O diretor era Edésio del Santoro.

Anônimo disse...

Zeca Silvares

Hilda Araújo disse...

Nilton, é muito possível, pois estudamos no período noturno; na mesma época, nossas amigas Rosamar e Eneida estudaram de manhã. Bom mesmo foi que nos encontramos todos no jornalismo. Zeca, você é bem mais jovem – em 1970 já estava trabalhando no jornal Cidade de Santos, onde você chegou um pouco depois. Um abraço para vocês.

Anônimo disse...

Muito bom seu comentário. Fez-me relembrar momentos inesquecíveis. Entrei no Canadá para fazer o Clássico em 1.961