segunda-feira, 28 de abril de 2025

O CALCETEIRO

 

Há alguns anos eu atravessava a Praça Ramos de Azevedo quando o vi trabalhando na calçada. Um calceteiro! Lembrei-me dos tempos de Santos, onde vi pela primeira vez o trabalho minucioso desses homens que revestem calçadas com pedras portuguesas – pedrinha por pedrinha, formando desenhos que admiramos sem lembrar quem os executou. Uma profissão em extinção pelo que observo atualmente no Centro Histórico de São Paulo, onde placas de concreto cinzentas cobrem os calçadões reformados – seguras para os pés apressados do paulistano, porém, monótonas para os olhos que passeiam pela paisagem.

As calçadas portuguesas estão desaparecendo silenciosamente. O chão calcetado é usado desde a Antiguidade, mas a calçada portuguesa data do século XIX e é uma arte genuinamente lusitana e que faz parte do patrimônio cultural de Portugal. A Praça do Rossio foi a segunda área de Lisboa ganhar uma calçada portuguesa, iniciativa que se espalhou pela cidade, pelo país e pelas colônias.

A Câmara de Lisboa criou em 1986 a Escola de Jardinagem e Calceteiros para renovar o efetivo de profissionais municipais e preservar e divulgar o calcetamento. Na escola, homens e mulheres aprendem a “arte de calcetar ao quadrado, o desdobrar da pedra e o malhetar”, expressões comuns entre os mestres calceteiros. As pedras usadas são geralmente de calcário branco e preto ou basalto; encontram-se também o vermelho e o verde. As cores tradicionais são o preto e o branco.

            Anotei o nome do calceteiro que trabalhava na Praça Ramos, mas infelizmente o papelzinho perdeu-se.

A Escola de Calceteiros funciona na Avenida Dr. Francisco Luís Gomes 1800, no Arroios, Lisboa. 

O calceteiro na Praça Ramos de Azevedo.

Lisboa, Praça do Rossio e a calçada portuguesa, 2023.

Praça João Mendes: calçada portuguesa com as cores paulistas, 2025.

As ondas de Copacabana (RJ), 2015.


A calçada portuguesa da Praia do José Menino, Santos (SP), 2019.




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