segunda-feira, 14 de maio de 2018

O CARTEIRO CHEGOU

     No princípio, as pessoas enviavam mensagens por portadores de confiança que faziam longas caminhadas, usavam montarias ou carruagens quando podiam. E quando o destinatário recebia a notícia, ela já era bem antiga para os padrões atuais. Os faraós egípcios usavam o sistema de correio regular para divulgar a legislação nas diversas cidades, os persas aprimoraram o serviço e os romanos, graças à extraordinária rede de estradas que implantaram no império, tinham um ótimo serviço de correio.
     Quem não sabe da lenda do soldado grego que percorreu 40 km entre Maratona e Atenas para informar a vitória dos atenienses contra os persas e que deu origem à prova olímpica dos tempos modernos de 42,195 km? O soldado morreu de exaustão. Os atletas atuais, que não levam mensagem alguma, exceto a da boa forma física, ganham medalhas e dinheiro após a maratona.  A mitologia grega tem um deus que, entre muitas outras atividades, se dedica a ser o mensageiro dos deuses do Olimpo, Hermes.
Apesar de todas as dificuldades, as pessoas continuaram a se corresponder e, evidentemente, urgente tinha outra interpretação. Um bom exemplo é a administração das colônias americanas a partir do século XVI, quando uma carta ou documentos levava cerca dois ou três meses entre a Europa e as Américas, dependendo dos bons ventos, da pirataria e de bons pilotos. Uma decisão poderia levar mais de um ano...
Muitos e muitos séculos se passaram sem que a situação melhorasse. A invenção do telégrafo foi fundamental para a melhoria do sistema de comunicação, do telefone assim como o rádio. Entretanto, foi a aviação que impulsionou o serviço de correios no mundo e os primeiros voos transcontinentais carregavam malas postais.
Folhas de papel e uma caneta ou lápis bastavam para as pessoas derramarem seus sentimentos, preocupações e pensamentos mais íntimos, contar histórias e, sim, fazer fofocas. Bastava um envelope, um selo e o destinatário em algum lugar do mundo receberia a mensagem que leria com ansiedade, prazer e curiosidade. O portador era o carteiro, uma figura familiar para todos, especialmente no tempo em que os prédios de apartamentos ainda eram raros.
No final do século XX, a tecnologia dá novo impulso à era das comunicações que passam a ser em tempo real. As mensagens ganham um jeito de telegrama antigo – tudo abreviado, rápido, fugaz... Tudo sem graça, sem calor, sem paixão. As cartas? Ah! As cartas...


“A mensagem”, de Aldo Cabral e Cícero Nunes. 
Isaurinha Garcia (1923-1993). 

2 comentários:

Nilton Tuna disse...

Para mim, é uma das obras primas da música brasileira. Na voz de Isaurinha, então, nem se fala!!! Tive o prazer de ouvi-la cantar ao vivo, embora já longe dos seus dias de glória.

Hilda Araújo disse...

Concordo com você, Nilton.Isaurinha mesmo longe dos dias de glória, ainda era maravilhosa.