quinta-feira, 12 de julho de 2018

O RUSSO, O BRITÂNICO E O BRASILEIRO.


Uma tarde de inverno muito agradável. Céu acinzentado. Gente agasalhada, encolhida a caminho de algum lugar. Um ou outro mais ousado passeia de braços de fora imune à temperatura baixa. Boa ocasião para conhecer a obra de três artistas de origem bem diversa – um russo, um britânico e um mineiro, que a Caixa Cultural reuniu em São Paulo. Um ótimo programa.
O trabalho do britânico Mac Adams pode ser visto em duas mostras em São Paulo. O Centro Cultural FIESP apresentou “Mens Rea: a cartografia do mistério” e a Caixa exibe até o final de julho “Sombras e Mistérios”. Quem não viu a primeira, não deve perder a segunda que aprofunda a visão sobre o trabalho do artista. Como diz o catálogo de apresentação da mostra, “a arte de Mac Adams nos alerta para a necessidade de enxergar o que não se vê”. 
fotógrafo russo Serguei Maksimishin (1954) percorreu a Rússia de ponta a ponta, registrando imagens do país após o fim do regime comunista. “O último império” reúne 65 fotografias com cenas do cotidiano e como as pessoas comuns reagiram à chegada do capitalismo e os resquícios do antigo regime.
A casa recoberta de quadros no saguão da Caixa é intrigante. “A casa dos meus sonhos” é o título da obra e uma boa olhada revela a intenção do artista: todos os quadros populares têm como tema vários tipos de casas e paisagens – de castelos a casebres. Esse é o primeiro contato com o trabalho do mineiro Jorge Luiz Fonseca (54 anos). Difícil dizer qual o material que Jorge Luiz Fonseca usa – na verdade, tudo que lhe cai nas mãos. Ele pinta, borda, constrói, faz colagens, esculpe, escreve, enfim, um artesão que materializa sua criatividade de múltiplas formas e todas muito inteligentes, com uma fina ironia. Um prazer enveredar por esse “Labirinto de Amor”. Ah! “She loves you” (esmalte sintético sobre madeira) é um poema em azul e branco. “Quando você passa eu fico assim” (esmalte sintético, fios de eletricidade sobre recorte de madeira), muito expressivo...

Jorge Luiz Fonseca nasceu em Conselheiro Lafaiete (MG) e é maquinista de trem, como o pai, e transportava minério de ferro.

CAIXA CULTURAL – Praça da Sé, 111. Terça-feira a domingo, das 9 às 19 horas. Entrada gratuita. Estação Sé do Metrô.

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