sábado, 14 de julho de 2018

RUA DO LIRISMO


  


Bem pertinho da Alta Floresta. Nesses tempos de muita pressa, difícil reconhecer o lirismo ou se perder em altas florestas que resistem como ruas da Mooca, tradicional bairro paulistano rodeado pelo Brás e Belém (Norte), Belém e Água Rasa (Leste), Vila Prudente (Sul) e Ipiranga e Cambuci (Oeste). O nome é quatrocentão. Remonta aos tempos em que os silvícolas viviam pelo planalto e, observando os jesuítas construindo casas, diziam Moo-Ka (Moo-oca)– o que significa “eles estão fazendo casas”, segundo alguns; de acordo com outros, a expressão seria  mũoka, que significa "casa de parente". Enfim, as construções se fizeram primeiro de vagar; no final do século XIX se deu a expansão da cidade graças à ferrovia inaugurada em 1867, à industrialização que se seguiu e a chegada dos imigrantes que se estabeleceram pela região. Em 1958 Adoniran Barbosa revelava o sonho de um trabalhador: “Lá no alto da Mooca, eu comprei um lindo lote, dez de frente dez de fundo, construí minha maloca*.” A verdade é que a Mooca cresceu, modernizou-se e está muito longe de ser abrigo de desocupados. Vivem no bairro de 7,70 km² cerca de setenta e seis mil pessoas (2017) e o comércio mantém-se ativo.
Alguns fatos históricos do bairro podem ser recuperados pela denominação das ruas. A Rua do Oratório, por exemplo, marca o local da antiga Fazenda do Oratório. O nome foi oficializado em 24 de agosto de 1916. Antes da urbanização da Mooca, Rafael Aguiar Paes de Barros (1835-1889), filho de barão de Itu, fundou em sua fazenda um clube de corridas de cavalos nos mesmos moldes dos clubes ingleses. Reuniu 73 sócios e um capital de nove mil e novecentos e noventa réis fundou em 14 de março de 1875 o Hipódromo da Mooca ou Club de Corridas Paulistano com capacidade para 1200 pessoas. A primeira corrida aconteceu em 29 de outubro de 1876 e estavam inscritos apenas dois cavalos: Macaco e Republicano. Vencedor: Macaco. Logo o Hipódromo tornou-se uma atração e as pessoas que visitavam a cidade iam conhecer o “Prado”. A iniciativa incentivou o comércio da Mooca. Foi do Hipódromo da Mooca que Edu Chaves fez o histórico voo para o Rio de Janeiro em 21 de abril de 1912.
Em 25 de janeiro de 1941 foi inaugurada a nova sede do Jockey Club de São Paulo em Cidade Jardim e aos poucos a velho hipódromo foi se adaptando aos novos usos: primeiramente como escola e oficina de preparação de cadetes da Aeronáutica e mais tarde a Prefeitura de São Paulo assumiu a área onde funciona a Subprefeitura Mooca.
Um dos marcos do bairro é o Museu da Imigração do Estado de São Paulo (Rua Visconde de Parnaíba, 1316), que funciona na antiga Hospedaria dos Imigrantes, inaugurada em 1887. Os imigrantes de diversas procedências desembarcavam em Santos e eram transportados de trem para a hospedaria de onde eram encaminhados para as cidades do interior a fim de trabalhar na lavoura, especialmente cafeeira.
Rodolfo Crespi (1874-1939), filho de tradicional família italiana, imigrou para o Brasil em 1893 e estabeleceu-se no ramo de cotonifício na Mooca, já reduto de imigrantes italianos. Cinco anos depois sua fábrica já funcionava em um prédio de três andares na esquina da Rua Taquari com Rua dos Trilhos (atualmente funciona um supermercado). O título de conde foi dado a Crespi pelo governo Italiano em 1928 quando Benito Mussolini já estava no poder. Rodolfo Crespi foi o idealizador do Clube Atlético Juventus e apoiou a fundação do Colégio Dante Alighieri.
Um dos marcos do bairro é o Museu da Imigração do Estado de São Paulo (Rua Visconde de Parnaíba, 1316), que funciona na antiga Hospedaria dos Imigrantes, inaugurada em 1887. A Hospedaria recepcionava, registrava e organizava os imigrantes que chegavam de trem de Santos, onde haviam desembarcado procedentes de diferentes países europeus. Dali eles eram encaminhados para as cidades do interior a fim de trabalhar na lavoura, especialmente cafeeira.

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