Bem pertinho da Alta Floresta. Nesses tempos de muita
pressa, difícil reconhecer o lirismo ou se perder em altas florestas que
resistem como ruas da Mooca, tradicional bairro paulistano rodeado pelo Brás e
Belém (Norte), Belém e Água Rasa (Leste), Vila Prudente (Sul) e Ipiranga e
Cambuci (Oeste). O nome é quatrocentão. Remonta aos tempos em que os silvícolas
viviam pelo planalto e, observando os jesuítas construindo casas, diziam Moo-Ka (Moo-oca)– o que significa “eles estão fazendo casas”, segundo alguns; de acordo com
outros, a expressão seria mũoka, que significa "casa de
parente". Enfim, as construções se fizeram primeiro de vagar; no final do século
XIX se deu a expansão da cidade graças à ferrovia inaugurada em 1867, à
industrialização que se seguiu e a chegada dos imigrantes que se estabeleceram
pela região. Em 1958 Adoniran Barbosa revelava o sonho de um trabalhador: “Lá no alto da Mooca, eu comprei um lindo lote, dez de
frente dez de fundo, construí minha maloca*.” A verdade é que a Mooca cresceu,
modernizou-se e está muito longe de ser abrigo de desocupados. Vivem no bairro de
7,70 km² cerca de setenta e seis mil pessoas (2017) e o comércio mantém-se
ativo.
Alguns fatos históricos do bairro podem ser
recuperados pela denominação das ruas. A Rua do Oratório, por exemplo, marca o local da antiga Fazenda do
Oratório. O nome foi oficializado em 24 de agosto de 1916. Antes da urbanização da Mooca, Rafael
Aguiar Paes de Barros (1835-1889), filho de barão de Itu, fundou em sua fazenda
um clube de corridas de
cavalos nos mesmos moldes dos clubes ingleses. Reuniu 73 sócios e um capital de nove
mil e novecentos e noventa réis fundou em 14 de março de 1875 o Hipódromo da
Mooca ou Club de Corridas Paulistano com capacidade para 1200 pessoas. A primeira corrida
aconteceu em 29 de outubro de 1876 e estavam inscritos apenas dois cavalos:
Macaco e Republicano. Vencedor: Macaco. Logo o Hipódromo tornou-se uma atração
e as pessoas que visitavam a cidade iam conhecer o “Prado”. A iniciativa
incentivou o comércio da Mooca. Foi do Hipódromo da Mooca que Edu Chaves fez o
histórico voo para o Rio de Janeiro em 21 de abril de 1912.
Em 25 de janeiro de 1941 foi inaugurada a nova
sede do Jockey Club de São Paulo em Cidade Jardim e aos poucos a velho
hipódromo foi se adaptando aos novos usos: primeiramente como escola e oficina
de preparação de cadetes da Aeronáutica e mais tarde a Prefeitura de São Paulo
assumiu a área onde funciona a Subprefeitura Mooca.
Um dos marcos do bairro é o Museu da Imigração
do Estado de São Paulo (Rua Visconde de Parnaíba, 1316), que funciona na antiga Hospedaria dos Imigrantes, inaugurada
em 1887. Os imigrantes de diversas procedências desembarcavam em Santos e eram
transportados de trem para a hospedaria de onde eram encaminhados para as
cidades do interior a fim de trabalhar na lavoura, especialmente cafeeira.
Rodolfo Crespi (1874-1939), filho de tradicional
família italiana, imigrou para o Brasil em 1893 e estabeleceu-se no ramo de
cotonifício na Mooca, já reduto de imigrantes italianos. Cinco anos depois sua
fábrica já funcionava em um prédio de três andares na esquina da Rua Taquari
com Rua dos Trilhos (atualmente funciona um supermercado). O título de conde
foi dado a Crespi pelo governo Italiano em 1928 quando Benito Mussolini já
estava no poder. Rodolfo Crespi foi o idealizador do Clube Atlético Juventus e
apoiou a fundação do Colégio Dante Alighieri.
Um dos marcos do bairro é o Museu da Imigração
do Estado de São Paulo (Rua Visconde de Parnaíba, 1316), que funciona na antiga Hospedaria dos Imigrantes, inaugurada
em 1887. A Hospedaria recepcionava, registrava e organizava os imigrantes que
chegavam de trem de Santos, onde haviam desembarcado procedentes de diferentes
países europeus. Dali eles eram encaminhados para as cidades do interior a fim
de trabalhar na lavoura, especialmente cafeeira.
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