domingo, 29 de julho de 2018


Magricela
(1932)
Greve de fome. Quando a moda ordena
Ilustração J. Carlos, PARA TODOS, 1927,
É preciso cumprir. Moda maldita!
Vejo-te magra que me causa pena,
Porque apesar de magra inda és bonita.

Eras há pouco tempo a favorita
Da sociedade e estavas sempre em cena.
Hoje se alguém te encontra, te condena
E fala mal de ti, se não te evita.

Adeus, fama. Adeus, glória. Adeus, carícia.
És a mulher que a gente aponta: - É ela,
Um símbolo da crise alimentícia.

Mas se assim continuas, dia a dia,
Ficarás transformada, ó magricela,
Numa empadinha de confeitaria.




Do poeta pernambucano Olegário Mariano (1889-1958), in "Vida, Caixa de Brinquedos".


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