quinta-feira, 19 de julho de 2018

A CORRESPONDENTE




Cresci lendo a revista O CRUZEIRO (1928-1975), dos Diários Associados, que reuniu grandes jornalistas e repórteres fotográficos brasileiros, além de cronistas e intelectuais excelentes. Um dos nomes importantes na publicação foi Dulce Damasceno de Brito (1926-2008), a primeira brasileira a ser correspondente em Hollywood. Fui leitora da coluna dela na revista, mas naturalmente não me lembro de nada. Afinal, quase nada era relevante como pude avaliar lendo o livro “Hollywood nua e crua. Parte II”. Editora Best Seller, 1992.
       
Leitura agradável. Ideal para férias. A jornalista embarcou para os Estados Unidos aos 26 anos de idade com um contrato de seis meses, que se prolongaram por 16 anos. Quando chegou a Hollywood, havia seis outros jornalistas representando as mais diversas publicações. Dulce assinava uma coluna diária, publicada em 28 jornais associados, mais uma entrevista exclusiva por semana e uma reportagem completa para O CRUZEIRO, como ela conta no livro.
        Tempos diferentes. Não bastava o jornalista aparecer ou marcar hora com o artista que desejava entrevistar. Era preciso ser credenciada pelos estúdios e nada era feito sem se passar pelos agentes dos atores. Dulce era bem comportada e os estúdios gostavam dela, assim como as estrelas que encontrou ao longo da trajetória profissional.
Fez alguns amigos – como Kim Novak e Carmen Miranda; foi a jantares íntimos na casa de Jane Mansfield, Doris Day e Rock Hudson... Sem contar que entrevistou mais de uma vez Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor, Montgomery Clift, Marlon Brando, Charlton Heston entre muitos e muitos outros. No livro, Dulce não esconde que era fã das estrelas, dos mitos, de Hollywood. “Admito minha futilidade em preferir conversar com os ídolos da tela, que realmente me emocionavam, ignorando os que ficavam por detrás das câmeras, verdadeiros responsáveis pelo cinema como técnica.”  
Para mim muita coisa que ela conta (ou reconta porque o livro foi uma atualização do primeiro) foi uma surpresa, mas em se tratando desse mundo de fantasia, ora sombrio ora brilhante, vivi muito bem sem descobrir a verdade, seja ela qual for.


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