Uma tarde de inverno muito agradável. Céu acinzentado. Gente
agasalhada, encolhida a caminho de algum lugar. Um ou outro mais ousado passeia
de braços de fora imune à temperatura baixa. Boa ocasião para conhecer a obra
de três artistas de origem bem diversa – um russo, um britânico e um mineiro,
que a Caixa Cultural reuniu em São Paulo. Um ótimo programa.
O trabalho do britânico Mac Adams pode ser visto em duas
mostras em São Paulo. O Centro Cultural FIESP apresentou “Mens Rea: a
cartografia do mistério” e a Caixa exibe até o final de julho “Sombras e
Mistérios”. Quem não viu a primeira, não deve perder a segunda que aprofunda a
visão sobre o trabalho do artista. Como diz o catálogo de apresentação da
mostra, “a arte de Mac Adams nos alerta para a necessidade de enxergar o que
não se vê”.
O fotógrafo russo Serguei Maksimishin (1954)
percorreu a Rússia de ponta a ponta, registrando imagens do país após o fim do
regime comunista. “O último império” reúne 65 fotografias com cenas do
cotidiano e como as pessoas comuns reagiram à chegada do capitalismo e os
resquícios do antigo regime.
A casa recoberta de quadros no saguão da Caixa é
intrigante. “A casa dos meus sonhos” é o título da obra e uma boa olhada revela
a intenção do artista: todos os quadros populares têm como tema vários tipos de
casas e paisagens – de castelos a casebres. Esse é o primeiro contato com o
trabalho do mineiro Jorge Luiz Fonseca (54 anos). Difícil dizer qual o material que
Jorge Luiz Fonseca usa – na verdade, tudo que lhe cai nas mãos. Ele pinta,
borda, constrói, faz colagens, esculpe, escreve, enfim, um artesão que
materializa sua criatividade de múltiplas formas e todas muito inteligentes,
com uma fina ironia. Um prazer enveredar por esse “Labirinto de Amor”. Ah! “She loves you” (esmalte sintético sobre
madeira) é um poema em azul e branco. “Quando você passa eu fico assim”
(esmalte sintético, fios de eletricidade sobre recorte de madeira), muito
expressivo...
Jorge Luiz Fonseca
nasceu em Conselheiro Lafaiete (MG) e é maquinista de trem, como o pai, e
transportava minério de ferro.
CAIXA CULTURAL – Praça da Sé, 111. Terça-feira a domingo, das 9 às 19
horas. Entrada gratuita. Estação Sé do Metrô.
Nenhum comentário:
Postar um comentário