quinta-feira, 30 de agosto de 2018


DUAS MULHERES. DUAS ÉPOCAS.

Cleópatra, Museu de Berlim.
O que Cleópatra e Anita Garibaldi têm em comum? Não apenas a data de nascimento: ambas nasceram em 30 de agosto de eras diferentes, mas as duas deixaram suas marcas na História. Para começar houve muitas Cleópatras, mas foi Cleópatra VII (69 a. C.-39 a. C), a última representante da dinastia de Ptolomeu, que se tornou uma lenda por sua beleza e inteligência, duas qualidades que balançaram o Império Romano. Ou pelo menos Júlio César e Marco Antônio. Teve um filho com César e três com Marco Antônio (dois gêmeos). Quando perdeu o controle do governo para os romanos, ela se suicidou, assim como Marco Antônio.

Garibaldi socorre Anita, 1849. Autor anônimo.
Anita Garibaldi (1821-1849) era filha de imigrantes italianos e nasceu em Laguna (RS). Durante a Revolução Farroupilha (1835-1945) em que o Rio Grande se rebelou contra o governo Imperial, chegou ao Brasil o guerrilheiro Giuseppe Garibaldi (1807-1882) a soldo da republica rio-grandense. Na luta pela tomada do porto de Laguna encontra Anita e ambos se apaixonam. Ela o acompanha nas batalhas e 1842 deixam o Brasil para viver no Uruguai onde se casam. O casal teve mais três filhos. O primeiro nascera no Brasil. Em 1848, Anita e as famílias de outros legionários embarcam para a Europa e mais tarde Garibaldi reuniu-se a eles. O casal testemunha a proclamação da República Romana, mas com a chegada dos exércitos franco-austríacos à Itália, Garibaldi tem que fugir; Anita, grávida novamente, o acompanha, mas acaba morrendo em Ravena. Giuseppe Garibaldi é um dos grandes batalhadores pela unificação italiana, ficou conhecido como “herói de dois mundos”.


terça-feira, 28 de agosto de 2018


ENCONTROS INESQUECÍVEIS (2)
Continuo as lembranças de personagens que marcaram um momento durante minhas andanças e, certamente, jamais nos reencontraremos. A primeira viagem a Portugal em 2006 começou pelo Porto. Na primeira manhã ao sair do hotel vi ponto do ônibus bem em frente e perguntei a um senhor se passava algum que fosse para o centro histórico. Era da minha altura, vestia-se com elegância europeia, usava um pequeno chapéu de feltro, levava uma valise e um par de óculos sem aro equilibrava-se sobre o nariz. Um executivo? Talvez, um advogado?
Depois de me dar todas as informações sobre o ônibus que eu poderia tomar, perguntou-me após uma pausa, de que lugar eu era no Brasil. São Paulo, respondi. Sorriu entusiasmado. Apresentou-se. Chamava-se Castelo Branco. Estivera em São Paulo e gostara muito. Então me contou (não me lembro de ter perguntado) que há alguns anos viera para o Brasil e conhecera Manaus, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Foz de Iguaçu. Ficara encantado com tudo. “Que país maravilhoso!”
Chegou o ônibus que servia para todos no ponto. Sentamos lado a lado e no banco à nossa frente acomodaram-se os outros dois senhores que ouviam atentamente a conversa, mas logo se sentiram à vontade para participar. Um deles já morara no Brasil, em Recife se não me falha a memória. O outro quis saber se eu estava hospedada no hotel em frente ao ponto do ônibus e quando confirmei foi direto ao ponto. “Muito caro” e sugeriu vários outros... Enfim, foi uma viagem muito interessante, com um jeitão bem brasileiro... Então incentivei Castelo Branco a voltar ao Brasil, mas ele sorriu tristemente era muito longe, a viagem cara e ele já tinha muita idade... Desceu antes de mim e os outros o seguiram.

Abdul, que me guiou pela feira e me introduziu
 na arte da barganha de que os árabes gostam muito.
No Marrocos, em 2010, conheci uns três Abdul, mas um deles foi muito especial. O ônibus parou aos pés de uma montanha para o grupo de turistas irem a uma feira, mas antes entramos em uma casa para tomar chá e acabei me atrasando. Quando cheguei à estrada um rapaz se aproximou e disse que me guiaria pela feira. Hesitei, mas não havia nada ao redor que indicasse o lugar para onde todos tinham ido e, como ele me pareceu confiável, segui-o. Era uma feira pobre em que o destaque foi curandeiro, que tinha também o papel de Tiradentes e barbeiro, as especiarias coloridas e perfumadas, e o lenço azul que eu quis comprar e ele não deixou porque era masculino. Depois de andarmos por lá quase uma hora, eu perguntei a ele quando devia pela visita guiada. Com um sorriso, explicou que era de graça, mas ele gostaria que eu comprasse algo que ele vendia e mostrou-me um conjunto de três ou quatro pulseirinhas “de prata”. Quanto? – perguntei. Candidamente, me disse: € 50. Nem pensar. Na Rua 25 de Março, compraria umas 50 por R$ 10. Ele insistiu. Eu também. Acho que o preço chegou a uns €30. Perguntei se ele só tinha as pulseiras. Ele tirou do bolso uma pedra horrorosa cuja finalidade até hoje desconheço, já que para enfeite em minha casa não funcionaria. Cinquenta euros. Não. Preocupada com o ônibus, eu declarei com firmeza: Dou € 10 pelas pulseiras e mais € 10 pelo serviço de guia. Para minha grande surpresa Abdul ficou felicíssimo. Aceitou na hora: “Madama é árabe. Sabe negociar”. Acho que ele queria dizer mesmo pechinchar coisa que eles gostam muito de fazer e para meu espanto curvou-se e me deu um respeitoso beijo no rosto. Não resisti e pedi para fotografá-lo.  Mora no meu coração até hoje. As pulseiras? Não lembro que fim levaram, mas nunca usei.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018


BAUDELAIRE
A UMA PASSANTE
A rua, em torno, era ensurdecedora vaia.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa
Erguendo e balançando a barra alva da saia;
Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina.
Eu bebia, como um basbaque extravagante,
No tempestuoso céu do seu olhar distante,
A doçura que encanta e o prazer que assassina.
Brilho… e a noite depois! – Fugitiva beldade
De um olhar que me fez nascer segunda vez,
Não mais te hei de rever senão na eternidade?
Longe daqui! tarde demais! nunca talvez!
Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste,
Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!

"Elegância", Jean Béraud (1848-1935).


XCIII
À une passante
La rue assourdissante autour de moi hurlait.
Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse,
Une femme passa, d’une main fastueuse
Soulevant, balançant le feston et l’ourlet;
Agile et noble, avec sa jambe de statue.
Moi, je buvais, crispé comme un extravagant,
Dans son oeil, ciel livide où germe l’ouragan,
La douceur qui fascine et le plaisir qui tue.
Un éclair… puis la nuit! — Fugitive beauté
Dont le regard m’a fait soudainement renaître,
Ne te verrai-je plus que dans l’éternité?
Ailleurs, bien loin d’ici! trop tard! jamais peut-être!
Car j’ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,
Ô toi que j’eusse aimée, ô toi qui le savais!

“Flore das flores do mal de Baudelaire", tradução e notas de Guilherme de Almeida. Edição bilíngue. São Paulo: Editora 34, 2010.


domingo, 26 de agosto de 2018



DOMINGO DE INVERNO

Com “Dolores Otaño”, 1891.
 Obra do pintor espanhol 
Dario de Regoyos y Valdés (1857-1913).

A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde." André Maurois (1885-1967), romancista e ensaísta francês. 


terça-feira, 21 de agosto de 2018



ANIVERSARIANTE DO DIA
     Rio de Janeiro, 1898. Sessenta e dois jovens remadores (a maioria era portuguesa) tiveram a ideia de formar uma associação dedicada ao remo. Na hora de escolher um nome para a entidade, resolveram homenagear o navegador português Vasco da Gama porque naquele ano comemoravam-se os 400 anos da descoberta do caminho marítimo para as índias. Assim, no dia 21 de agosto, há 120 anos surgia o Clube de Regatas Vasco da Gama. O futebol só foi incorporado ao clube em 1915 e a primeira partida oficial, no ano seguinte, foi um retumbante fracasso: 10 a 1 para o Paladino Futebol Clube! O estádio do clube foi inaugurado 21 de abril em 1927. Em matéria de hino, o clube tem pelo menos três, porém o composto por Lamartine Babo em 1949 é mais conhecido.
Passaram pelo Vasco grandes nomes Como Adhemar Ferreira da Silva, no atletismo e no futebol, Bellini, Orlando e Vavá foram campeões mundiais de 1958, vestindo a camisa da seleção (naquela época, vestia-se mesmo). Entre outros grandes jogadores: Eduardo Gonçalves de Andrade, Tostão; Leônidas da Silva e Carlos Roberto Dinamite e Romário.
Bellini e Vavá, 1958. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2018


O JORNALISTA BILLY WILDER

Houve um tempo em que ninguém se importava muito com diretores de filmes. As pessoas iam ao cinema pelos atores, que eram uma grande atração, embora não fizessem milagre para salvar roteiros ruins e muitas vezes se viam envolvidos em fracassos de bilheteria. Se muita gente não sabe quem é Billy Wilder (1906-2002), com certeza assistiu a pelo menos dois ou três dos seus ótimos filmes. Só para citar alguns: “A montanha dos sete abutres” (Kirk Douglas), “Crepúsculo dos Deuses” (William Holden/Gloria Swanson), “Se meu apartamento falasse” (Jack Lemmon/Shirley MacLaine), e “Quanto mais quente melhor” (Tony Curtis, Jack Lemmon/Marilyn Monroe). Para que mais?
Dia desses pesquisando a prateleira de cinema da Biblioteca Sergio Milliet vi uma biografia dele, que li há muito tempo e resolvi reler: “Billy Wilder e o resto é loucura”, de Hellmuth Karasck. São Paulo, DBA – Dórea Books and Art, 1992.
O premiado Billy Wilder.
Billy Wilder nasceu na Galícia, em uma cidade que fazia parte do império austro-húngaro, mas atualmente é território polonês. Aos 19 anos mudou para Viena com o objetivo de ser jornalista. Sem conhecer ninguém, percorreu redações em vão até que abriu a porta certa na hora errada e conseguiu o posto de repórter. (Surpreendeu o crítico de teatro com uma senhora num canapé.) O jornalismo, entretanto, não lhe proporcionou o mundo de aventuras que imaginou e muito menos remuneração decente. Depois tentou Berlim, onde para complementar o salário tornou-se dançarino profissional em um café. Aproveitou a experiência para escrever uma reportagem sobre o assunto. Aliás, era um redator muito bom e criativo, que já revelava o roteirista que existia nele.
Na entrevista com Karasck conta que, se não dançava tão bem quanto os colegas, com certeza era dono dos melhores diálogos. E conta que durante uma valsa lenta, após pedir permissão, ele pergunta:
Sabe o que a senhora me lembra?
Não.
Não tenho coragem de dizer!
Diga!
Um magnífico suflê.
Um suflê?
Preparado por anjos. Numa varanda do Mediterrâneo. Extremamente delicado, recheado de iguarias divinas.
O senhor está me dando fome.
O bom nesse emprego é que além do parco salário e de boas gorjetas, ele podia comer à vontade.
Até descobrir o cinema muita água rolou, mas graças ao seu talento e com esforço ele conheceu o sucesso em Berlim, ganhou dinheiro até que o bando de malfeitores assumiu o poder e Billie Wilder teve que deixar tudo para trás (inclusive documentos) e partir para Paris, onde recomeçou do nada. A mudança seguinte foi para os Estados Unidos. O convite partiu de um amigo alemão, que já fazia sucesso por lá, e enviou um telegrama com uma lista de pedidos rocambolescos: “No Prunier da Avenue Victor Hugo bebi vinho de Anjou da safra de 1926. O preço na carta era de dezesseis francos. Traga 120 garrafas. Dê meu endereço ao proprietário para o caso de pedir uma nova remessa stop Aqui não sabem o que é bidê por isso traga três belos bidês, alem de duas peneiras para espinafre. Encomende logo três camisas de fraque como de costume no Knize a fim de poder trazê-las stop Zama ajudará a arranjar passagens de navio mais baratas”.
Claro que Billy Wilder não levou nada: não tinha dinheiro para as camisas e o vinho, quanto aos bidês sugeriu que o amigo tomasse banho de cabeça para baixo. O início da carreira em Hollywood também não foi fácil, mas tinha talento de sobra para conquistar seu lugar ao sol. 
Assisti a muitos filmes dele e o único de que não gostei foi “Romance na tarde”, mas “ninguém é perfeito”.

Joe E. Brown e J. Lemmon: "Ninguém é perfeito."

Tony Curtis, Marilyn Monroe e Jack Lemmon 
em "Quanto mais quente melhor", 1953.

domingo, 19 de agosto de 2018

PESSOAS ESPECIAIS

Às vezes me, por algum motivo, lembro-me de alguém que encontrei apenas uma vez na vida, durante uma viagem ou atravessando uma rua em algum dos lugares por onde passei. Por que será que marcaram tanto a ponto de muitos anos depois ainda nos recordarmos delas?
É fácil lembrar uma senhora de Colônia, Alemanha, que numa manhã de garoa fria, caminhando ao lado da bicicleta me abordou à saída do metrô. Fui logo dizendo que não falava alemão, mas ela abanou a mão livre em sinal de que não havia problema e me pediu com um gesto que abotoasse o agasalho. Percebi então que ela não articulava os dedos. Eu a ajudei e nos despedimos com um sorriso. Continuei meu passeio e, para minha surpresa, mais tarde a reencontrei pedalando em outro ponto da cidade. Ela me reconheceu e acenou sorrindo.
Outra figura inesquecível é o parisiense muito elegante, de casacão e chapéu pretos, a quem recorri depois de não conseguir encontrar a rua do Museu Nacional Picasso. Muito polidamente ele me indicou o caminho para o Museu de “Monsieur Picasso”. Agradeci e enquanto me afastava ainda pensei se havia sido ironia, mas concluí que era respeito ao gênio de Picasso.
Num fim de noite em Prato (Itália), estava na fila de um supermercado quando a moça à minha frente começou uma conversa e fui dizendo que não falava italiano. Ela ficou encantada por encontrar uma viajante que viera do outro lado do mundo. Muito simpática começou a me dar sugestões de lugares da região para visitar – cada uma melhor que a outra. Depois de passar pelo caixa, se despediu calorosamente de mim e foi embora enquanto eu pagava minhas compras. Para minha surpresa, na saída, ela veio correndo em minha direção, me deu a pulseirinha que estava usando para que não me esquecesse dela, Gabrielle. Agradeci e sem ter como retribuir a gentileza nos despedimos. 
Uma figura extraordinária encontrei em Narbonne, sudoeste da França. O tempo estava encoberto e fazia frio por isso adiei a exploração do Canal de la Robine e comecei a flanar pela cidade cuja história remonta aos tempos do Império Romano. Foi assim que descobri a Igreja Notre-Dame de Lamourguier, dessacralizada. Enquanto lia a placa informando que ali funcionava um museu, surgiu um funcionário que começou a me explicar o que era o Musée Lapidaire, me conduziu até a lateral da entrada e falando sem parar sobre a importância e a beleza do lugar. Quando comecei a tremer de frio por causa do vento, ele me fez entrar na cabine do caixa. Falei dos planos sobre o Canal de la Robine. Torceu o nariz e me ofereceu um pacote para visitar quatro museus da cidade. Para me convencer falou do espetáculo de luzes e música que o Musée Lapidaire oferecia. Ele me encantou: lembrava Papai Noel. Em nenhum momento se preocupou em perguntar se eu falava ou entendia francês. Quem resiste? Comprei o ingresso e achei que jamais assistiria ao espetáculo de que ele falara já que era a única pessoa no quarteirão inteiro. Após o pagamento, ele me conduziu para o interior da igreja, foi buscar uma cadeira mal dando tempo para eu descobrir o que era um museu lapidário, me fez sentar e desejou um bom programa. Saiu e fechou a porta. Por um momento me preocupei – e se ele me esquecer aqui? Era quase hora do almoço –, mas então começou o show. Toda a história da igreja e da cidade por meio de obras de arte foi projetada nas paredes nuas enquanto uma belíssima música reverberava no ambiente. O bom velhinho, com cabelos brancos e óculos na ponta do nariz vermelho, apareceu assim que o espetáculo terminou e me perguntou: “Não é maravilhoso?”. Adorei e jamais o esquecerei.








sábado, 18 de agosto de 2018

A "Formiga Atômica", desenho de Hanna Barbera, 1965.

SÁBADO SEM ASSUNTO

Formiga é exemplo de trabalho, determinação e trabalho de grupo. A ideia se popularizou a partir da fábula de Esopo (620-564 a.C.), que apresenta a cigarra como a vilã da história por passar o verão cantando. Um grupo de cientistas da Universidade de Tucson, no Arizona (EUA), resolveu estudar melhor as formigas e descobriu que a história não é bem assim. No formigueiro, operárias também gostam de “encostar o corpo” na hora do batente de acordo com o resultado publicado na revista “Behavioral Ecology and Sociobiology. Os pesquisadores estudaram 250 formigas, marcadas com cores e separadas em cinco colônias artificiais. No período de observação (nenhuma matéria informa quanto tempo durou), registraram que mais da metade dos insetos andava de um lado para outro sem fazer nada, enquanto as outras se esfalfavam. De acordo com os cientistas o papel dessas ociosas é um mistério, mas eles naturalmente têm várias hipóteses para o fato: essas formigas seriam uma espécie de plantonistas para substituir as que morrem, para entrar em ação quando o volume de trabalho aumenta ou quando o formigueiro for atacado. Ou simplesmente as mais velhas, incapazes. O pesquisador entrevistado disse que todas as tentativas para ativar as inativas falharam. Acho que elas não são tolas.  Pena que não vi nenhuma opinião de cientistas nativos sobre o assunto, o que seria bem interessante. Jean de La Fontaine, escritor francês do século XVI, também se dedicou a escrever fábulas. (Texto de 11/2015)

sexta-feira, 17 de agosto de 2018


HOJE É DIA DE FEIRA
 
Um dia de mercado na Praça principal de Pontoise, 1876.Óleo sobre tela do impressionista francês Ludovic Piette (1826-1878)


terça-feira, 14 de agosto de 2018

POEMA PIAL
Fernando Pessoa

TODA a gente que tem as mãos frias 
Deve metê-las dentro das pias. 

Pia número UM, 
Para quem mexe as orelhas em jejum. 

Pia número DOIS, 
Para quem bebe bifes de bois. 

Pia número TRÊS, 
Para quem espirra só meia vez. 

Pia número QUATRO, 
Para quem manda as ventas ao teatro. 

Pia número CINCO, 
Para quem come a chave do trinco. 

Pia número SEIS, 
Para quem se penteia com bolos-reis. 

Pia número SETE, 
Para quem canta até que o telhado se derrete. 

Pia número OITO, 
Para quem parte nozes quando é afoito. 

Pia número NOVE, 
Para quem se parece com uma couve. 

Pia número DEZ, 
Para quem cola selos nas unhas dos pés. 

E, como as mãos já não estão frias, 
Tampa nas pias! 


(De “QUADRAS AO GOSTO POPULAR”)
Lucca, Itália, 2008. 




segunda-feira, 13 de agosto de 2018

ELE PREFERIA AS LOIRAS

Desde que Janet Leigh (1927-2004) foi tomar banho de chuveiro e um maluco a esfaqueou, o mundo não foi mais o mesmo. Nos velhos tempos das cabines telefônicas, sempre se podia olhar em volta para ver se havia por perto pássaros em rebelião. Se quebrar a perna, sente-se à janela, providencie binóculos e uma namorada rica e elegante antes de começar a bisbilhotar a vida alheia e arranjar sérios problemas. E... Cuidado ao sentar sobre um baú, pois nunca se sabe o que ele pode esconder. E se você se pergunta o “que será, será” tudo isso? É Alfred Hitchcock (1889-1980), o rei do suspense, que nasceu no dia 13 de agosto em Londres.
Assisti a muitos dos filmes dele e gosto muito. Um homem estranho que sabia muito bem como perpetrar um crime e deixar o público arrepiado e ao mesmo tempo louco para saber como resolvê-lo. Baixinho (1m65) e, usualmente, 50 quilos acima do peso. Só usava ternos pretos e todos iguais.
Foi um diretor que não se contentava em ser reconhecido por sua obra atrás das câmeras. Quase sempre dava um jeito de aparecer nos filmes entre os figurantes – mistério a mais para o espectador ficar atento para localizá-lo. Às vezes era bem fácil, como em “Intriga Internacional”.
Ruy Castro conta que para caracterizar a falecida mãe de Baker (“Psicose), Hitchcock consultou legistas para saber como se pareceria “uma mulher de meia-idade morta, embalsamada, enterrada por dois meses, desenterrada e conservada em um porão” por uma década. Só depois de bem informado, mandou moldar a face do cadáver.
"Ladrão de Casaca": Grace Kelly e Cary Grant.
Bonecos horripilantes à parte, parece que Hitchcock preferia as mulheres loiras (falsas ou verdadeiras), algumas bem sem graça como Tippi Hedren (1930) e outras deslumbrantes como Grace Kelly (1929-1982) e Kim Novak (1933). Grace Kelly estrelou três dos meus filmes favoritos: “Disque M para Matar”, “Janela Indiscreta” e “Ladrão de Casaca”. Em 1956 foi a vez de Doris Day (1922) em “O Homem que sabia demais” e, naturalmente, ela canta. A música "Whatever Will Be" (“Que sera sera”) ganhou o Oscar de Melhor Canção de 1956. Em “Um corpo que cai”, Kim Novak foi a loira da vez. Tippi Hedren estrelou o clássico “Os Pássaros” e “Marnie, confissões de uma ladra”.

Deixando as loiras de lado, há outros filmes que valem a pena assistir: “O Terceiro Tiro” (1951), “Pacto Sinistro” (1951), refilmado várias vezes, e “Festim Diabólico” (1948). Não esqueci “Rebecca” (1940), que teve onze indicações para Oscar e conquistou dois, inclusive de melhor filme. Eu particularmente não gosto. Enfim, Hitchcock é sempre um ótimo programa.


sábado, 11 de agosto de 2018


 DIA DO ADVOGADO

Muita gente não gosta de advogados, esquecendo que em todas as áreas há bons e maus profissionais. Na hora do aperto, advogados são indispensáveis. Quem não tem recursos para contratar um representante legal, dispõe de assistência judiciária gratuita garantida pela Constituição Federal. Em São Paulo ela é oferecida tanto pelo Estado por meio da Defensoria Pública como pelo Departamento Jurídico do Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP), pioneiro no Estado de São Paulo ao fornecer esse serviço. O governo paulista só criaria esse atendimento em 1920, mas a regulamentação só ocorreu em 1921.
A Assistência Judiciária Acadêmica (nome original do Departamento Jurídico XI de Agosto) começou a funcionar há 99 anos para prestação de assistência judiciária gratuita à população pobre. A entidade permite a prática profissional dos estudantes enquanto presta um importante serviço para a sociedade. No início funcionou nas dependências do próprio Centro Acadêmico, que bancava o serviço. Cresceu, tornou-se uma referência; em 1947 tornou-se - Departamento Jurídico do Centro Acadêmico XI de Agosto e mudou para a Avenida Rangel Pestana. O local foi cedido pelo presidente do Centro Acadêmico, Ubirajara Keutenedjian (1923-2002), filho de industriais armênios, e que foi responsável por grandes realizações durante sua gestão. 
Em 1954, com o crescimento da demanda de atendimentos, os presidentes do Centro Acadêmico, Victor Augusto Fasano, e do Departamento Jurídico, Setembrino Viard de Campos, iniciaram uma campanha para a aquisição de sede própria. Os recursos obtidos possibilitaram a mudança para o prédio da Rua Quintino Bocaiuva. Em 1957, o Departamento conseguiu verbas da Prefeitura de São Paulo e da Ordem dos Advogados do Brasil – SP. Na gestão de 1958, tendo à frente Mário Lima, o Departamento Jurídico conseguiu recursos para a compra de dois conjuntos do Edifício Jurídico, na Praça João Mendes.
Quem quiser se aprofundar no importante desempenho social do Departamento Jurídico do Centro Acadêmico XI de Agosto tem à disposição um ótimo livro: ESCOLA DE JUSTIÇA – História e Memória do Departamento Jurídico XI de Agosto, organizado por Cássio Schubsky. Imprensa Oficial, 2010.
No dia do advogado, homenagem a Rui Barbosa (1849-1923), Heráclito Fontoura Sobral Pinto (1893-1991) e Goffredo da Silva Telles Jr. (1915-2009).

Rui, formado no Largo de S. Francisco.

Sobral Pinto, formado na Federal do Rio de Janeiro.

Goffredo da Silva Telles, Largo de S. Francisco.



sexta-feira, 10 de agosto de 2018

MINHA TERRA TEM PALMEIRAS...

Todos os brasileiros que passaram pela escola conhecem (ou deveriam conhecer) o poema em que cantam os sabiás e por isso escolhi o trecho de outra obra do poeta Antonio Gonçalves Dias (1823-1864), um romântico inveterado, que nasceu no dia 10 de agosto. 

O AMOR
"Casal na rua" (1887), Charles Angrand.

Amor! Enlevo d’alma, arroubo, encanto
Desta existência mísera, onde existes?
Fino sentir ou mágico transporte,
(O quer que seja que nos leva a extremos,
Aos quais não basta a natureza humana;)
Simpática atração d’almas sinceras
Que unidas pelo amor, no amor se apuram,
Por quem suspiro, serás nome apenas?
... 

terça-feira, 7 de agosto de 2018


AZULEJOS DA CIDADE


Azulejos da cidade,
numa parede ou num banco,
são ladrilhas da saudade
vestida de azul e branco.

É o que diz Ary dos Santos que escreveu o “Fado dos Azulejos”, com música de Martinho de Assunção. Mas o que você sabe sobre a história dos azulejos, introduzidos no Brasil pelos portugueses no período colonial? Bem, essa história começa bem mais longe da península ibérica. Na próxima sábado, 11 de agosto de 2018, às 10 horas, Edson Santana do Carmo fará uma palestra sobre “Ladrilhos Hidráulicos. Um mergulho na História. De Istambul para São Paulo.” O evento será no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, na Rua Benjamin Constant, 128 – Centro (Estação Sé do Metrô).
Após a palestra os participantes farão uma caminhada cultural até a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, culminando na Praça da Sé, Marco Zero de São Paulo.

FADO DOS AZULEJOS

Azulejos da cidade,
numa parede ou num banco,
são ladrilhas da saudade
vestida de azul e branco.
Bocados da minha vida,
todos vidrados de mágoa,
azulejos, despedida
dos meus olhos, rasos de água.”

À flor dum azulejo, uma menina;
do outro, um cão que ladra e um pastor.
Ai, moldura pequenina,
que és a banda desenhada
nas paredes do amor.

Azulejos desbotados
por quanto viram chorar.
Azulejos tão cansados
por quantos vira m passar.

Podem dizer-vos que não,
podem querer-vos maltratar:
de dentro do coração
ninguém vos pode arrancar.

À flor dum azulejo, um passarinho,
um cravo e um cavalo de brincar;
um coração com um espinho,
uma flor de azevinho
e uma cor azul luar.


À flor do azulejo, a cor do Tejo
e um barco antigo, ainda por largar.
Distância que já não vejo,
e enche Lisboa de infância,
e enche Lisboa de mar.


segunda-feira, 6 de agosto de 2018



FUNDO DO BAÚ

A descoberta, no fundo do baú, do caderno de Português das aulas de D. Zulmira, no Liceu Feminino Santista, foi bem reveladora. Como esta lição de casa. Só para matar saudade em uma segunda chuvosa do papagaio que  me acompanhou por 30 anos.

Sábado, 13 de maio de 1961.

Narração: “O pássaro”.

UM SUSTO
Chegara o dia da volta de vovó, que se encontrava viajando, fazia algum tempo.
Ia ela para casa, muito contente, sabia que em casa todos tinham ido buscá-la, com exceção da empregada, que ficara preparando o almoço.

Quando abri a porta, levei um grande susto: ouvi gritos muito esquisitos e diferentes de todos os que até então tinha ouvido.
Corri para a empregada e perguntei quem gritava daquele modo e porque ela se demonstrava tão calma. A rapariga respondeu-me, que vovó havia mandado para nossa casa quatro lindos papagaios, e eram eles que gritavam de tal modo.
Hoje ainda existe uma dessas aves palradoras em minha casa. Sempre que  a vejo, lembro-me daquele enorme susto!



domingo, 5 de agosto de 2018


DOMINGO COM ARTE

NÃO DIGAS mal de ninguém,
Que é de ti que dizer mal.
Quando dizes mal de alguém
Tudo no mundo é igual.

Fernando Pessoa:  Quadras ao gosto popular.


CAMILLE PISSARRO, "A Estrada de Versalhes para Louveciennes" (1870).

sábado, 4 de agosto de 2018

"What a wonderful world"


Um dia muito especial: em 4 de agosto nasceram o cantor americano Louis Armstrong (1901-1971) e o artista plástico e paisagista brasileiro Roberto Burle Marx (1909-1994). A data marca também um episódio importante na história portuguesa e marroquina sob aspectos diferentes. No dia 4 de agosto de 1578, Marrocos derrotou Portugal na famosa batalha de Alcácer Quibir, em que D. Sebastião (1557-1578), rei de Portugal, desapareceu.
A morte do rei lusitano gerou uma crise sucessória que causou a perda da independência do país para a Espanha de 1580 até 1640. Como o corpo do monarca não foi encontrado, logo surgiu um grupo de crentes de que o rei voltaria para Portugal e salvaria das dificuldades que surgiram após sua morte. O movimento chamado de sebastianismo é visto por alguns estudiosos como uma manifestação do sentimento nacionalista.
Fernando Pessoa escreveu sobre o sebastianismo em O ENCOBERTO (II OS AVISOS):

TERCEIRO
“SCREVO meu livro à beira-magua.
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
D. Sebastião, o Desejado.
Só tu, Senhor, me dás viver.
Só te sentir e te pensar
Meus dias vacuos enche a doura
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a Hora?

Quando virás a ser o Christo
De a quem morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?

Quando virás, ó Encoberto,
Sonho das eras portuguez,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anceio que Deus fez?
Ah, quando quererás, voltando,
Fazer minha esperança amor?
Da nevoa e da saudade quando?
Quando, meu Sonho e meu Senhor?


sexta-feira, 3 de agosto de 2018

UM MUSEU DE ARREPIAR




Embora não faça parte da USP, a Academia de Polícia Civil Coriolano Nogueira Cobra está localizada no campus Butantã, onde mantém o Museu do Crime. Esse museu é bem peculiar: registra o lado mais escuro da sociedade e o combate aos atos ilegais e condenáveis, assim como o trabalho de resgate e salvamento realizado pelas equipes especializadas da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Além do acervo de criminologia e criminalística, é possível observar a evolução dos equipamentos de comunicação e de transporte ao longo do tempo. A mostra, entretanto, não é aconselhável para menores de 16 anos, já que são apresentados vários crimes hediondos, como o do Maníaco do Parque e “Chico Picadinho”.
O CRIME DA MALA – O corpo mutilado de uma jovem de 21 anos, loira e de olhos azuis foi encontrado pela polícia dentro de uma mala despachada no Porto de Santos (SP) e embarcada no navio Massiolia para Bordeaux, na França. O comandante do navio, alertado por causa do mau cheiro que exalava da bagagem, acionou a policia e as investigações levaram ao assassino na Capital. Ele era José Pistone, italiano, 31 anos, marido da vítima, Maria Mercedes Fea.
Uma história banal que virou tragédia. O casal de imigrantes italianos enfrentava dificuldades financeiras. Durante uma discussão Pistone asfixiou Maria Mercedes com o travesseiro e, para se livrar do corpo, comprou uma mala de couro e mutilou o corpo da mulher para que coubesse dentro. Em seguida viajou de trem para Santos e na estação, alugou um caminhão para transportar o volume para o porto de onde despachou a mala para um fictício Sr. Ferrero Francesco, em Bordeaux. Em seguida, Pistone contratou por 150 mil réis um táxi para voltar a São Paulo. A tragédia de Maria Mercedes Fea foi explorada pela imprensa. O corpo foi sepultado em Santos, no Cemitério da Filosofia (Saboó) e a população da cidade se encarregou de transformar em martírio a tragédia da jovem, que estava grávida quando foi assassinada. O feto encontrado junto ao corpo teria sido abortado após a morte.  Cerca de noventa anos após o assassinato, o túmulo de Maria Fea continua sendo um dos mais visitados na época de Finados.
No Museu, é possível ter uma ideia do que a polícia encontrou ao abrir a mala despachada por Pistone.
Praça Reinaldo Porchat, 219. Funcionamento: de segunda a sexta-feira. Funcionamento: de terça a sexta-feira, das 13 às 17 horas, exceto feriados.
Ilustração: escultura do Cemitério da Consolação. HPPA.


quinta-feira, 2 de agosto de 2018

CIDADE UNIVERSITÁRIA

         Não importa se chove ou faz sol, há sempre um bom programa na Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira”. Você já viu uma garrafa de Nansen? Teve chance de observar um meteorito gigante de perto? Você sabe o que é um gnu? Em um dia é possível satisfazer a curiosidade e aprender muito mais nos museus e coleções científicas que preservam a memória da instituição. 
Um bom começo pode ser o Museu de Geociências do Instituto de Geociências com uma exposição de cinco mil peças de seu acervo de aproximadamente quinze mil amostras, divididas por categorias – gemas, minerais, rochas e espeleotemas (formações rochosas que ocorrem no interior de cavernas). Na coleção de meteoritos destaca-se o Itapuranga, terceiro maior meteorito brasileiro. Ele pesa 628 kg, tem forma irregular e foi encontrado na Fazenda Curral de Pedra a dezoito quilômetros da cidade de Itapuranga em Goiás. Rua do Lago, 562. Aberto de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12 horas e das 13h30 às 17 horas.  
No Museu Oceanográfico é onde se encontra a garrafa de Nansen, usada para coletar amostras de água do mar para análises químicas, físicas e biológicas. A missão é difundir a Oceanografia e as pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Oceanográfico/USP e dar suporte às atividades de ensino fundamental e médio do Estado de São Paulo. A exposição é dividida em módulos sobre a dinâmica e a biodiversidade dos oceanos. Aberto ao público em 1988 como Museu e Aquário, a partir de 1992 passou para a categoria de Museu Oceanográfico. Praça do Oceanográfico, 191. Funcionamento: terça a sexta-feira das 9h às 17h. Sábados e domingos das 10h às 16h.
Hora de ser apresentado a um gnu, mamífero originário da África e conhecido também como boi-cavalo. O Museu de Anatomia Veterinária “Plínio Pinto” da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/USP formou o acervo com doações, permutas, intercâmbios e trabalhos de pesquisa de pós-graduandos. São mais de mil peças representativas de animais selvagens e domésticos. A exposição reúne coleções de sete grupos de animais: Aves (coruja, arara, pinguim etc.), Bovídeos (gnu, boi etc.); Carnívoros (tigre, cães etc.); Equídeos (cavalo, jumento etc.); Primatas (homem); Suídeos (cateto, porco etc.) e Diversos (como peixes, répteis) e Mamíferos aquáticos (baleia orca e golfinho). Avenida Professor Orlando Marques de Paiva. Funcionamento: de terça a sexta-feira ‒ 9h às 17h, sábados ‒ 9h às 14h. Ingresso individual, R$ 6. Gratuito na primeira terça-feira do mês.
O Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) mantém um dos maiores acervos arqueológicos e etnográficos do Brasil desde o final do século XIX. Uma visita ao museu constitui uma viagem pela história dos povos mediterrâneos, do Oriente Médio e da América Pré-colombiana. Funciona diariamente e abre também no segundo sábado de cada mês das 10 às 16 horas. Av. Prof. Almeida Prado, 1466. Entrada gratuita.

Cidade Universitária: Avenida Afrânio Peixoto, Butantã. Acesso: Metrô Linha Quatro, Estação Butantã. Ônibus circular na saída: linhas 8012-10 e 8022-10.