OUTROS BICHOS
Em 1713, os
capuchos de São Luis do Maranhão moveram um processo contra formigas que
infestavam o convento de Santo Antonio. O professor Ronaldo Vainfas, da
Universidade Federal Fluminense, conta que o caso foi levado ao juízo
eclesiástico e contou com testemunhas. O advogado Antonio da Silva Duarte
representou as rés e até vetou algumas testemunhas. Outras em defesa das
formigas disseram que elas agiram sem malícia, por serem desprovidas de razão
“e não saberem do bem nem do mal”. Houve até quem dissesse que as rés já viviam
no local muito antes da construção do convento. Assim, deduz-se que intrusos
seriam os capuchos. Quem venceu a pendenga? O caso ficou sem conclusão, embora
tenha gerado 19 fólios (38 páginas) depois de se arrastar até 1714. Vainfas
afirma em seu artigo Brasil dos Insetos (Revista Nossa
História), que o fato mostra “outro mundo e outro tempo. Mundo encantado,
barroco, onde o real e fantástico se misturavam cotidianamente”. O realismo fantástico continua.
*Patrício
veio para o Brasil com a família real em 1808 e foi morar no Paço, sendo motivo
de inveja da Corte que não se conformava com os mimos que o Príncipe D. João
lhe dedicava. Patrício “foi um boi funcionário por muito tempo, com incontáveis
regalias, como pensionista do Tesouro Público”. O fato é narrado pelo
historiador José Vieira Fazenda em Antiquarias e memórias do Rio de
Janeiro, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro. “Como o rei apreciava aquela bela estampa de ruminante, a gente do
Paço melhor cuidava do animal tão abominado pelos colonos fartos do governo de
um rei que acreditavam de inteligência acanhado, de inaptidão e só adstrita aos
acordes do cantochão” – diz Fazenda em seu artigo. A lenda conta que, ao
morrer, o boi Patrício ganhou até epitáfio: “Aqui jaz nesta mansão/ o Patrício,
ex-funcionário/ comer era sua obrigação/ à custa do Real Erário”.
FONTE: Revista Nossa História.
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