INDIA
DOS MARAJÁS
Em
1947, às vésperas da independência, havia 565 marajás e rajás (hindus) e nawas e nizam (muçulmanos) reinando na
Índia sobre um terço do território e um quarto da população daquele país. Seus
estados não estavam sob domínio inglês. Esse grupo era formado por alguns dos
homens mais ricos do mundo, mas também incluía muitos “com rendimentos mais
modestos do que os de um mercador de bazar de Bombaim”. Se houve uma minoria
corrupta e perversa, existiu também um grande número desses príncipes que
proporcionou aos seus súditos uma vida melhor do que a dos indianos que viviam
sob domínio inglês.
A
vida de luxo extravagante desses homens acabou mexendo com o imaginário de
todos os povos por causa de escritores como Rudyard Kippling. Ainda marajá
designa os milionários excêntricos que não se restringem À Índia. No livro “Esta Noite a Liberdade”, de Lapierre e
Collins, há um capítulo dedicado às loucuras de marajás, rajás, nawas e nizam. Os autores contam que uma
pesquisa mostrara que em 1947 cada um deles possuía em média 11 títulos, cinco
mulheres, 12 filhos, nove elefantes, dois vagões de trem privativos e três
Rolls Royces. A seguir alguns fatos relatados no livro sobre a independência
indiana.
O
marajá de Baroda (ou Vadodara) tinha uma adoração fetichista por ouro e pedras
preciosas. A coleção de diamantes dele incluía a Estrela Azul, o sétimo maior diamante do mundo, que havia sido
oferecido por Napoleão III à esposa e que pertencera antes ao favorito de
Catarina da Rússia, Pontemkim. O seu tesouro incluía uma coleção de tapetes
feitos de pérolas, ornamentados com desenhos em rubis e esmeraldas.
O
elefante do marajá de Baroda usava arreios de ouro maciço: o palanquim real, a
gualdrapa (a cobertura das ancas das cavalgaduras), os braceletes das quatro
patas e as correntes que pendiam das orelhas. Mas em matéria de tapetes o
marajá de Bharatpur preferiu os dele de marfim. Cada peça levava anos para ser
concluída e a tarefa exigia o trabalho de uma família inteira. Outra família
tinha a tarefa (considerada privilégio) de tecer com fios de ouro as túnicas de
cerimônia do príncipe e para conseguir maior perfeição do tecido os tecelões
cortavam as unhas em forma de dentes de pente.
O
marajá de Kapurthala (chamada de Paris do Punjab) desfilava com o maior topázio
do mundo incrustado em seu turbante. Os tesouros de Jaipur, a cidade rosa, ficavam
enterrados perto da cidade, situada em uma colina do Rajasthan. Os herdeiros
dessa dinastia visitavam o lugar onde as riquezas eram armazenadas apenas uma
vez na vida “para escolherem as pedras que dariam um brilho especial ao seu
reinado”. A peça mais valiosa era um colar de rubis com pedras do tamanho do
coração de pombo, realçado por três esmeraldas, a maior pesando 90 k.
No
tesouro do marajá de Patiala, o destaque era uma couraça cravejada com 1.001
diamantes com reflexos azul-pálidos. Até o início do século passado,
anualmente, os marajás apresentavam-se diante do povo vestidos apenas com a
couraça e “a virilidade real em ereção”! Com essa patética aparição,
“associavam a sua pessoa à força criadora do deus Shiva, enquanto o reflexo dos
diamantes assegurava aos súditos o afastamento das forças maléficas”.
Com
o advento do automóvel, os marajás trocaram o elefante pelos carros de luxo.
Bom, luxo é pouco para o que eles fizeram. O primeiro carro chegou à Índia em
1892: um De Dion Bouton, francês,
comprado pelo marajá de Patiala. O mais interessante foi o número da matrícula
do veículo: zero!
Mas
o carro preferido desses príncipes indianos era mesmo o Rolls-Royce. O marajá de Alwar mandou fazer o dele todo chapeado a
ouro por dentro e por fora, com o volante em marfim esculpido. O de Bharatpur
era dono de um Roll-Royce de prata
maciça e, junto com o carro, circulava a lenda de que a carroçaria emanava
ondas afrodisíacas. Hum!
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