FESTA NO JOSÉ MENINO
Hoje
é dia de festa em Santos: o Orquidário Municipal completa 71 anos. O embrião do
que a prefeitura chama atualmente de parque zoobotânico foi o Parque Indígena,
criado no final do século XIX pelo comendador Júlio Conceição, um apreciador da
natureza. Ele era proprietário de uma chácara de 22.000 m² na Avenida
Conselheiro Nébias entre a praia (Avenida Vicente de Carvalho) e a Rua Embaixador
Pedro de Toledo, no Boqueirão. Ele transformou o lugar em um parque, que logo
se tornou uma grande atração da cidade.
Dois
leões de tijolo e cimento guardavam o portão de ferro da entrada (Avenida
Conselheiro Nébias) da Chácara Júlio Conceição, que mais tarde ele denominou de
Parque Indígena. Ao entrar o visitante deparava-se com três grandes pomares,
vários ripados de madeira, árvores nativas e exóticas, o Pavilhão Mira-Flores,
jardins e amplo gramado. No Pavilhão Mira-Flores havia um mostruário de flores
e plantas ornamentais, e servia também para recepções ou festas públicas. O
acesso à residência era pela Rua Embaixador Pedro de Toledo.
Em
1909 Júlio Conceição começou a formar um orquidário, com aquisições e coletas
próprias em excursões para ampliar o acervo do Parque. O lugar tornou-se um ponto turístico da cidade: Júlio Conceição fazia
questão de receber pessoas ilustres para um cafezinho ou uma pinga de boa
qualidade em seu paraíso particular. E entre os privilegiados – o presidente
Herbert Hoover, dos Estados Unidos; cardeal Cerejeira, de Portugal;
vice-presidente Roca, da Argentina e outras personalidades da Itália, Portugal,
Uruguai, França e Espanha.
Quando ele morreu, em 1938, havia
reunido 90 mil orquídeas. A Prefeitura adquiriu a coleção de orquídeas, que transferiu
para o bairro do José Menino e em 11 de novembro de 1945 inaugurou o Orquidário
Municipal, organizado, desenvolvido e dirigido por Inácio Manso Filho, o técnico
que tratava das orquídeas no Parque Indígena, que foi loteado em 1944.
O
Orquidário Municipal tem 24 mil m², cobertos por um bosque com remanescentes da
Mata Atlântica, entrecortado por jardins, um lago de 1.180 m² e um pavilhão
para exposições de orquídeas e outras plantas ornamentais. Há espaço para 400 animais, entre eles pavões, cutias, jabutis, tucanos,
araras, tartarugas, macacos e guarás. Anualmente, pássaros e aves aquáticas e
migratórias pousam por lá.
Júlio
Conceição foi comerciante, vereador, presidiu a Câmara em 21 de novembro de
1889, quando foi votada moção de solidariedade ao governo provisório do
Marechal Deodoro da Fonseca; foi presidente do Banco Mercantil e Provedor da
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia.
ESCULTURAS
Uma
das belas esculturas públicas de Santos adorna a fonte na entrada do Orquidário
Municipal. Para o visitante pode parecer o lugar ideal para uma náiade (ninfa
dos rios e das fontes, na mitologia grega); entretanto, a ninfa tem uma história
conturbada. Ela foi criada para adornar a Praça José Bonifácio, onde ficam a
Catedral e a Primeira igreja Batista de Santos. Causou escândalo entre as boas
famílias cristãs e foi um alívio quando a trocaram pelo monumento ao Soldado
Constitucionalista que, na verdade, se chama “Filhos de Bandeirantes”. A ninfa
deve ter apreciado a troca e até hoje banha-se na fonte do Orquidário.
Foto: Hilda Araújo, novembro/2016.
Os cariocas são bem mais sofisticados e não se importaram com a bela escultura em frente à Igreja de Nossa Senhora da Candelária em pose bem mais ousada. Foto: Hilda Araújo, novembro/2015. |
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