A ideia surgiu de repente, bem em frente à Associação
Atlética Portuguesa Santista: que tal caminhar até a praia tentando reencontrar
paisagens antigas? Resolvo contornar o morro do Marapé e sigo pela Rua Joaquim
Távora. Ali, ao rever a sede da Associação dos Portuários, lembro-me da
entrevista com Aguinaldo Timóteo, aproveitando o show que deveria fazer num
sábado de 1986 às 23 horas no clube; mas o astro e entourage chegaram mesmo às 3 da manhã de domingo! Ele querendo uma
exótica coxinha antes de se apresentar! A entrevista rendeu algumas pérolas do
candidato à Assembleia Constituinte.
Os chalés me despertam atenção – ainda há muitos.
Construções típicas de Santos, que aos poucos vão desaparecendo. Eles são de
madeira e, em alvenaria, apenas banheiro e cozinha. E sempre têm um quintal
simpático no entorno. Muitos foram deformados com obras de ampliação – como uma
operação plástica mal feita; outros estão abandonados; há vários em ótimas
condições.
Um desvio de percurso me leva à Rua São Judas Tadeu, onde
encontro a sede do Grêmio Recreativo Escola de Samba União Imperial, uma
entidade quarentona que resultou da união dos carnavalescos do Marapé e Vila
Mathias. E lá estão os restos de um carnaval que passou... Parece que já
começaram os ensaios para o próximo.
A Rua Nilo Peçanha tem características muito distintas: no
início, onde fica o Cemitério Memorial, está razoavelmente urbanizada; mas
alguns metros adiante torna-se bastante estreita e irregular; depois sofre uma
brusca interrupção para retornar bem adiante no ponto em que o canal aflora.
Nesse ponto, a rua está inteiramente urbanizada e muito bem conservada.
O rapaz observa a jovem
que sobe o Morro do Marapé sob o sol escaldante de terça-feira. A escadaria
da Rua Dom Duarte Leopoldo é uma das muitas que os moradores usam, embora
exista condução pela Avenida Antonio Manoel de Carvalho.
O passeio está quase chegando ao
fim: lá está a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, repleta de oferendas, pertinho
do Clube dos Ingleses onde um cartaz convida para uma noitada na BLOW UP, boate
que fez a alegria de muitas gerações santistas: "Rock is
alive". Ali pertinho abre-se o Túnel
do trem (FEPASA) que agora é do VLT. O Morro já é do José Menino. As pessoas
insistem em se arriscar e continuam fazendo as travessias proibidas. Depois se
queixam da falta de sorte... O mar é logo ali, no final da Rua Santa Catarina e
que já foi um espaço de pensões para turistas de um dia.
(Fotos: Hilda Araújo.)
Um comentário:
Belo passeio. Quanta disposição....
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