Está
cada vez mais difícil ler jornais. As boas notícias são raras e ficam
escondidas em meio às barbaridades, que se alastram em todos os níveis sociais,
e as banalidades, que proliferam sem limites. Não é culpa da mídia. Basta sair
de casa para ver como o egoísmo prolifera.
Nossa
rua de mão única, estreita e com estacionamento permitido dos dois lados, é
servida por duas linhas de ônibus. Todos os motoristas habilitados sabem que é
proibido estacionar em ponto de ônibus, mas que tal fingir que se cumpre a lei
e deixar apenas um pequeno espaço em frente ao poste ou abrigo indicativo?
Temos
um vizinho cadeirante bastante ativo. Quando ele está no ponto, o coletivo
demora mais porque o motorista tem que aproximar o veículo da calçada e fica
difícil com o espaço exíguo; depois ele desce (ou o cobrador) para abaixar a plataforma
(que deveria ser automatizada) e ajudar o cadeirante a subir porque quase
sempre fica um vão perigoso entre o meio fio e a rampa. Então começa o festival
de buzinas: motoristas irritados com a demora do ônibus que está obstruindo a
rua.
Ninguém se importa em
prestar atenção no outro. Se os motoristas respeitassem a lei, idosos, pessoas com
dificuldades motoras e cadeirantes embarcariam mais rapidamente e com
segurança; o motorista do ônibus, que tem horário a cumprir, não demoraria. Os
mal-educados, que nunca pensam no que poderia estar acontecendo à frente, claro
que irão encontrar outros motivos para buzinar, infernizando a vida de todos ao
redor.
Há outro problema que
reflete o pouco caso de empresários e administração pública pela segurança e
conforto mínimo do usuário dos transportes públicos em São Paulo. Com a “modernização”
da frota, diminuiu o número de bancos, criaram-se espaços inúteis, alguns
bancos ficam sobre degraus e há escadas entre a frente e os fundos de alguns
ônibus. Com menos bancos, mais pessoas viajam, embora a maioria vá em pé. Os
bancos altos são um obstáculo e um perigo a mais para todos, especialmente,
idosos que parecem ter uma atração especial por eles – ainda que os assentos preferenciais
estejam disponíveis e sejam adequados. O piso deveria ser plano como
antigamente. Esses problemas ocorrem em algumas linhas.
Por quê? Um mistério. Na
França, por exemplo, vi cadeirantes entrarem e saírem de coletivos sem ajuda de
ninguém, pois o sistema é automatizado Na Alemanha, Inglaterra, Itália e
Estados Unidos, para citar alguns países, não vi ônibus parar no meio da rua
para pegar passageiros. Os motoristas respeitam a proibição de estacionar em
pontos de ônibus. Todos ganham com o cumprimento da lei. Aqui... Ah! A lei, ora
a lei – já dizia Getúlio Vargas (1882-1954), o pequeno ditador.
Este veículo tem o piso plano, mas os bancos são perigosamente altos. |
Um comentário:
Você tem toda razão, Hilda. Cada um se preocupa consigo mesmo, ou com suas coisas. Civilização vai ladeira abaixo.
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