sábado, 28 de janeiro de 2017

Está cada vez mais difícil ler jornais. As boas notícias são raras e ficam escondidas em meio às barbaridades, que se alastram em todos os níveis sociais, e as banalidades, que proliferam sem limites. Não é culpa da mídia. Basta sair de casa para ver como o egoísmo prolifera.
Nossa rua de mão única, estreita e com estacionamento permitido dos dois lados, é servida por duas linhas de ônibus. Todos os motoristas habilitados sabem que é proibido estacionar em ponto de ônibus, mas que tal fingir que se cumpre a lei e deixar apenas um pequeno espaço em frente ao poste ou abrigo indicativo?
Temos um vizinho cadeirante bastante ativo. Quando ele está no ponto, o coletivo demora mais porque o motorista tem que aproximar o veículo da calçada e fica difícil com o espaço exíguo; depois ele desce (ou o cobrador) para abaixar a plataforma (que deveria ser automatizada) e ajudar o cadeirante a subir porque quase sempre fica um vão perigoso entre o meio fio e a rampa. Então começa o festival de buzinas: motoristas irritados com a demora do ônibus que está obstruindo a rua.
      Ninguém se importa em prestar atenção no outro. Se os motoristas respeitassem a lei, idosos, pessoas com dificuldades motoras e cadeirantes embarcariam mais rapidamente e com segurança; o motorista do ônibus, que tem horário a cumprir, não demoraria. Os mal-educados, que nunca pensam no que poderia estar acontecendo à frente, claro que irão encontrar outros motivos para buzinar, infernizando a vida de todos ao redor.  
      Há outro problema que reflete o pouco caso de empresários e administração pública pela segurança e conforto mínimo do usuário dos transportes públicos em São Paulo. Com a “modernização” da frota, diminuiu o número de bancos, criaram-se espaços inúteis, alguns bancos ficam sobre degraus e há escadas entre a frente e os fundos de alguns ônibus. Com menos bancos, mais pessoas viajam, embora a maioria vá em pé. Os bancos altos são um obstáculo e um perigo a mais para todos, especialmente, idosos que parecem ter uma atração especial por eles – ainda que os assentos preferenciais estejam disponíveis e sejam adequados. O piso deveria ser plano como antigamente. Esses problemas ocorrem em algumas linhas.
      Por quê? Um mistério. Na França, por exemplo, vi cadeirantes entrarem e saírem de coletivos sem ajuda de ninguém, pois o sistema é automatizado Na Alemanha, Inglaterra, Itália e Estados Unidos, para citar alguns países, não vi ônibus parar no meio da rua para pegar passageiros. Os motoristas respeitam a proibição de estacionar em pontos de ônibus. Todos ganham com o cumprimento da lei. Aqui... Ah! A lei, ora a lei – já dizia Getúlio Vargas (1882-1954), o pequeno ditador.

Este veículo tem o piso plano, mas os bancos são perigosamente altos 



Um comentário:

Nilton Tuna disse...

Você tem toda razão, Hilda. Cada um se preocupa consigo mesmo, ou com suas coisas. Civilização vai ladeira abaixo.