Neste dia tão
importante para todos nós brasileiros, lembro uma obra que desmistifica a figura
de D. Pedro I, em geral mostrado como um doidivanas, e revela a participação de
D. João VI no processo de Independência do Brasil, na qual José Bonifácio de
Andrade e Silva teve um papel fundamental com seu projeto político para um novo
país.
A obra em questão é “As quatro coroas de D. Pedro I”, escrita pelo
diplomata e historiador Sérgio Corrêa da Costa (1919-2005), infelizmente,
ignorada nas salas de aula. Correa da Costa relata como a independência
nacional foi urdida entre pai e filho, como D. Pedro se comprometera com a
questão brasileira sem perder de vista Portugal, e como ele recusou ofertas,
aparentemente, melhores mantendo-se fiel ao Brasil e a Portugal.
Em abril de 1822 os gregos, que haviam derrotado os turcos e se tornado,
recentemente, um estado independente, enviaram a Portugal o capitão Nicolau
Chiefala Greco que em audiência com o rei D. João VI ofereceu ao filho dele a
coroa de soberano da Grécia. Uma oferta que encantou os senhores da corte seriamente
preocupados com a situação na colônia, onde monarquistas, liberais e
republicanos trabalhavam pela emancipação do Brasil. Imaginavam que o jovem príncipe
D. Pedro não hesitaria em escolher a a Grécia, deixando o Brasil para a
recolonização. Imediatamente, as cartas do emissário grego foram enviadas a D.
Pedro no Rio de Janeiro. Para espanto da corte e dos gregos (mas não de D. joão VI), a oferta não balançou as convicções
do príncipe que se sentiu muito honrado ao receber no dia 13 de maio o título
de Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil.
Sobre a homenagem, disse em carta ao pai: “Honro-me e orgulho-me do título que me confere este
povo leal e generoso; mas não o posso aceitar tal como se me oferece. O
Brasil não precisa de proteção de ninguém, protege-se a si mesmo. Aceito porém
o título de Defensor Perpétuo e juro mostrar-me digno dele enquanto uma gota de
sangue correr nas minhas veias".
Com a morte de D. João VI em 1826, ele
assumiu o trono português com o nome de D. Pedro IV, porém como a sua
popularidade começou a diminuir, abdicou condicionalmente à coroa portuguesa em
favor da filha Maria da Glória.
A segunda coroa recusada por D. Pedro foi a
de Espanha, que nos anos de 1820 vivia uma grave situação política. Os liberais
espanhóis ofereceram três vezes (1826, 1829 e 1830) a coroa a D. Pedro, que
sempre a rejeitou porque tinha planos para o Brasil, mas esta é outra história
que fica para outra ocasião.
O imperador abdicou à
coroa do Brasil, em 7 de abril de 1831, em favor do filho D. Pedro de Alcântara. Motivo: sua falta de
habilidade para enfrentar os crescentes problemas políticos. Ele deixou o Brasil com destino
à Europa e mais tarde, diante da traição do irmão Miguel, nomeado regente, foi
à luta e garantiu pelas armas o trono português a D. Maria da Gloria, que assumiu
o trono como D. Maria II.
No
prefácio do livro, o diplomata Osvaldo Aranha (1894-1960) diz “Sua fidelidade à
raça de que foi símbolo e flor tornou-o indiferente às simples aventuras da
ambição. Nem a Grécia, com todo o brilho do seu passado imortal, nem a Espanha,
com o luxo da sua riquíssima tradição peninsular e ultramarina, puderam fazê-lo
desviar-se da linha instintiva: viver para o Brasil, morrer por Portugal”.
Sérgio Corrêa da Costa mostra o compromisso do imperador com o Brasil e revela os planos entre pai e filho para a nossa independência. D. João era um homem apaixonado por estas terras e D. Pedro não foi um filho rebelde.
Sérgio Corrêa da Costa mostra o compromisso do imperador com o Brasil e revela os planos entre pai e filho para a nossa independência. D. João era um homem apaixonado por estas terras e D. Pedro não foi um filho rebelde.
Um comentário:
São importantíssimas outras vertentes da nossa história. Muito esclarecedora. Filmes e minisséries tentaram revelar esse perfil do imperador, homem generoso, dedicado ao povo do Brasil.
Adoro, ler sempre sobre os monarcas.
Texto ótimo! Parabéns!!!!
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