sábado, 7 de setembro de 2019

D. PEDRO I: COMPROMISSO COM O BRASIL.


Neste dia tão importante para todos nós brasileiros, lembro uma obra que desmistifica a figura de D. Pedro I, em geral mostrado como um doidivanas, e revela a participação de D. João VI no processo de Independência do Brasil, na qual José Bonifácio de Andrade e Silva teve um papel fundamental com seu projeto político para um novo país.
          A obra em questão é “As quatro coroas de D. Pedro I”, escrita pelo diplomata e historiador Sérgio Corrêa da Costa (1919-2005), infelizmente, ignorada nas salas de aula. Correa da Costa relata como a independência nacional foi urdida entre pai e filho, como D. Pedro se comprometera com a questão brasileira sem perder de vista Portugal, e como ele recusou ofertas, aparentemente, melhores mantendo-se fiel ao Brasil e a Portugal.
Em abril de 1822 os gregos, que haviam derrotado os turcos e se tornado, recentemente, um estado independente, enviaram a Portugal o capitão Nicolau Chiefala Greco que em audiência com o rei D. João VI ofereceu ao filho dele a coroa de soberano da Grécia. Uma oferta que encantou os senhores da corte seriamente preocupados com a situação na colônia, onde monarquistas, liberais e republicanos trabalhavam pela emancipação do Brasil. Imaginavam que o jovem príncipe D. Pedro não hesitaria em escolher a a Grécia, deixando o Brasil para a recolonização. Imediatamente, as cartas do emissário grego foram enviadas a D. Pedro no Rio de Janeiro. Para espanto da corte e dos gregos (mas não de D. joão VI), a oferta não balançou as convicções do príncipe que se sentiu muito honrado ao receber no dia 13 de maio o título de Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil.
Sobre a homenagem, disse em carta ao pai: “Honro-me e orgulho-me do título que me confere este povo leal e generoso; mas não o posso aceitar tal como se me oferece. O Brasil não precisa de proteção de ninguém, protege-se a si mesmo. Aceito porém o título de Defensor Perpétuo e juro mostrar-me digno dele enquanto uma gota de sangue correr nas minhas veias".
Com a morte de D. João VI em 1826, ele assumiu o trono português com o nome de D. Pedro IV, porém como a sua popularidade começou a diminuir, abdicou condicionalmente à coroa portuguesa em favor da filha Maria da Glória.
A segunda coroa recusada por D. Pedro foi a de Espanha, que nos anos de 1820 vivia uma grave situação política. Os liberais espanhóis ofereceram três vezes (1826, 1829 e 1830) a coroa a D. Pedro, que sempre a rejeitou porque tinha planos para o Brasil, mas esta é outra história que fica para outra ocasião.
O imperador abdicou à coroa do Brasil, em 7 de abril de 1831, em favor do filho D. Pedro de Alcântara. Motivo: sua falta de habilidade para enfrentar os crescentes problemas políticos. Ele deixou o Brasil com destino à Europa e mais tarde, diante da traição do irmão Miguel, nomeado regente, foi à luta e garantiu pelas armas o trono português a D. Maria da Gloria, que assumiu o trono como D. Maria II.
No prefácio do livro, o diplomata Osvaldo Aranha (1894-1960) diz “Sua fidelidade à raça de que foi símbolo e flor tornou-o indiferente às simples aventuras da ambição. Nem a Grécia, com todo o brilho do seu passado imortal, nem a Espanha, com o luxo da sua riquíssima tradição peninsular e ultramarina, puderam fazê-lo desviar-se da linha instintiva: viver para o Brasil, morrer por Portugal”. 
Sérgio Corrêa da Costa mostra o compromisso do imperador com o Brasil e revela os planos entre pai e filho para a nossa independência. D. João era um homem apaixonado por estas terras e D. Pedro não foi um filho rebelde.


Um comentário:

Unknown disse...

São importantíssimas outras vertentes da nossa história. Muito esclarecedora. Filmes e minisséries tentaram revelar esse perfil do imperador, homem generoso, dedicado ao povo do Brasil.
Adoro, ler sempre sobre os monarcas.
Texto ótimo! Parabéns!!!!