Há duas ótimas exposições sobre fotografia
jornalística na cidade. Um homem e uma mulher, tempos e lugares distintos;
trabalhos absolutamente diferentes. Um cheio de luz e sorrisos. Outro sombrio,
dramático e que nos faz refletir sobre a condição humana.
A mostra do Centro Cultural da FIESP reúne trabalhos do fotógrafo Kurt
Klagsbrunn (1918-2005). De origem austríaca, veio para o Brasil com a família
em 1939 após a anexação da Áustria por Hitler. A família se estabeleceu em
Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Sem poder continuar os estudos, Kurt escolheu a
fotografia como meio de vida. Colaborou com grandes revistas nacionais e
internacionais, circulou pelos meios estudantis, políticos e artísticos registrando momentos marcantes do país.
Cada foto mais reveladora do que a outra. Que tal a foto do cardeal
arcebispo do Rio de Janeiro, D. Jayme de Barros Câmara (1894-1971), todo
paramentado posando para o pintor Serge Ivanoff (1893-1983) em 1947? Ou Heitor
dos Prazeres (1898-1966) pintando em seu ateliê na década de 1940? Há ainda o
escritor Orígenes Lessa (1903-1986) em animado papo com Jean Manzon (1915-1990)
em 1947 e a jovem Cecília Meireles (1901-1964) trabalhando em sua biblioteca em
1949. Se a escritora Tetrá de Teffé (?) em um vestido de bolinhas prefere
trabalhar no chão do seu gabinete, Luz del Fuego dispensava a roupa para o
trabalho no palco, usando apenas o cabelo para proteger o corpo...
“Kurt Klagsbrunn. Faces da
Cultura, Retratos de um tempo” pode ser visitada até 15 de dezembro de 2019.
Avenida Paulista, 1313. Estação Trianon-Masp do Metrô.
A segunda exposição apresenta fotos da jornalista italiana Letizia Battaglia (1935),
a
primeira repórter fotográfica da Itália a cobrir o noticiário policial. Ela se
notabilizou pela cobertura da guerra contra a Máfia em Palermo, Sicilia,
entre os anos de 1970 e 1992. Muitas fotos desse período estão na mostra do
Instituto Moreira Salles. São fotos de denúncia, muitas brutais, com cadáveres explícitos. Quando o
tema não é a ação criminosa dos mafiosos, ela trata das questões sociais com o mesmo
realismo.
Não há lugar para muitos sorrisos em suas fotos, mas há momentos amenos. Letizia Battaglia recebeu vários prêmios: W. Eugene
Smith for Humanistic Photography em 1985, Erich-Salomon Preis, em 2007 e o Cornell
Capa Infinity Award, em 2009.
Namorados tristes: festa de Ano Novo na Villa Airoldi, Palermo, 1985. |
O sorvete para a festa de São Sebastião, Mistretta, 1983. |
LETIZIA BATTAGLIA PALERMO: Instituto Moreira Salles SP: Avenida Paulista, 2424. Até 22 de setembro de 2019. Estação Consolação do Metrô.
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