sexta-feira, 13 de setembro de 2019

FOTOJORNALISMO

Há duas ótimas exposições sobre fotografia jornalística na cidade. Um homem e uma mulher, tempos e lugares distintos; trabalhos absolutamente diferentes. Um cheio de luz e sorrisos. Outro sombrio, dramático e que nos faz refletir sobre a condição humana.  

A mostra do Centro Cultural da FIESP reúne trabalhos do fotógrafo Kurt Klagsbrunn (1918-2005). De origem austríaca, veio para o Brasil com a família em 1939 após a anexação da Áustria por Hitler. A família se estabeleceu em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Sem poder continuar os estudos, Kurt escolheu a fotografia como meio de vida. Colaborou com grandes revistas nacionais e internacionais, circulou pelos meios estudantis, políticos e artísticos registrando momentos marcantes do país.
Cada foto mais reveladora do que a outra. Que tal a foto do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, D. Jayme de Barros Câmara (1894-1971), todo paramentado posando para o pintor Serge Ivanoff (1893-1983) em 1947? Ou Heitor dos Prazeres (1898-1966) pintando em seu ateliê na década de 1940? Há ainda o escritor Orígenes Lessa (1903-1986) em animado papo com Jean Manzon (1915-1990) em 1947 e a jovem Cecília Meireles (1901-1964) trabalhando em sua biblioteca em 1949. Se a escritora Tetrá de Teffé (?) em um vestido de bolinhas prefere trabalhar no chão do seu gabinete, Luz del Fuego dispensava a roupa para o trabalho no palco, usando apenas o cabelo para proteger o corpo...



“Kurt Klagsbrunn. Faces da Cultura, Retratos de um tempo” pode ser visitada até 15 de dezembro de 2019. Avenida Paulista, 1313. Estação Trianon-Masp do Metrô.

A segunda exposição apresenta fotos da jornalista italiana Letizia Battaglia (1935), a primeira repórter fotográfica da Itália a cobrir o noticiário policial. Ela se notabilizou pela cobertura da guerra contra a Máfia em Palermo, Sicilia, entre os anos de 1970 e 1992. Muitas fotos desse período estão na mostra do Instituto Moreira Salles. São fotos de denúncia, muitas brutais, com cadáveres explícitos. Quando o tema não é a ação criminosa dos mafiosos, ela trata das questões sociais com o mesmo realismo.
Não há lugar para muitos sorrisos em suas fotos, mas há momentos amenos. Letizia Battaglia recebeu vários prêmios: W. Eugene Smith for Humanistic Photography em 1985, Erich-Salomon Preis, em 2007 e o Cornell Capa Infinity Award, em 2009.


Namorados tristes: festa de Ano Novo na Villa Airoldi, Palermo, 1985.

O sorvete para a festa de São Sebastião, Mistretta, 1983.
LETIZIA BATTAGLIA PALERMO: Instituto Moreira Salles SP: Avenida Paulista, 2424. Até 22 de setembro de 2019. Estação Consolação do Metrô.

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