Foto de Kurt Klagsbrunn, 1954. Mostra do IMS. |
A senhora muito
elegante em seu vestido de bolinha está no chão, apoiada no braço esquerdo e
com o direito parece folhear livros e gravuras que se espalham sobre o tapete
antigo. O rosto não demonstra surpresa por ter sido surpreendida pelo fotógrafo
na intimidade de seu gabinete de trabalho em 1954 tampouco parece que tenha
posado deliberadamente para a fotografia. A legenda a identifica apenas como
Tetrá de Teffé. Muito pouco para essa mulher que foi cronista na imprensa
carioca e ganhou o Prêmio Machado de
Assis da Academia Brasileira de Letras em 1941.
O nome verdadeiro de Tetrá era Tetrazzini. Paulista de família
tradicional, era irmã de Ibrahim Nobre, o tribuno do Movimento
Constitucionalista de 1932. Casou-se com Álvaro de Teffé Von Hoonholtz (1898-?),
oficial de Registro de Títulos e mais tarde ministro chefe da Casa Civil do
ditador Getúlio Vargas. Tetrá circulava em festas e participava ativamente de
atividades culturais da cidade enquanto colaborava com vários periódicos. Entre
eles a REVISTA WALKYRIA, criada pela escritora Jenny Pimentel, outra sumida.
Em 1936, lançou seu primeiro livro, “Palco Giratório”, coletânea das
crônicas publicadas na imprensa e, incentivada pelos amigos, escreveu o romance
“Bati à porta da vida”, muito elogiado tanto pelos críticos do JORNAL DO BRASIL
quanto pelo JORNAL DO COMMERCIO. Para Filinto de Almeida, da Academia
Brasileira de Letras “Tetrá de Teffe esculpiu em mármore os imperecíveis perfis
de quatro mulheres, e os lançou com mão de metres, sem os fragmentar, no
turbilhão da vida hodierna”.
No dia 28 de junho de 1942, em sua sessão semanal, o presidente da
Academia Brasileira de Letras, José Carlos de Macedo Soares (1883-1968),
divulgou o nome dos escritores premiados pela entidade naquele ano. O 1º prêmio
(10:000$000) foi para Menotti Del Picchia, autor do romance “Salomé”; Alphonsus
Guimarães recebeu o Prêmio Olavo Bilac
pelo livro “Lume de Estrelas”; Tetrá de Teffé ganhou o Prêmio Machado de Assis por seu romance “Bati à porta a vida” e
Paulo Oliveira Lima foi agraciado com o Prêmio
Coelho Neto por seu livro de contos e novelas, “Ibraim”.
Tetrá de Almeida Nobre de
Teffé escreveu ainda “Morrer para renascer” (1955) e “Barão de Teffé Militar e Cientista: Biografia do Almirante Antonio Luiz
Von Hoonholtz”.
Curioso esse desaparecimento de pessoas que tiveram relevância no
panorama cultural do país em determinado momento. A Estante Virtual ainda tem
alguns títulos à venda. Descobrir mais sobre ela foi um trabalho de vários dias
percorrendo páginas de jornais cariocas da época. Um trabalho de paciência, mas
muito prazeroso.
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