“Senhoras e
Senhores, boa noite.” Assim, um entediado jornalista (Marcello Mastroianni) abre
o noticiário noturno do canal de TV onde trabalha. As reportagens variam
bastante: sobre a “mãe do ano”, escolhida pelo padre de uma paróquia da cidade;
a eleição de um novo papa; as angústias de um militar antes da cerimônia em que
receberá uma medalha e a entrevista com um político que defende uma “modesta
proposta” para o controle de natalidade ‒ na verdade baseada na obra satírica do irlandês Jonathan Swift (1667-1745).
O filme, lançado em
1976, continua ótimo. Ele funciona exatamente como um programa de TV e cada
reportagem foi dirigida por mestres do cinema italiano: Ettore Scola, Luigi
Magni, Mario Monicelli, Nanni Loy. O elenco não poderia ser melhor: Mastroianni,
Ugo Tognazzi, Nino Manfredi, Vittorio Gassman, Adolfo Celli e Senta Berger. O único episódio
em que não motivo algum para rir é sobre a “mãe do ano”, cuja realidade forjada
na miséria é usada com indiferença pela Igreja. Todos os demais nos fazem rir e meditar sobre a sociedade e as lideranças que a manipulam desde sempre.
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