quarta-feira, 8 de julho de 2020

COMÉDIA COM SABOR AMARGO

“Senhoras e Senhores, boa noite.” Assim, um entediado jornalista (Marcello Mastroianni) abre o noticiário noturno do canal de TV onde trabalha. As reportagens variam bastante: sobre a “mãe do ano”, escolhida pelo padre de uma paróquia da cidade; a eleição de um novo papa; as angústias de um militar antes da cerimônia em que receberá uma medalha e a entrevista com um político que defende uma “modesta proposta” para o controle de natalidade ‒ na verdade baseada na obra satírica do irlandês Jonathan Swift (1667-1745).
       O filme, lançado em 1976, continua ótimo. Ele funciona exatamente como um programa de TV e cada reportagem foi dirigida por mestres do cinema italiano: Ettore Scola, Luigi Magni, Mario Monicelli, Nanni Loy. O elenco não poderia ser melhor: Mastroianni, Ugo Tognazzi, Nino Manfredi, Vittorio Gassman, Adolfo Celli e Senta Berger. O único episódio em que não motivo algum para rir é sobre a “mãe do ano”, cuja realidade forjada na miséria é usada com indiferença pela Igreja. Todos os demais nos fazem rir e meditar sobre a sociedade e as lideranças que a manipulam desde sempre.


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