sexta-feira, 31 de julho de 2020

O PEQUENO PRÍNCIPE

Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe, conde de Saint-Exupéry, foi uma pessoa com espírito aventureiro e vários talentos ‒ escritor, ilustrador e piloto. Nasceu na época certa, quando se iniciava a aviação e toda uma geração de homens e mulheres se pôs a bordo de máquinas incrivelmente canhestras para a conquista dos ares. Era o tempo da quebra de recordes de distâncias, de viagens ousadas que os transformavam em heróis aplaudidos por multidões encantadas por seus feitos.     

Antoine de Saint-Exupéry estudou na França e na Suíça; depois de ter sido reprovado nas provas para a Escola Naval, ingressou no 2º Regimento de Aviação de Estrasburgo aos 21 anos para prestar o serviço militar e obteve o brevê em Rabat, Marrocos.

Já estava com 26 anos quando iniciou sua carreira como piloto civil, fazendo a linha Toulouse, Casablanca e Dakar. Em 1926 a revista de literatura e de cultura geral Le Navire d’Argent publicou a novela “O Aviador”, em que Exupéry descreve o fascinante mundo dos aviadores e reflete sobre a condição humana.

        Quando comandava um posto em Cabo Juby, em Marrocos, recebeu o cognome de “senhor das areias”. Nesse período escreveu o romance “Correio do Sul” (1929). Foi ainda em 1929 que passou a fazer rotas mais longas e foi incluído na equipe de pilotos baseados na América do Sul. Coube a ele a rota Buenos Aires ‒ Rio de Janeiro da Aero Postale, com escalas em cidades do sul do Brasil. Deixou marcas em Florianópolis (SC), onde se tornou popular, especialmente, na praia do Campeche. Mas a pronúncia de seu nome era um problema e ele acabou conhecido como “Zeperri”. Não é por acaso que há tantos lugares com referências ao Pequeno Príncipe.

        Ele retornou à Europa em 1931. Em 1935 participava com André Prévot da corrida aérea Paris-Saigon (atual Ho Chi Minh, Vietnã) quando sofreu um acidente sobrevoando o deserto do Saara à noite. Embora tenham saído ilesos, passaram quatro solitários dias à espera de resgate.  

     Em 1939 publicou novo livro ‒ “Terra dos Homens”. Quando a II Guerra (1939-1945) começou, retomou a carreira militar e quando os alemães ocuparam a França, foi para os Estados Unidos de onde voltou para engajar-se nas Forças Francesas Livres, comandadas pelo general Charles De Gaulle. Era o piloto mais velho em ação. Durante essa época turbulenta ele escreveu quatro livros, inclusive sua obra mais popular, “O Pequeno Príncipe” (1943).  Os outros foram: “Piloto de Guerra” (1942), “Carta a um refém” (1943) e “Cidadela”, publicada postumamente.

        No dia 31 de julho de 1944, às 8h45, Saint-Exupéry partiu de uma base aérea na Córsega, Mediterrâneo, com a missão de reconhecimento na França ocupada. Ele pilotava um Lockheed P-38 e seu retorno estava previsto para a meia-noite e meia, mas após uma espera vã de três horas, foi dado como desaparecido. Saint-Exupéry transformou-se em uma lenda.

        Em 1988, um pescador na costa de Marselha encontrou em sua rede o bracelete de prata de identificação do piloto. Em 2004 os destroços do avião foram recuperados na costa da cidade francesa, solucionando o mistério da morte de Saint-Exupéry. O piloto cumpriu a missão e no retorno à base encontrou a morte.

        De acordo com a jornalista Stacy Schiff (The New York Times, 2004), na década de 1930, perguntaram ao piloto e escritor que tipo de morte preferia e ele teria escolhido a água: “Você não sente que está morrendo. Simplesmente sente que está caindo no sono e começando a sonhar." Será?

        Nunca li os livros de Saint-Exupéry, nem mesmo “O Pequeno Príncipe” (vendeu mais de 80 milhões de cópias), mas admiro o aventureiro e o piloto...  


2 comentários:

Nilton Tuna disse...

Acho que você deveria ler. Inclusive o Pequeno Príncipe, nem que seja só pelas ilustrações. Beijos

Hilda Araújo disse...

Obrigada, Nilton. Vou anexar à lista da qual faz parte "O voo noturno". Beijos.