Percenillo Francisco dos
Santos, de 14 anos, começou a década de 1920 no minguado noticiário policial da
cidade de Santos. O adolescente, que morava na Avenida Conselheiro Nébias, 20,
conseguira emprego em uma quitanda da Travessa do Rosário. Quando Palmira –
dona do estabelecimento – saiu por alguns momentos, ele aproveitou para
surrupiar 60$000 da gaveta e correu para o Belchior, localizado na mesma rua.
Ali, ele fez a festa, ou melhor, as compras de fim de ano (e de carreira).
Percenillo comprou um tambor de tamanho médio, um par de perneiras, quepe,
corrente de prata, relógio de metal ordinário e uma bola de futebol. O fato
publicado no jornal A TRIBUNA (janeiro de
1921) mostra uma justiça rápida e eficiente: Dona Palmira ao descobrir o roubo,
foi à polícia, que localizou o ladrão esbanjador. O Belchior recuperou as mercadorias
e a vítima recebeu o dinheiro roubado. Nenhuma informação sobre o destino do
adolescente.
O santista aproveitou bem o feriado de Ano Novo. No primeiro dia de janeiro de 1921, estava em cartaz no Teatro Guarany o filme “A casa misteriosa”. O programa incluía ainda “O Intolerável”, comédia em dois atos. Tom Mix (1880-1940) era o cartaz do Cine Polytheama. Os preços variavam: frisas, 5$000; varanda, 1$500; cadeira, 1$000 e crianças, $500. “O selo (fica) a cargo do público.” Curioso mesmo é o filme “Castidade” que, conforme o anúncio em A TRIBUNA, mostra “o nu purificado... e apresentado numa genuína e elevada expressão de arte”. A estrela é Audrey Munson (1891-1996), conhecida como a Vênus americana, Miss Manhattan, "Panama-Pacific Girl" e ainda a "Exposition Girl". Uma foto mostra a lânguida Audrey Munson coberta por um véu diáfano sobre um corpo esbelto. O filme que deve ter mexido com a imaginação do público estava em cartaz no Teatro Coliseu.
Foi notícia também naquele longínquo janeiro a cerimônia no Teatro Guarany formatura dos aprovados nas provas públicas dos concursos de datilografia e taquigrafia. O paraninfo da turma foi o coronel Joaquim Montenegro, que fazia parte da administração da cidade. Há cem anos saber datilografar era um requisito essencial para todos que desejavam trabalhar em escritórios. (A TRIBUNA,15/1/1921).
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