sexta-feira, 23 de julho de 2021

LÚCIA BENEDETTI

 

É interessante observar como alguns escritores desaparecem completamente do cenário literário. Não se trata aqui de maus escritores. Caso da escritora Pearl S. Buck (1892-1973), ganhadora de um Prêmio Pulitzer de Ficção de 1932, recebeu o Nobel de Literatura de 1938. Havia algum tempo buscava em vão Três Soldados (1955), livro da escritora brasileira Lúcia Benedetti, que ela publicou (antes ou depois) em capítulos na revista O Cruzeiro, nos anos. Lúcia foi quem lançou as bases do teatro infantil no Brasil, com a sua peça O Casaco encantado, encenada pela primeira vez em 1948. Prêmios não lhe faltam no currículo.  

Vi um exemplar em uma exposição na ECA/USP ainda nos anos de 1990. Como Lúcia nasceu em Mococa (SP), cheguei até a incomodar um amigo conterrâneo dela, mas fiquei sabendo que – como eu – ele nasceu em Mococa e cresceu em outra cidade.  

Depois de muita procura, encontrei o romance em um sebo em Cerqueira César. Liguei, confirmei a existência da preciosidade, pedi que reservassem e fui lá buscar. Para minha surpresa era um gibi (Editora Brasil América) que acabei comprando. Enfim, tempos depois consegui o livro em um sebo especializado em obras raras.

Lúcia Benedetti (1914-1998) foi romancista, cronista e dramaturga, além de se dedicar à literatura infantil. A família radicou-se em Niterói, onde ela se formou em direito. Desde cedo começou a escrever e a colaborar com jornais, embora exercesse o magistério por opção.

No inicio dos anos 30, ela escrevia no jornal A Noite, do Rio de Janeiro, as experiências vividas em sala de aula em uma coluna intitulada Diário de uma professorinha. Lúcia conheceu no diário carioca o escritor, jornalista e dramaturgo Magalhães Júnior com quem se casou. Em 1942, Magalhães Júnior foi trabalhar no Escritório de Assuntos Interamericanos e o casal mudou para os Estados Unidos. Lúcia trabalhou como correspondente para jornais brasileiros e escreveu seu primeiro romance – Chico vira bicho e outras histórias – em colaboração com o marido. Mas sua estreia solo foi com o romance Entrada de Serviço (1942).

Havia algum tempo que não me lembrava do assunto, quando resolvi ler sobre a ópera infantil de Villa-Lobos antes de ir assistir A Menina das Nuvens, no Teatro Municipal de São Paulo. Minha vez de cair das nuvens. O libreto é de autoria de Lúcia Benedetti! Uma faceta para mim desconhecida da escritora. 

O espetáculo foi um encantamento para a apreciadora de uma boa ópera: bela música, um texto inteligente, elegante e bem humorado, figurinos e cenários criativos e, claro, vozes muito bonitas. Um dó que houvesse tão poucas crianças na plateia.

Nenhum comentário: