É
interessante observar como alguns escritores desaparecem completamente do
cenário literário. Não se trata aqui de maus escritores. Caso da escritora Pearl S. Buck (1892-1973),
ganhadora de um Prêmio Pulitzer de Ficção de 1932,
recebeu o Nobel de Literatura de 1938. Havia algum tempo buscava em vão Três Soldados (1955), livro da escritora
brasileira Lúcia Benedetti, que ela publicou (antes ou depois) em capítulos na
revista O Cruzeiro, nos anos. Lúcia
foi quem lançou as bases do teatro infantil no Brasil, com a sua peça O Casaco encantado, encenada pela primeira vez em 1948. Prêmios não lhe
faltam no currículo.
Vi um exemplar em uma exposição na ECA/USP ainda nos anos de 1990. Como Lúcia nasceu em Mococa (SP), cheguei até a incomodar um amigo conterrâneo dela, mas fiquei sabendo que – como eu – ele nasceu em Mococa e cresceu em outra cidade.
Depois de muita procura, encontrei o romance em um sebo em Cerqueira César. Liguei, confirmei a existência da preciosidade, pedi que reservassem e fui lá buscar. Para minha surpresa era um gibi (Editora Brasil América) que acabei comprando. Enfim, tempos depois consegui o livro em um sebo especializado em obras raras.Lúcia Benedetti (1914-1998) foi romancista, cronista e
dramaturga, além de se dedicar à literatura infantil. A família radicou-se em Niterói, onde ela se formou em
direito. Desde cedo começou a escrever e a colaborar com jornais, embora
exercesse o magistério por opção.
No
inicio dos anos 30, ela escrevia no jornal A
Noite, do Rio de Janeiro, as experiências vividas em sala de aula em uma
coluna intitulada Diário de uma professorinha.
Lúcia conheceu no diário carioca o escritor, jornalista e dramaturgo Magalhães
Júnior com quem se casou. Em 1942, Magalhães Júnior foi trabalhar no Escritório
de Assuntos Interamericanos e o casal mudou para os Estados Unidos. Lúcia
trabalhou como correspondente para jornais brasileiros e escreveu seu primeiro
romance – Chico vira bicho e outras
histórias – em colaboração com o marido. Mas sua estreia solo foi com o
romance Entrada de Serviço (1942).
Havia
algum tempo que não me lembrava do assunto, quando resolvi ler sobre a ópera
infantil de Villa-Lobos antes de ir assistir A Menina das Nuvens, no Teatro Municipal de São Paulo. Minha vez de
cair das nuvens. O libreto é de autoria de Lúcia Benedetti! Uma faceta para mim
desconhecida da escritora.
O espetáculo foi um encantamento para a apreciadora de uma boa ópera: bela música, um texto inteligente, elegante e bem humorado, figurinos e cenários criativos e, claro, vozes muito bonitas. Um dó que houvesse tão poucas crianças na plateia.
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