quinta-feira, 24 de novembro de 2022

NOBEL DE LITERATURA

 

De 1901, quando foi criado, até este ano foram atribuídos 119 prêmios Nobel de Literatura. O prêmio só não foi concedido em 1914, 1918, 1935 e de 1940 a 1943. O país com o maior número de laureados é a França (16), seguindo-se os Estados Unidos com doze e o Reino Unido com onze. O único escritor de língua portuguesa na lista é José Saramago (1998). Gabriela Mistral (1954), Pablo Neruda (1971), Gabriel Garcia Marques (1982) e Mario Vargas Llosa (2010) são os sul-americanos agraciados.

O escritor Juan Marsé (1933-2020) dizia que “do ponto de vista estritamente literário, os prêmios não servem para nada, não ajudam a escrever melhor nem nada disso, mas servem para difundir e vender mais livros, o que não é pouco”. Marsé, que nasceu em Barcelona, não ganhou Nobel, mas outros prêmios, como o Cervantes. E pode-se acrescentar que a premiação também não garante imortalidade (assim como as academias de letras cheias de imortais mortais). Autores como Kipling (1865-1907), Yeats (1865-1939), Bernard Shaw (1856-1950), Henry Bergson (1856-1941), Thomas Mann (1875-1955). Eugene O’Neal (1888-1953), Hermann Hesse (1877-1962), T. S. Elliot (1889-1965), Winston Churchill (1874-1965) e Albert Camus (1913-1960) e Boris Pasternak (1890-1960) – só para citar ganhadores da primeira metade do século passado – não precisavam do prêmio para ter suas obras lidas e citadas até hoje.

Dos escritores relacionados, só não li Yeats e Boris Pasternak; Camus e Thomas Mann são os meus preferidos; de Churchill consulto frequentemente a obra sobre a “Segunda Guerra Mundial” e “História dos Povos de Língua Inglesa”. Na adolescência li vários livros da americana Pearl Buck (1892-1973), muitos dos quais traduzidos por Raquel de Queirós.

Nieto também trata do sucesso que, segundo ele, tanto pode significar brilhar como aparecer “nos jornais, na TV, comparecer a coquetéis, lançamentos de livros ou recepções magníficas, fazer vida mundana”. E cita Jorge Luís Borges: "O sucesso é algo tão efêmero... Em 1910 acreditava-se que o melhor escritor da literatura francesa, isto é da universal (pois assim era medida então), era Anatole France. Atualmente, isso pareceria uma ironia um tanto rude, mas naquela época era considerado tão grande quanto Voltaire”.

“O livro convida-nos ao desconsolo pela amargura ou doçura que num momento dado reflete nossa vida. Mas num sentido mais geral, o leitor que escolhe uma obra determinada, e dela se imbui, está fazendo, como aconteceu previamente ao autor, um exercício de liberdade. E isto não acontece apenas com a literatura, mas com a arte em geral. O simples fato de contemplar um quadro, ouvir uma sinfonia, de assistir a uma representação dramática, de ler um romance, supõe um deslocamento para outras coordenadas, diferentes daquelas em que se desenvolve nossa vida.” Escritor espanhol Ramón Nieto (1934).

A leitura e a literatura são necessidades universais que devem ser satisfeitas "sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo elas nos organizam, nos libertam do caos e portanto nos humanizam", encerrando com Antonio Cândido de Mello e Souza (1918-2017). 

Ah! A vencedora do Nobel de Literatura deste ano, a escritora francesa Annie Ernaux (1940), receberá US 900 mil dólares "pela coragem e acuidade clínica com que desvenda as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal". Sábado estará na Flip, em Parati, Rio de Janeiro.(Fotos: Hilda Araújo.)

Biblioteca Parque Villa-Lobos, São Paulo.

Biblioteca de Liverpool, Inglaterra, 2015.


20ª Festa Literária Internacional de Paraty — de 23 a 27 de novembro de 2022.

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