Leio
em algum lugar que a prefeitura de Santos aprovou a construção de duas torres
de 155 metros de altura – 45 andares, na Ponta da Praia. O lançamento depende
do aval da Justiça. Mais uma aberração na orla santista. Considero uma
competição estúpida essa de ter o maior prédio da cidade, da região, do Estado,
do Brasil ou de qualquer outro lugar... O único benefício é dos poucos (milionários)
moradores que terão uma vista panorâmica da costa.
Coisa de gente imatura, ansiosa por aparecer. Sugiro que coloquem no cartão de visitas, “a maior torre do pedaço”, como referência após o endereço.
Desde
que iniciei minhas caminhadas diárias por São Paulo tenho procurado entender
melhor as cidades, lendo sobre arquitetura e urbanismo, e gostei muito das lições
do arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl (1936). “Da rua temos dificuldade
para perceber eventos que ocorrem nos andares mais altos” – ele nos explica. “Quanto
mais alto, maior a dificuldade de enxergar. Temos de recuar cada vez mais para ver,
as distâncias se tornam cada vez maiores e o que vemos e percebemos diminui.
Gritos e gestos não ajudam muito. De fato, a conexão entre o plano das ruas e
os edifícios altos efetivamente se perde depois do quinto andar”. Talvez
deva-se incluir privacidade aos benefícios que as torres oferecem. Os moradores
da torre estarão interessados em se conectar com pedestres ou residentes em
prédios de míseros 25 andares? Não sei. Desfrutarão melhor a visão da
futura torre os trabalhadores marítimos nos navios que aguardam na barra a vez
para atracar no Porto de Santos.
“Olhar
para baixo é bem mais simples, mas olhar para cima é outra história:
precisamos, literalmente, esticar o pescoço”, explica Jan Gehl.
(Na falta de fotos dos prédios da orla santista, selecionei uma do bairro do José Menino e outra panorâmica tirada do Monte Serrat.)
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