Em
casa faziam-se as compras da mercearia e da farmácia por telefone. Isso em
meados do século passado, época em que o cartão de crédito era a caderneta,
onde o comerciante anotava os valores e enviava um papel para o cliente
acompanhar os gastos. No fim do mês, acervam-se as contas. Agora, em tempos de
internet e celular, tudo está disponível on line. Você só precisa sair
da poltrona para receber a encomenda. Quem nunca usou o sistema, foi impelido
pela pandemia a adotar o tal delivery. Acho que me enganei quando achei que se
entregava de tudo em domicílio, pois não conhecia a aventura comercial de Monsieur
Villete, um parisiense que em 1819 implantou em Paris uma inovação alemã: “bain
à domicilie”. A empresa entregava em casa ou apartamento do interessado
todo o equipamento necessário para o banho – banheira, roupão e um lençol, água
quente, morna ou fria, como desejado. Após o banho tudo era levado embora e a
água servida, geralmente, era escoada por uma mangueira da banheira até a
sarjeta. M. Villete se comprometia a atender tanto quem morava em casa como em
apartamento, mesmo no último andar do prédio! (Imagino a vizinhança!) Não devia
ser um serviço barato e mesmo assim em 1838, quando Paris tinha mais de um
milhão de habitantes, somente mil pessoas encomendaram os banhos domiciliares.
É bom lembrar que havia as casas de banho públicas para quem fizesse muita questão de limpeza. “Cada um tem suas próprias regras para o banho: alguns tomam banho a cada oito dias, outros, a cada dez, outros, uma vez por mês, e muitos banham-se uma vez por ano, por oito ou dez dias seguidos, quando tempo está adequando.”! M. Dejean, Traité des odeurs, 1777. Fonte: George Vigarello (1941).
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