Em 1930, no Brasil, automóveis eram artigos de
luxo e poucos rodavam pelas ruas das grandes cidades. Entre os proprietários de
carros já existiam os amantes da velocidade que organizavam corridas em lugares
afastados, como Praia Grande, sempre atraindo público. Nem sempre as corridas
(rachas?) acabavam bem, como naquele domingo, 26 de janeiro daquele ano. Adelson Barreto era dono de um veículo esportivo
conversível da Chrysler, conhecido como Baratinha, e Antônio Domingues Pinto Jr.
tinha um Hudson nº 25, mas quem o dirigia era o jovem José Santos Soeiro. Eles
competiam há algum tempo e aquela seria a prova decisiva – a baratinha estava
invicta. Dessa vez o Hudson estava à frente e, como se não bastasse, ao fazer o
retorno próximo ao rio Piassaguassu, Soeiro perdeu o controle do carro que
capotou várias vezes e foi lançado à distância, gravemente ferido. O sr. Quíncio Peirão, que assistia à competição,
percebendo a gravidade do acidente, prestou os primeiros socorros à vítima, que
foi transportada para o hospital na avenida Conselheiro Nébias. O acidente foi
notícia de destaque no jornal A TRIBUNA (Hemeroteca do Arquivo Público do
Estado de São Paulo).
Quíncio Peirão (1884-1936), considerado herói
da revolta paulista de 1932, foi um dos primeiros práticos da barra de Santos,
exercendo a função como autônomo.
HABILITAÇÃO NOVA
O professor Johann Schult, da Escola Alemã, em
São Paulo, havia comprado recentemente um Chevrolet (Placa: 10.674-P) e resolveu
aproveitar uma folga para fazer um passeio em Santos. Convidou os colegas de
trabalho Werner, Bader e Demer – Demer levou a esposa, Louise. Os excursionistas
partiram cedo para Santos, onde visitaram os pontos pitorescos da cidade e em seguida
foram para São Vicente, atravessaram a ponte Pênsil e tomaram o rumo da praia
de Paranapuã, mas no caminho pararam no Bar Prainha para um “ligeiro piquenique”,
segundo o noticiário do jornal no dia
seguinte (5/01/1930). O grupo foi para a praia onde passou um bom tempo: “a
beleza natural do lugar foi motivo de êxtase por parte dos visitantes, que ali
ficaram em contemplação por mais algum tempo, até que foi resolvido o regresso,
afim (sic) de tomarem outro rumo”. O sr. Bader reconheceu os riscos de manobra
num local estreito e saiu do veículo, convidando os outros passageiros a
imitá-lo. Nada feito: “os demais permaneceram sobre as almofadas do veículo”.
O prof. Schultz, que certamente não era mestre em direção, fez uma manobra infeliz e o carro só não caiu no mar porque um providencial tronco de árvore impediu a queda. O veículo, entretanto, capotou. Demer (45 anos) e Werner (33) ficaram feridos com gravidade e levados para o Hospital de São José. A sra. Louise faleceu no local. O motorista Schult não sofreu nem um arranhão.
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