sábado, 23 de março de 2024

SANTOS, 1930.

 

Fevereiro. Tirei a tarde para pesquisar a coleção do jornal A TRIBUNA, de Santos, na Hemeroteca do Arquivo do Estado. Folheio o livrão de janeiro/fevereiro de 1930. Uso luvas. O papel amarelado e seco exige manuseio cuidadoso. Meu interesse é genérico. Fatos curiosos, personagens anônimos que um dia (bom ou mau) viraram notícia. Algumas coisas despertam lembranças adormecidas da minha infância, sobras de conversas familiares.

Como a notinha do bilhete premiado vendido pelo “Chalet Brasil”, situado na rua do Rosário (João Pessoa), 7. Sim, as casas lotéricas eram chamadas de chalés, mas eu tinha a impressão de que a denominação abrangia também as casas de jogo do bicho, o que o Michaelis confirma. O fato é que uma das características da cidade de Santos são os chalés, construções simples de madeira, geralmente, sobre pilastras de concreto, que ainda existem em alguns bairros da cidade – como Jabaquara e Marapé. Uma das minhas tias morava em um gracioso chalé no bairro do Macuco. 

Chalés, bairro do Jabaquara. Foto: Hilda Araújo, 2016.

NATAL DOS GRILOS – Ah! Bons tempos em que os proprietários de automóveis se mobilizavam para dar “caixinha” de Natal para os inspetores de veículos do município. Objetivo: “proporcionar aos referidos inspetores um dia feliz, no seu lar modesto”. A notícia é da edição de janeiro, anterior ao dia de Reis, e informa que a administração do jornal, atendendo a pedidos dos leitores, “aceita qualquer importância que os interessados queiram destinar ao fim aludido”. E os grilos? Bem, era assim que a população se referia aos guardas de trânsito. Provavelmente por causa do apito... 

AO PÉ DE ANJO – Achei que era uma sapataria, mas a imagem tosca do clichê me fez ler o anúncio minimalista, espremido em um canto de página. Em seis linhas e meia informa que “ninguém supera a casa em vendas, compras, reformas, peças sobressalentes, linhas de todas as cores e escola de bordados”. E ainda atende em domicílio! Ah! trata-se de uma casa de máquinas de costura e o nome refere-se às costureiras e bordadeiras que usam os pés para operar o equipamento que ornou milhares de lares. Em casa tínhamos uma Singer, mas nunca se pôde dizer que eu fosse um pé de anjo.





https://www.youtube.com/watch?v=DyDlGpH8kNA

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