Fevereiro.
Tirei a tarde para pesquisar a coleção do jornal A TRIBUNA, de Santos, na
Hemeroteca do Arquivo do Estado. Folheio o livrão de janeiro/fevereiro de 1930.
Uso luvas. O papel amarelado e seco exige manuseio cuidadoso. Meu interesse é
genérico. Fatos curiosos, personagens anônimos que um dia (bom ou mau) viraram
notícia. Algumas coisas despertam lembranças adormecidas da minha infância,
sobras de conversas familiares.
Como
a notinha do bilhete premiado vendido pelo “Chalet Brasil”, situado na rua do
Rosário (João Pessoa), 7. Sim, as casas lotéricas eram chamadas de chalés, mas eu
tinha a impressão de que a denominação abrangia também as casas de jogo do
bicho, o que o Michaelis confirma. O fato é que uma das características da
cidade de Santos são os chalés, construções simples de madeira, geralmente,
sobre pilastras de concreto, que ainda existem em alguns bairros da cidade –
como Jabaquara e Marapé. Uma das minhas tias morava em um gracioso chalé no
bairro do Macuco.
Chalés, bairro do Jabaquara. Foto: Hilda Araújo, 2016.
NATAL
DOS GRILOS – Ah! Bons tempos em que os proprietários de automóveis se
mobilizavam para dar “caixinha” de Natal para os inspetores de veículos do
município. Objetivo: “proporcionar aos referidos inspetores um dia feliz, no
seu lar modesto”. A notícia é da edição de janeiro, anterior ao dia de Reis, e
informa que a administração do jornal, atendendo a pedidos dos leitores,
“aceita qualquer importância que os interessados queiram destinar ao fim
aludido”. E os grilos? Bem, era assim que a população se referia aos guardas de
trânsito. Provavelmente por causa do apito...
AO PÉ
DE ANJO – Achei que era uma sapataria, mas a imagem tosca do clichê me fez ler
o anúncio minimalista, espremido em um canto de página. Em seis linhas e meia
informa que “ninguém supera a casa em vendas, compras, reformas, peças
sobressalentes, linhas de todas as cores e escola de bordados”. E ainda atende
em domicílio! Ah! trata-se de uma casa de máquinas de costura e o nome
refere-se às costureiras e bordadeiras que usam os pés para operar o
equipamento que ornou milhares de lares. Em casa tínhamos uma Singer, mas nunca
se pôde dizer que eu fosse um pé de anjo.
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