quinta-feira, 31 de outubro de 2024

"O MEU TEMPO É SÓ MEU”

 Para terminar outubro, a poesia de Arnaldo Antunes (1960): “o meu tempo não é o seu tempo”.


"O meu tempo não é o seu tempo.
O meu tempo é só meu.

O seu tempo é seu e de qualquer pessoa, 

                                até eu.

O seu tempo é o tempo que voa.
O meu tempo só vai onde eu vou.

O seu tempo está fora, regendo.
O meu dentro, sem lua e sem sol.

O seu tempo comanda os eventos.
O seu tempo é o tempo, o meu sou.

O seu tempo é só um para todos,
O meu tempo é mais um entre muitos.

O seu tempo se mede em minutos,
O meu muda e se perde entre outros.

O meu tempo faz parte de mim,
            não do que eu sigo.

O meu tempo acabará comigo
               no meu fim."

Biblioteca Mário de Andrade - a bailarina* e o poeta.


A bailarina fazia parte de uma exposição na BMA há alguns anos. 

domingo, 27 de outubro de 2024

PARQUE DO CARMO

 

Surpresa: o mais moderno planetário da América Latina encontra-se no Parque do Carmo, Zona Leste de São Paulo! Que tal uma viagem ao céu para ver mais de nove mil estrelas, os planetas do sistema solar, a via Láctea no Planetário Prof. Acácio Riberi? Pode-se até observar o Sol através do celóstato, um instrumento importante para observação de eclipses. Fique sabendo que as duas principais atrações do parque são contemplativas – além do planetário há o Bosque das Cerejeiras que ao florir que atraem milhares de pessoas para apreciarem o espetáculo.

Nada como ter tempo, disposição e muita curiosidade. Sempre achei que o Parque do Carmo, o segundo maior de São Paulo, era muito longe, porém, pensando bem, atualmente, poucos lugares são muito distantes. A Lua é logo ali, já está se tornando ponto turístico! Assim, lá fui eu até Itaquera pegar o ônibus para Itaquera que me deixaria na entrada do parque. No caminho posso refletir sobre o engenheiro e empresário Oscar Americano de Caldas Filho (1908-1974) que deixou para a São Paulo essa área que foi parte da fazenda de café adquirida por ele na década de 1940 e, aos poucos, transformada por ele num paraíso para a família.  

Naturalmente, a região era habitada por índios até a chegada dos colonizadores. No século XVIII, ali se instalaram os religiosos da Ordem dos Carmelitas, mas a catequização dos nativos não deu certo porque os naturais da terra preferiram mudar para outras plagas. Os carmelitas criaram a Fazenda do Caaguaçu e dedicaram-se à agricultura e criação de gado, o que alterou o ecossistema da região. No início do século XX, a propriedade foi vendida para o Coronel Bento Pires, dono da Companhia Pastoril e Agrícola. O coronel investiu também na cafeicultura, mas logo loteou parte das terras, o que resultou na Vila Carmosina e Cidade Líder. Ele também mudou o nome da propriedade para “Fazenda do Carmo”. Na década de 1940, parte da fazenda foi vendida para a Companhia Brasileira de Projetos e Obras – CBPO, de Oscar Americano. Pode-se imaginar o tamanho da fazenda quando se sabe que Oscar Americano também loteou parte da área adquirida, e os terrenos originaram o bairro Jardim Nossa Senhora do Carmo ou Morumbizinho. 

         Oscar Americano ampliou a sede da fazenda, construiu uma casa para uso dos funcionários, outra para os filhos (cinco) e babás; uma casa de hóspedes e um prédio para lazer. As melhorias incluíram o represamento de um córrego para fazer um lago artificial, usado para esportes náuticos. Após o falecimento do empresário em 1974, os herdeiros venderam a fazenda – a maior parte para a Companhia Habitacional (COHAB) e o restante para a prefeitura de São Paulo.

         O Parque do Carmo, inaugurado em 1976, tem 1,5 milhão de metros quadrados – é o segundo maior parque da cidade. Ao longo de 48 anos de existência, recebeu uma infraestrutura com características próprias. Oscar Americano recuperou a flora danificada pelo uso agrícola, atraindo uma fauna diversificada. Enquanto a flora, bem preservada, é formada por remanescentes de Mata Atlântica, eucaliptais, brejos e pomar, ideais para uma variada fauna que inclui desde o gavião-pega-macaco até preguiça-de-três-dedos, tatus e caxinguelês.

A sede da fazenda tornou-se o Museu Parque do Carmo; a casa das crianças é ocupada pela Guarda Civil Municipal; na casa de hóspedes, funciona a Administração do Parque. A figueira

Depois de observar o céu, vamos ao Bosque de Cerejeiras que tem cerca de quatro mil árvores e, quando elas florescem, o visitante respira um perfume suave enquanto se sente envolvido pela delicadeza das flores de um rosa suave. O borque torna-se o lugar ideal para a prática do hanami, ritual japonês bem simples: basta sentar-se sob uma cerejeira e contemplá-las sem pressa. A festa das cerejeiras realiza-se há 44 anos. Fotos, 2023.

 





Av. Afonso de Sampaio e Sousa, 951 – Itaquera. Funcionamento: 5h30 às 20h
Fone: (11) 2748-0010 / 2746-5001. A estação de Metrô mais próxima é a Corinthians-Itaquera, na Linha 3 – Vermelha, distante quase 4km do Parque.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

PROFESSORES

 

Tudo começou com dona Branca Luís da Costa, minha primeira professora (Escola Portuguesa) e ao longo da vida foram muitos professores que me ajudaram a caminhar pela vida, tentando decifrar o mundo. É verdade que esqueci o nome de muitos, o que não significa que tenham tido pouca importância. De alguns lembro comentários marcantes, que até hoje me fazem refletir sobre o assunto. Quando era bem pequena, provavelmente na época em que entrei na escola, ganhei um quadro negro, uma caixa de giz e brincava de professora. As alunas eram muito comportadas – as bonecas.

As brincadeiras mudam com a idade e com as novidades, a maior delas a descoberta dos livros e do fato de que não tinha (nem tenho) vocação para o magistério; porém, em 1964 por seis meses lecionei no Ateneu Progresso Brasileiro, que funcionava num casarão situado na avenida Ana Costa, em Santos, derrubado para a abertura da rua Claudio Doneux. Ali eu tive certeza de que não queria ser professora. Dei aula para os alunos (classe masculina) do segundo ano primário. Eram uns 20 garotos indisciplinados – acho que havia uns três bem comportados. Lembro bem do melhor da turma: Guilherme Navarro. Ele era educado, disciplinado, sempre bem arrumado e cumpridor dos deveres. Muitos anos depois descobri que ele se formara em Medicina. Lembro também do Pedro, que era filho de Jesus. Ele deu trabalho, mas também era bem educado. Guardo dele, com carinho especial, um cartão que acompanhou o presente que me deu no dia dos professores. Como lembro o nome do pai? Era o cartão de visitas de Jesus e Pedro escreveu a mensagem no verso. Está guardado no meu baú.


Hoje, contudo, homenageio a Gislene, professora de educação física, que trabalha com público da terceira idade com muito entusiasmo e nos estimula a superar as dificuldades físicas. Ontem, ela ganhou uma merecida festinha e os mimos de suas turmas de segunda-feira.

domingo, 13 de outubro de 2024

PAULISTANO DESCOBRE A LIBERDADE

 

Depois de passar pelo Museu do Livro Esquecido na rua Santa Luzia, resolvi comer pastel na Liberdade. Subi a velha rua dos Estudantes e já na esquina da rua da Glória comecei a achar que não tinha sido uma boa ideia, mas me animei porque o metrô era logo adiante. Ledo engano! A cada passo via mais gente – uma surpresa quando passei pela Travessa dos Aflitos que, graças à feira, estava intransitável. E daí para frente a situação ficou mais complicada. Calçadas e ruas tomadas por uma multidão – gente comprando, gente batendo papo, gente em filas de padarias, restaurantes, mercados, lojas e sei lá mais o quê. É preciso se desviar de sacolas, mochilas e pacotes. Chegar à praça foi um sacrifício especialmente para quem não gosta de multidão como eu.

A essa altura já nem me lembrava de pastel, queria mesmo chegar ao metrô, mas não consegui alcançar a entrada e para alcançar o outro acesso tive que me esgueirar entre pratos de macarrão, bolinhos e outros quitutes que as pessoas equilibravam enquanto falavam e caminhavam em busca de mais petiscos.

Quem são essas pessoas? Pelo que consegui observar – o público é bem variado, mas os jovens predominam, alguns capricham na vestimenta estranha, mas ninguém se vira espantado. O diferente é indiferente. Quando encontro as escadarias do metrô, vejo um batalhão subindo a escadaria... Lembrei do bairro chinês de San Francisco, onde a avenida é mais ampla e tudo parece mais organizado.

Há algum tempo o paulistano descobriu o bairro da Liberdade e ele está, invariavelmente, muito movimentado. E o público, volto a dizer, é bem jovem. Sexta-feira eu já havia passado por lá e havia muita gente circulando, mas nada tão impactante como ontem, pois deu tempo até fazer uma parada na Esquina do Morango (uma barraquinha) e comprar jabuticaba.

A caminho da Praça da Liberdade. 

Ontem, as jabuticabas estavam no meio da rua dos Estudantes.


sexta-feira, 11 de outubro de 2024

BELLA CIAO

A música é do século XIX e de autor desconhecido. Provavelmente, era um canto de trabalho entoado pelas mulheres que se deslocavam da Emilia Romagna para o trabalho sazonal nos arrozais do Vale do rio Pó na Itália. No século XX, a melodia foi usada para um canto de protesto contra a I Guerra (1914-1918) e mais tarde para a música da resistência italiana na II Guerra (1939-1945) contra o fascismo. As primeiras gravações foram da cantora Giovanna Daffini (1914-1969), que foi trabalhadora temporária (mondina), e Yves Montand (1921-1991), italiano naturalizado francês.

A música é sobre um homem que um dia acorda com a chegada do invasor e despede-se da mulher ao sair para a luta, pedindo-lhe que se ele morrer o enterre na montanha à sombra de uma bela flor para que as pessoas ao passarem saibam que aquela é a flor da resistência de um homem que morreu pela liberdade. “Ciao, Bella, ciao.”



https://www.youtube.com/watch?v=4CI3lhyNKfo


Quem preferir, a versão com Yves Montand.
https://www.youtube.com/watch?v=mv3iY4v9EOc

terça-feira, 8 de outubro de 2024

LEMBRANÇAS DE VIAGEM



 

O mosquito (zanzara) da Dengue assusta italianos. Estação ferroviária Termini, Roma.

Sede em Roma do jornal "Ill Messaggero.

A Via Oscura, em Viterbo (IT), já foi iluminada, mas voltou às origens.

Ah! Esses apaixonados! Viterbo.

Velhos tempos das bancas de jornal. Viterbo.

SICILIA


Travessia do estreito de Messina por trem: a composição é dividida para embarcar
no ferry-boat. A rota é Messina-San Giovanni-Roma (ou vice-versa). O estreito no Mediterrâneo separa a Sicilia (ilha) da Calábria, no Sul da Itália, e liga os mares Adriático e Jônico. Na foto, uma passageira que não encontrava a escada de acesso à plataforma 
superior do ferry. Custou, mas descobriu a tempo de ver a bela paisagem. 




Atrás da igreja histórica, vê-se um dos navios cruzeiro atracados em Messina.


Taormina, uma igreja diferente.



As escadarias para Isola Bella - laterais ocupadas pelos produtos dos ambulantes.

Praia de pedras, cheia. Isola Bella ao fundo.


Vista da Praia de Mazzarò, Taormina.

domingo, 6 de outubro de 2024

PASSEIO POR REGGIO CALABRIA

A cidade fica no sul da Itália, a cerca de 40 minutos de barco Messina (Sicilia) e ao desembarcar terá uma bela ideia do que é a Reggio Calabria, graças ao projeto urbano implantado à beira-mar que proporciona aos moradores e visitantes ótimos momentos de descanso, lazer e cultura, sem contar a paisagem. Há ainda inúmeros bares e restaurantes do outro lado da avenida. No jardim central, destacam-se três obras de Rabarama, ou Paola Epifani, artista que nasceu em Roma e, depois de se formar na Academia de Belas Artes de Veneza em 1991, estabeleceu-se em Pádua, onde vive e trabalha. Rabarama cria esculturas de pessoas e decora a superfície com símbolos e hieróglifos.

Fundada em 664 a. C., ela é uma cidade peculiar – de um lado banhada pelo mar e do outro Messina vai galgando um morro, que se sobe por escadarias muito bem conservadas ou ladeiras pelas ruas transversais. E, por incrível que pareça, as vias principais, que seguem paralelas à praia, são planas. Minha maior surpresa foi na Via Giudecca, onde avistei escadas rolantes (tapis roulantes) cobertas para conforto dos pedestres. Que maravilha! O projeto foi financiado pela Comunidade Europeia pelo que li numa placa. A questão é que tem hora de funcionamento: das 7h45 às 13h15 e das 14h45 às 20h15.

            Aproveitei do meu modo a cidade. Fui andando e observando e assim, que depois de sair da igreja de são Jorge, achei a Libreria Culture Di Caccamo Vincenzo – Anche Museo (Via Zaleuco, 9). Um lugar muito diferente e interessante. Na verdade, é um espaço em que há os livros e também obras de arte – pinturas, esculturas e artesanatos, onde também acontecem palestras e exposições.

            A catedral metropolitana de Maria Santíssima Assunta in Cielo foi danificada durante o terremoto de 1908 e reconstruída em estilo eclético (no caso mistura do medieval e gótico), sendo consagrada em 1928. Ao castelo Aragonês cheguei exatamente na hora do almoço e a moça, educadamente, me disse que voltasse outra hora, fechando a porta. Dessa forma fui ao Museu Arqueológico Nacional de Reggio Calabria.

            Hora do almoço. Momento de descanso aos pés. 


Bem-vindo a Reggio Calabria.


As obras abaixo fazem parte do calçadão à beira-mar. 

Monumento aos cadetes da aeronáutica mortos em batalha em 1943, (Esq.)
Obra da artista Katrin Puyia (1976). (Dir.)

Nos jardins, destacam-se três obras de Rabarama, ou Paola Epifani, artista que nasceu em Roma e, depois de se formar na Academia de Belas Artes de Veneza em 1991, estabeleceu-se em Pádua, onde vive e trabalha. Rabarama cria esculturas de pessoas e decora a superfície com símbolos e hieróglifos.






As escadas rolantes.






Aspectos da livraria/galeria.




quinta-feira, 3 de outubro de 2024

MENINOS, EU VI!

Estava esperando o VLT em Messina, na Sicilia (Itália).. Sol de fim de tarde ainda ardente. Os dois pontos têm abrigos com bancos. Sentei no que estava vazio porque no outro havia um rapaz deitado, sem os tênis que estavam arrumados em frente ao banco. Logo ele abandonou a inércia e começou a fazer alongamento como se estivesse no quintal de casa. Como o VLT demorou, deu tempo para ele fazer toda a sequência recomendada pelos fisioterapeutas. Então levantou, calçou os tênis e foi embora todo feliz.







Quando for à Catânia, Sicilia, e quiser comer carne, ao examinar cardápio certifique-se de que o seu pedido não é carne equina. É isso mesmo: um dos pratos preferidos da população desta cidade siciliana é de carne de cavalo. Os campeões são os chineses e mexicanos, seguidos de Cazaquistão, Mongólia, Argentina, Itália, BRASIL e Quirguistão. Surpreso com nossa participação na lista? Saiba que o Brasil é um dos maiores produtores e o maior exportador de carne equina do mundo e com ela fazem-se almondegas, mortadela, salame, salsinha, carne defumada e sashimi. Bom apetite!


ARANCINI

É um bolinho de risoto, versão italiana do bolinho de arroz. Delicioso. E os conterrâneos já deram opinião, devidamente registrada em Messina.


quarta-feira, 2 de outubro de 2024

QUEM TEM BOCA VAI A ROMA

 


Pode-se dizer que, na Antiguidade, os romanos eram ótimos andarilhos. Cavalos e bigas, só para os patrícios e os ricos. Quando se dispuseram a conquistar outros territórios, caminharam. Eles abriram estradas que interligaram a Europa, construíram aquedutos e balneários por todos os lugares por onde passaram. Banho? Eles construíram termas e popularizaram o banho, que transformaram em uma verdadeira arte. Não se pode esquecer que o Direito Romano continua ainda a influenciar os sistemas jurídicos de vários países ocidentais. Seus vestígios estão por toda a Europa, Inglaterra e norte da África.

Que tal começar pela Via Ápia? Em 312 a.C., Ápio Cláudio Cego, político romano, iniciou a construção da estrada que ligava, inicialmente, Roma a Cápua e tinha 300 km de extensão; mais tarde foi ampliada até Brindisi, cidade situada no salto da bota italiana, atingindo 600 km de extensão.  A estrada ganhou o nome de Via Appia em homenagem ao seu construtor e tantos séculos depois ainda há trechos utilizáveis dela em Roma – caminha-se por alguns deles, enquanto em outro pedaço carros e ônibus trafegam velozmente. Já havia caminhado por ela em 1993, quando visitei Roma pela primeira vez. Via Appia Antica, sob sol intenso, lembrando das lições de Latim do professor Esmanhoto (Instituto de Educação Canadá) e de Ligia Fava Fonseca (Liceu Feminino Santista)...



Esta igreja é de 1617, erguida no local em que havia outra desde o século IX.

 Igreja de Santa Maria das Plantas conhecida como "Domine, quo vadis?"




Via Appia Antica, imagem Google.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

OBSERVAÇÕES DE VIAJANTE

 

As viagens são um grande aprendizado. Aprende-se sobre a nossa capacidade de lidar com situações inesperadas, a habituar-se com usos e costumes de lugares diferentes e sobre como é ser visto como estrangeiro.

A primeira vez que visitei Roma foi 1993, quando desembarquei na estação ferroviária Termini procedente de Paris. A primeira vista que tive da cidade foi a Piazza dei Cinquecento, onde funcionava um imenso terminal de ônibus urbanos e por ela circulavam muitos senhores elegantes. Achei que iam a alguma convenção, pois usavam paletó azul marinho, calças cinza e gravata, como costumava ver no Brasil executivos de grandes corporações. Só quando me aproximei, percebi que se tratava dos motoristas de ônibus. Tive a felicidade de voltar outras vezes a Roma, mas sempre tenho encontrado a praça em obras. O terminal de ônibus continua lá, mas me pareceu menor. 

Estive em Roma de passagem em 2019. Neste final de verão de 2024, a cidade ainda fervilhava de turistas. Filas imensas para informações, compra de bilhetes, pegar o ônibus ou táxis, tomar um cafezinho ou ir aos banheiros. Cuidado porque o distraído tanto podia ser atropelado por malas como nocauteado por mochilas. A cada passo ouvia-se um idioma diferente. Jovens, adultos e idosos estrangeiros e italianos estavam por toda parte usufruindo as belezas e delícias do país. Viajavam em família, com amigos, excursões e sozinhos como eu.  

A cidade está em obras – os principais pontos turísticos passam por restauro ou obras de melhorias do entorno, como o Fórum Imperial ou Romano, a Fontana Navona, o monumento a Vitor Emanuel (bolo de noiva) entre tantos outros. São os preparativos do município para a realização do Jubileu 2025, promovido a cada vinte e cinco anos pela igreja católica para incentivar peregrinações a Roma para que, segundo ela, os fiéis alcancem indulgência plenária de seus pecados. Calcula-se que o evento atrairá 32 milhões de turistas e peregrinos para a Cidade Eterna. O financiamento das obras será feito com o aumentado das taxas turísticas em Roma e em Veneza. De acordo com a agência ANSA, a meta é arrecadar para o jubileu cerca de 608 milhões de euros em três anos, recursos destinados para o “planejamento e execução de obras e intervenções funcionais ao evento” e “contratação de pessoal com formas flexíveis de trabalha” (esse item me deixou curiosa).

No Fórum Romano, a rua parcialmente interditada virou um calçadão.

Sábado, a fila para entrar na Basílica de São Pedro. Ainda bem que já conhecia.

Rua interditada, obras...

Turistas chegando ao Campidoglio, Praça do Capitólio, em Roma.