quinta-feira, 31 de outubro de 2024

"O MEU TEMPO É SÓ MEU”

 Para terminar outubro, a poesia de Arnaldo Antunes (1960): “o meu tempo não é o seu tempo”.


"O meu tempo não é o seu tempo.
O meu tempo é só meu.

O seu tempo é seu e de qualquer pessoa, 

                                até eu.

O seu tempo é o tempo que voa.
O meu tempo só vai onde eu vou.

O seu tempo está fora, regendo.
O meu dentro, sem lua e sem sol.

O seu tempo comanda os eventos.
O seu tempo é o tempo, o meu sou.

O seu tempo é só um para todos,
O meu tempo é mais um entre muitos.

O seu tempo se mede em minutos,
O meu muda e se perde entre outros.

O meu tempo faz parte de mim,
            não do que eu sigo.

O meu tempo acabará comigo
               no meu fim."

Biblioteca Mário de Andrade - a bailarina* e o poeta.


A bailarina fazia parte de uma exposição na BMA há alguns anos. 

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