terça-feira, 1 de outubro de 2024

OBSERVAÇÕES DE VIAJANTE

 

As viagens são um grande aprendizado. Aprende-se sobre a nossa capacidade de lidar com situações inesperadas, a habituar-se com usos e costumes de lugares diferentes e sobre como é ser visto como estrangeiro.

A primeira vez que visitei Roma foi 1993, quando desembarquei na estação ferroviária Termini procedente de Paris. A primeira vista que tive da cidade foi a Piazza dei Cinquecento, onde funcionava um imenso terminal de ônibus urbanos e por ela circulavam muitos senhores elegantes. Achei que iam a alguma convenção, pois usavam paletó azul marinho, calças cinza e gravata, como costumava ver no Brasil executivos de grandes corporações. Só quando me aproximei, percebi que se tratava dos motoristas de ônibus. Tive a felicidade de voltar outras vezes a Roma, mas sempre tenho encontrado a praça em obras. O terminal de ônibus continua lá, mas me pareceu menor. 

Estive em Roma de passagem em 2019. Neste final de verão de 2024, a cidade ainda fervilhava de turistas. Filas imensas para informações, compra de bilhetes, pegar o ônibus ou táxis, tomar um cafezinho ou ir aos banheiros. Cuidado porque o distraído tanto podia ser atropelado por malas como nocauteado por mochilas. A cada passo ouvia-se um idioma diferente. Jovens, adultos e idosos estrangeiros e italianos estavam por toda parte usufruindo as belezas e delícias do país. Viajavam em família, com amigos, excursões e sozinhos como eu.  

A cidade está em obras – os principais pontos turísticos passam por restauro ou obras de melhorias do entorno, como o Fórum Imperial ou Romano, a Fontana Navona, o monumento a Vitor Emanuel (bolo de noiva) entre tantos outros. São os preparativos do município para a realização do Jubileu 2025, promovido a cada vinte e cinco anos pela igreja católica para incentivar peregrinações a Roma para que, segundo ela, os fiéis alcancem indulgência plenária de seus pecados. Calcula-se que o evento atrairá 32 milhões de turistas e peregrinos para a Cidade Eterna. O financiamento das obras será feito com o aumentado das taxas turísticas em Roma e em Veneza. De acordo com a agência ANSA, a meta é arrecadar para o jubileu cerca de 608 milhões de euros em três anos, recursos destinados para o “planejamento e execução de obras e intervenções funcionais ao evento” e “contratação de pessoal com formas flexíveis de trabalha” (esse item me deixou curiosa).

No Fórum Romano, a rua parcialmente interditada virou um calçadão.

Sábado, a fila para entrar na Basílica de São Pedro. Ainda bem que já conhecia.

Rua interditada, obras...

Turistas chegando ao Campidoglio, Praça do Capitólio, em Roma.




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