As viagens são um grande aprendizado. Aprende-se sobre a nossa
capacidade de lidar com situações inesperadas, a habituar-se com usos e
costumes de lugares diferentes e sobre como é ser visto como estrangeiro.
A primeira vez que visitei Roma foi 1993, quando desembarquei na estação ferroviária Termini procedente de Paris. A primeira vista que tive da cidade foi a Piazza dei Cinquecento, onde funcionava um imenso terminal de ônibus urbanos e por ela circulavam muitos senhores elegantes. Achei que iam a alguma convenção, pois usavam paletó azul marinho, calças cinza e gravata, como costumava ver no Brasil executivos de grandes corporações. Só quando me aproximei, percebi que se tratava dos motoristas de ônibus. Tive a felicidade de voltar outras vezes a Roma, mas sempre tenho encontrado a praça em obras. O terminal de ônibus continua lá, mas me pareceu menor.
Estive em Roma de passagem
em 2019. Neste final de verão de 2024, a cidade ainda fervilhava de turistas.
Filas imensas para informações, compra de bilhetes, pegar o ônibus ou táxis,
tomar um cafezinho ou ir aos banheiros. Cuidado porque o distraído tanto podia
ser atropelado por malas como nocauteado por mochilas. A cada passo ouvia-se um
idioma diferente. Jovens, adultos e idosos estrangeiros e italianos estavam por
toda parte usufruindo as belezas e delícias do país. Viajavam em família, com
amigos, excursões e sozinhos como eu.
A cidade está em obras – os principais
pontos turísticos passam por restauro ou obras de melhorias do entorno, como o
Fórum Imperial ou Romano, a Fontana Navona, o monumento a Vitor Emanuel (bolo
de noiva) entre tantos outros. São os preparativos do município para a
realização do Jubileu 2025, promovido a cada vinte e cinco anos pela igreja
católica para incentivar peregrinações a Roma para que, segundo ela, os fiéis
alcancem indulgência plenária de seus pecados. Calcula-se que o evento atrairá 32
milhões de turistas e peregrinos para a Cidade Eterna. O financiamento das
obras será feito com o aumentado das taxas turísticas em Roma e em Veneza. De
acordo com a agência ANSA, a meta é arrecadar para o jubileu cerca de 608 milhões
de euros em três anos, recursos destinados para o “planejamento e execução de
obras e intervenções funcionais ao evento” e “contratação de pessoal com formas
flexíveis de trabalha” (esse item me deixou curiosa).
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