sexta-feira, 10 de junho de 2022

SEXTA-FEIRA POÉTICA

 

Luís Vaz de Camões (c. 1524-10/6/1580).


Sonetos

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

 

LUSÍADAS

CANTO PRIMEIRO

(106)

 

No mar, tanta tormenta e tanto dano,

Tantas vezes a morte apercebida!

Na terra, tanta guerra, tanto engano,

Tanta necessidade aborrecida!

Onde pode acolher-se um fraco humano,

Onde terá segura a curta vida,

Que não se arme e se indigne o céu sereno

Contra um bicho da terra tão pequeno?

 

 

Camões morreu no dia 10 de junho.

No mundo, 260 milhões de pessoas falam Português que vivem em nove países.  Angola: 25,02 milhões de habitantes; Brasil: 207.435 milhões de habitantes; Cabo Verde:  531.725 mil habitantes; Guiné-Bissau: 1,926 milhão de habitantes; Moçambique; 29.425: milhões de habitantes; Portugal: 10,5 milhões de habitantes; São Tomé e Príncipe: 198 mil habitantes; Timor Leste: 1,230 mil habitantes; Guiné Equatorial: 890 mil habitantes.

Ilustração de Lima de Freitas em OS LUSÍADAS. Abril Cultural, 1982.

quarta-feira, 1 de junho de 2022

DESAFIO PARA CAMINHANTES

 

A precipitação é inimiga do bom senso. Outro dia lendo uma matéria sobre a caminhada mais longa do mundo já fui dizendo que adoraria fazer e até ousei estipular prazos – diga-se de passagem muito otimistas. Ousadia por dois motivos: as guerras entre a Federação Russa e a Ucrânia, e a de Israel, que se desenvolvem no caminho, e, naturalmente, o número de primaveras acumuladas por mim. A aventura para caminhantes inveterados começa na Cidade do Cabo, África do Sul, e termina em Magadan, na costa do mar Okhtsk, na Rússia, pertinho do Japão. Total do percurso: 22.077 km! O autor da matéria afirma que não há necessidade de aviões ou barcos (segundo ele há pontes no caminho) e o andarilho passa por dezessete países, seis fusos horários e todas as estações do ano. Pelo que observei no mapa da rota os países são: África do Sul, Botswana, Zimbabwe, Zâmbia, Tanzânia, Uganda (ou Ruanda), Burundi, Sudão do Sul, Sudão, Egito, Israel, Líbano, Síria, Turquia, Geórgia e Rússia. O redator só se esqueceu de mencionar as regiões desérticas (Kalahari e Núbia) e montanhosas (montes Mitumba, Muchinga) do caminho... Não se esquecer de levar água mineral já que não é recomendável beber a local. Vacinas contra doenças tropicais são aconselháveis (ou exigidas, não sei). Além das tormentas climáticas é sempre bom lembrar dos perigosos conflitos políticos comuns em várias regiões a atravessar. Calcula-se que o andarilho faria a proeza em catorze meses caso tenha fôlego e ânimo para caminhar dez horas por dia. Enfim, tarde demais para mim.



sexta-feira, 27 de maio de 2022

O IMPOSTOR

LEMBRANÇAS  Faltam 103 dias para a reabertura do Museu Paulista da USP. Fiz várias reportagens para o JUSP e alguns cursos de extensão no Museu, mas houve uma ocasião muito embaraçosa que tornou menos plácidas as margens do riacho do Ipiranga. A pauta foi sugerida por um pesquisador do museu e o conteúdo – os significados dos elementos decorativos do prédio inaugurado em 1890 – entusiasmara a equipe do jornal. No dia e hora marcados já nos esperava em frente ao prédio onde nem entramos, pois ele começou imediatamente a nos mostrar suas descobertas. Em menos de dez minutos uma funcionária do museu acenou para mim do alto da escadaria. Como o entrevistado estava às voltas com o fotógrafo, fui até lá. Nós nos conhecíamos de outras reportagens, mas ela estava simplesmente transtornada porque aquela pessoa não pertencia aos quadros da universidade, não era professor e já causara uma série de problemas para instituição. Fiquei pasma. Como assim? Uma das proezas do “pesquisador” fora se passar por paleógrafo numa reportagem anos antes. Imediatamente lembrei que o autor da matéria era um colega, excelente repórter, que nunca se recuperara do constrangimento. Pedi que ela ligasse para o jornal e explicasse o que estava se passando. Da minha parte, me comprometi a não fazer a matéria, mas para evitar mais embaraços, continuaria com a entrevista apenas na parte externa e iríamos embora. As fotos não eram problema, porque poderiam ser usadas em outras reportagens. Voltei para onde estava o “pesquisador”, expliquei que tínhamos que abreviar o trabalho, pois precisávamos voltar para a redação porque surgira um imprevisto e entraríamos em contato para concluir a reportagem. Pior mesmo foi o repórter fotográfico querendo saber o que estava acontecendo no Butantã. O pretenso pesquisador concordou em abreviar a entrevista e ainda demos uma carona para ele. 

     Ele era um senhor simpático, mas sem dúvida mitomaníaco. Jornais constituem um ambiente atrativo para essas pessoas que mentem compulsivamente, melhorando sua realidade ou tentando viver seus sonhos, que no caso dele era, sem dúvida, fazer parte da Universidade de São Paulo. Paleógrafo? Por que ele teria escolhido essa área? A paleografia estuda “a origem, a forma e a evolução de manuscritos” antigos. Talvez porque fosse difícil para o entrevistador perceber falhas em suas interpretações...A paleografia estuda “a origem, a forma e a evolução de manuscritos” antigos. A Revista de História da Biblioteca Nacional tinha uma seção de paleografia que funcionava como quebra-cabeça.

Museu Paulista da USP, projeto do arquiteto italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi. 



Carta de Pero Vaz Caminha, 1500.


quinta-feira, 26 de maio de 2022

COISAS DO JORNALISMO

 

LEMBRANÇAS DO JORNAL DA USP – Uma das missões do Jornal da USP é divulgar o trabalho de professores e pesquisadores das unidades, por meio de entrevistas, reportagens artigos encaminhados espontaneamente pelos membros da comunidade acadêmica. Evidentemente, é necessário o uso de uma linguagem clara de forma que todos entendam o que, por exemplo, físicos, filósofos ou engenheiros entre tantos outros especialistas fazem. Tudo isso para eu contar uma experiência bem estranha. Certa ocasião um pesquisador enviou um artigo para publicação absolutamente incompreensível para leigos. Alguns cientistas têm dificuldade de explicar para o leigo os avanços da ciência e da tecnologia sem se apoiar em uma linguagem científica/tecnológica e minha tarefa era fazer uma entrevista sobre o trabalho que ele pretendia divulgar. Não me lembro da área em que ele atuava, apenas que se parecia com o Dr. Silvana (vilão do Capitão Marvel). Fui bem diplomática, porém, ele foi incisivo: “Está tudo no artigo”. Com muito tato, expliquei que as pessoas leigas não entenderiam o conteúdo do artigo, seria muito bom se... Ele me interrompeu com rispidez: “Nada tenho a acrescentar.” Percebi que perdia tempo. Nunca gostei de voltar para a redação de mãos abanando, mas naquele dia não teve jeito. A postura do pesquisador gerou outra pauta, desta vez sobre a importância de traduzir a linguagem científica para o público leigo, incluindo-o no universo do conhecimento. Esse é o papel do jornalismo científico, que difere das publicações científicas (Lancet, Science, Nature). E dar entrevistas era algo que professores como Isaias Raw (Instituto Butantã), Crodowaldo Pavan (geneticista), Ivan Cunha Nascimento (físico), Vicente Amato (médico), Walter Colli (químico), Carolina Bori (psicóloga), Masayoshi Tsuchida (IAG) ou Francisco Landi (Poli) entre tantos outros faziam com muita facilidade, tornando um assunto às vezes árido em algo muito atrativo. Um ótimo exemplo são os cursos de extensão do Instituto de Astronomia (IAG/USP) para a terceira idade cujas vagas são muito concorridas. A matéria do JUSP foi citada pelo boletim da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), que publicou algumas das entrevistas. Felizmente, encontrei poucos pesquisadores como aquele. Espero que o artigo tenha sido publicado por algum periódico científico.

Trabalhei no Jornal da USP entre 1989 e 1994, retornando em 1995/1996. 

Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira.


terça-feira, 24 de maio de 2022

PASSEIO DE OUTONO

 

Fazia tempo que estava planejando uma caminhada da Aclimação até o Parque da Independência. Dia perfeito: azul e com temperatura amena. Outono. Na verdade, já havia feito a "peregrinação" há muitos anos, incentivada por Calixto, assíduo frequentador dos eventos do Museu Paulista, aonde ele ia a pé. Desta vez consultei o mapa e o melhor caminho me pareceu a Rua Coronel Diogo – afinal, entre dois pontos prefiro sempre uma reta (no caso, mais ou menos). O desafio: as ladeiras íngremes e as calçadas com degraus. Quando estava chegando à avenida Ricardo Jafet e vi a ladeira onde está encarapitado o Hospital São Camilo, tratei de indagar numa loja a distância da estação Santos-Imigrantes. Como não havia clientes, acabou se formando um conselho para me orientar: muito longe, melhor pegar um ônibus até lá, são dois quilômetros e pouco como acentuou um jovem que faz o percurso todos os dias... Pelo menos é um caminho plano, comentei, e se cansar, pego o ônibus. Agradeci e fui para o metrô. Caminho mais movimentado com várias lojas de veículos, supermercados, uma igreja muito bonitinha (Santa Cândida), restaurantes – Novilho de Prata? Não apetece. Ah! Passei por um McDonald às moscas e um burguer da vida... Os bichos de estimação por ali estão bem servidos – há de tudo para os bichinhos. E chego à Estação do metrô. Uma hora e quarenta minutos de caminhada. Hora do almoço, hora tão feliz! É verdade que não cumpri a meta, mas daqui a alguns dias farei outro trajeto até o Parque da Independência. 

PS: infelizmente, Calixto faleceu há uns dois anos.

O riacho do Ipiranga e a igreja de Santa Cândida.

Um trecho bonito da Av. Ricardo Jafet, perto da Rua Piquete.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

UMA VALSA E O UNIVERSO

Eis um vídeo muito especial não só pela beleza, mas pelas reflexões que ele incita. O cenário deslumbrante formou-se há 14 bilhões de anos e a protagonista é a Terra, que tem 4,5 bilhões de anos e segue sua trajetória guiada, como todos os astros participantes, pelas leis da Física. Nesse palco infinito em que todos giram, giram, giram, a trilha musical só poderia ser mesmo uma valsa do vienense Johann Strauss Jr., ideia original do cineasta americano Stanley Kubrick em sua obra-prima “2001 – uma odisseia no espaço” de 1968.

Nesse baile sideral segue o bicho Homem que apareceu a bordo há meros 2,5 milhões de anos, mas só começou a voar mesmo há pouco mais de um século e há apenas 61 anos iniciou a exploração do espaço exterior, graças à curiosidade e aos esforços de um punhado de cientistas e à coragem dos eleitos, como o jornalista e escritor americano Tom Wolfe  tão bem denominou os astronautas.

Parabéns ao autor da edição do vídeo.

John Strauss Jr. – compositor austríaco (1825-1899).

Stanley Kubrick (1928-1999).

Yuri Gagarin (1934-1968).

Tom Wolf (1930-2018).


sábado, 21 de maio de 2022

UMA BELA HISTÓRIA DE VIDA E DETERMINAÇÃO

  

Maria do Carmo Mendonça Silva é uma pessoa que vive plenamente cada fase da vida e, quando se aposentou do magistério, redescobriu-se sem, contudo, deixar de lado a sua história pessoal. Mulher sábia, agregou novas experiências à vida com determinação e coragem para enfrentar situações que lhe eram desconhecidas. Carminha, como todos a chamam, tornou-se atleta, poeta e escritora e acaba de lançar seu primeiro livro “Meus escritos  Estilo de Vida”. Carminha é maranhense. Nasceu em 1957 em Cajari, morou em Pindaré-Mirim, fez o curso normal no Liceu Maranhense em São Luís e ingressou no magistério. Aos 49 anos concluiu o curso de Pedagogia na Universidade Federal do Piauí. Realizou-se na vida pessoal: encontrou o amor da sua vida, casou-se, teve três filhos e é avó de cinco netos. Então aposentou-se.  

Não foi fácil, mas ela encarou os esforços necessários para a prática do esporte e se tornou uma atleta vitoriosa. “Com a prática de exercícios me proporciono bem-estar, rejuvenescimento, saúde” – conta em seu livro “Meus escritos – Estilo de vida” (Size Editora). Carminha escolheu a poesia para narrar seus desafios, conquistas e superação e, por meio de seus versos, vamos conhecendo um pouco dessa pessoa especial que é exemplo para todos. Se fica feliz quando ouve os elogios, sente-se também responsável à medida que incentiva as pessoas a praticar esporte. 

O esporte proporcionou a Maria do Carmo, qualidade de vida, vitórias, novos amigos, viagens, alegrias e também muitas lágrimas por contusões que só a incentivam a continuar a correr. E como ela diz:

 DIAS

Os dias passam depressa!

Muitas tarefas para realizar.

Fico aqui, costurando sonhos,

Bordando a minha história.

E tentando,

Os nós desatar,

Para deixar meus dias,

Prazerosos, significantes

Esplêndidos e relaxados.

 

terça-feira, 17 de maio de 2022

DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS

 

Museu Paulista (USP), reabrirá para comemorações dos 200 anos de Independência do Brasil.

 Museu Nacional do Ar e Espaço de Washington (2013).

Independence Seaport Museum, Pensilvania (EUA),2013.


Museu Nacional de História, Atenas, 2019.


Palácio Dolmabahçe, século XIX, em Istambul, 2019.


Versalhes, 2010.

domingo, 15 de maio de 2022

ARTE SACRA

 


Nuremberg, Alemanha, igreja de S. Lorentz, 2010. A maioria das imagens que representam Maria e o menino Jesus mostra uma mulher séria, compenetrada de seus deveres de esposa e mãe. Esta é uma rara imagem em que o escultor escolheu um momento de prazer e diversão entre mãe e filho. Como a igreja estava com as luzes apagadas e o flash sempre é um problema, comprei o postal na sacristia,

sábado, 14 de maio de 2022

SIR MICHAEL CAINE: 90 ANOS

 

Sir Michael Caine completou 90 anos em março. O ator britânico, que se aposentou há dois anos, atuou em mais de cem filmes (dizem que 160), ganhou vários prêmios ‒ tanto Oscar (dois) quanto Framboesa de Ouro (1), sendo este como pior ator em 1981 por seu desempenho em “The Island”. Assisti a vários filmes com ele e vários são memoráveis como Zulu (1964), direção de Cy Endfield; O homem que queria ser rei (1975), dirigido por John Huston; A águia pousou (1976), direção de John Sturges; Vestida para matar (1981), Brian di Palma; O cônsul honorário (1983), dirigido por John Mackenzie; Hannah e suas irmãs (1986), dirigido por Woody Allen e que lhe valeu o primeiro Oscar; Os Safados (1988), de Frank Oz ‒ Oscar. Com Laura, a voz de uma estrela (1998), diretor Mark Herman, Caine ganhou o Globo de Ouro; e com Regras da Vida (1999), de Lasse Hallström recebeu o segundo Oscar. Sem contar a trilogia de Batman (2005-2012) como o mordomo do super-herói: Batman Begins, o Cavaleiro das Trevas e o Cavaleiro das Trevas Ressurge. Em 2021 participou de Best Sellers, quando deu por encerrada a carreira de ator.

         Ele continua bonito e muito simpático. A vida pessoal de artistas raramente me interessa, mas a de Caine é, no mínimo, curiosa. Ele contou em entrevista há alguns anos, que raramente assistia a programas de TV, contudo uma ocasião na companhia de um amigo viu uma jovem em um anúncio e se apaixonou instantaneamente. “Amanhã vamos para o Brasil porque quero conhecê-la” ‒ informou ao amigo, que riu e achou que era brincadeira. Mais tarde encontraram-se com outro amigo que se espantou com a viagem que Michael anunciou e o outro explicou o que havia acontecido. O recém-chegado quis saber em que anúncio a garota aparecia e, por coincidência, a empresa era cliente da agência de publicidade em que ele trabalhava e ele explicou ao rapaz apaixonado que a moça era da Guiana (Britânica) e morava em Londres há poucas quadras dali. Enfim, Michael Caine encontrou-se com a moça cuja única ligação com o Brasil era o anúncio sobre o café que ele vira. De família indiana e muçulmana, ex-Miss Guiana, Shakira (75) fora para a Inglaterra onde trabalhava como modelo e atriz. Ela levou algum tempo até ser conquistada pelo ator e o casamento aconteceu em 1973. Quase cinquenta anos juntos e nada mudou: ele é católico e ela muçulmana.

        A aposentadoria deveu-se a problemas de saúde. Agora Michael Caine dedica-se a escrever. É autor de vários livros (What's it All About? (1993), The Elephant to Hollywood (2010) e Blowing the Doors Off (2018), que venderam bem, segundo ele.  


sexta-feira, 13 de maio de 2022

SEMANA DE CINEMA

E para encerrar Aposentados e perigosos (2010), dirigido pelo alemão Robert Schwentke (1968). Elenco encabeçado por três estrelas: John Malkovich (1953), Morgan Freeman e Bruce Willis (1955). O filme é uma adaptação dos quadrinhos de Warren Ellis e Cully Hammer. Não vi o filme nem conheço os quadrinhos, mas fiquei curiosa para assistir a essa comédia de ação que já teve continuação. Alguns amigos também recomendaram. John Malkovich (1953), Morgan Freeman são dois motivos fortes para aumentar minha curiosidade.



John Malkovich. Foto: Petr Novák (https://commons.wikimedia.org).  


quinta-feira, 12 de maio de 2022

SEMANA DE CINEMA

Amigos inseparáveis (2012), dirigido por Fisher Stevens (1963), é a quarta comédia da semana e reúne Al Pacino (1940), Alan Arkin (1934) e Christopher Walken (1943). Dois amigos se reencontram depois de 28 anos de separação. Motivo? Um deles acabou de sair da prisão e o outro foi esperá-lo, mas em vez de sair regenerado, o ex-presidiário já tem planos para o futuro: vingar a morte do filho. A idade deles parece não ser problema e o filme é cheio de ação. Ainda não vi, mas está na minha lista.



Alan Arkin, um ótimo ator. 


quarta-feira, 11 de maio de 2022

SEMANA DE CINEMA

DESPEDIDA EM GRANDE ESTILO (2017) reúne um trio de primeira qualidade: Morgan Freeman (1937), Michael Caine (1933) e Alan Arkin (1934). A direção é de Zach Braff (1975). Viver de aposentadoria é difícil, caso não se tenha um pé de meia, e piora bastante se houver um banco no caminho, ávido pelos parcos dólares de pensões dos desprevenidos. Neste cenário, três amigos resolvem enfrentar (apesar das mazelas da idade) o banco do pior modo possível ‒ via roubo. Um filme leve e divertido.  

Foto Morgan Freeman: Georges Biard, CC BY-SA. https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=72580707





terça-feira, 10 de maio de 2022

SEMANA DE CINEMA

IDOSA MALVADA

O segundo filme escolhido é de 1984 e chama-se Grace Quigley, dirigido por Anthony Harvey (1930-2017). O elenco é encabeçado por Katharine Hepburn (1907-2003) e Nick Nolte (1941). Uma história banal: mulher idosa, viúva e falida sente-se vencida pelo infortúnio e tenta se suicidar duas vezes; entretanto, não desiste. E do banal a história salta para o original. Ela resolve contratar um bandido para matá-la, mas a situação muda completamente quando o carrasco e a vítima se encontram e descobrem uma atividade muito lucrativa. Parece que há duas refilmagens, mas não conheço. Katharine Hepburn estava com 77 anos e em plena forma quando fez o filme. Humor negro, claro.




segunda-feira, 9 de maio de 2022

SEMANA DE CINEMA

Semana dedicada aos velhinhos transgressores do cinema. Selecionei alguns filmes de épocas diferentes em que idosos por motivos variados ingressam na marginalidade, com resultados hilariantes.

E o primeiro filme que me ocorre é de 1944: “Este mundo é um hospício”, dirigido por Frank Capra (1897-1991) e estrelado por Cary Grant (1904-1986). O enredo é simples: Grant é um crítico de teatro que, às vésperas do casamento, vai visitar suas tias e descobre o segredo das velhinhas, interpretadas por Josephine Hull (1877-1957) e Jean Adair (1873-1953). No elenco, também Peter Lorre (1904-1964). Diversão garantida para todas as idades. 


Um dos meus atores preferidos.



domingo, 8 de maio de 2022

MOMENTOS

Ilustração de Stevan Dohanos (1907-1982).

 
Capa do POST de 1955, assinada por Richard Sargent (1911-1978).


Constantin Alajálov (1900-1987). Capa do POST de 10 de maio de 1947.

sábado, 30 de abril de 2022

TRABALHO

 NÃO FIZ NADA, bem sei, nem o farei,

Mas de não fazer nada isto tirei,

Que fazer tudo e nada é tudo o mesmo,

Quem sou é o espectro do que não serei.

 

Vivemos aos encontros do abandono

Sem verdade, sem dúvida nem dono.

Boa é a vida, mas melhor é o vinho.

O amor é bom, mas é melhor o sono.

 

Fernando Pessoa/ Obra poética.

Empregada da cervejaria (c. 1878), óleo sobre tela de Édouard Manet.

 

Colheita de feno em Éragny (1901), óleo sobre tela de Camille Pissarro (1830-1903).

 

Homens trabalhando (1922), óleo sobre tela da mineira Zina Aita (1900-1967).

 

Costureiras ( 1936), óleo sobre tela de Tarsila do Amaral (1886-1973)


Varredores de Rua [Os Garis] (1935óleo sobre tela de Carlos Prado (1908-1992).


 

CACAU (1938) afresco de Cândido Portinari (1903-1962)

 

Os pescadores (1943), óleo sobre tela do paraibano Tomás Santa Rosa (1909-1956).

 

A moenda (1951), óleo sobre tela de Heitor dos Prazeres (1898-1966).


HORÁRIO DE TRABALHO

Depois da treze poderei sofrer:
antes, não.
Tenho os papéis, tenho os telefonemas,
tenho as obrigações, à hora-certa.

Depois irei almoçar vagamente
para sobreviver,
para aguentar o sofrimento.

Então, depois das treze, todos os deveres cumpridos,
disporei o material da dor
com a ordem necessária

para prestar atenção a cada elemento:
acomodarei no coração meus antigos punhais,
distribuirei minhas cotas de lágrimas.

Terminado esse compromisso,
voltarei ao trabalho habitual.


Cecília Meireles. 

quinta-feira, 28 de abril de 2022

TOMBOS

 

Cair é sempre uma péssima experiência, não apenas pelos riscos de se quebrar, as dores dos machucados e, especialmente, o estranho sentimento de humilhação que nos invade. Como costumo andar com o nariz empinado, levei vários tombos ao longo da vida. Felizmente, nunca me quebrei. Aqui vai o resumo de quatro memoráveis tombos. Anos de 1980. Na esquina da Rua Álvares Penteado com a Direita, naquela época, ali havia postes antigos de iluminação e simpáticos bancos de madeira, onde um idoso observava de um deles o movimento ao redor. Eu estava com pressa e não vi o saco plástico. Um pé entrou por uma ponta e o outro pisou do outro lado. Ao dar outro passo perdi o equilíbrio. Reflexo rápido. Segurei-me no poste, mas foi tal a força do impacto que rodeei o poste com um braço e dei várias voltas em torno dele para não cair. Lembro a expressão espantada do idoso que não deve ter visto a causa do “espetáculo”. Quando recuperei o controle da situação, segui meu caminho sem olhar em volta. Anos depois descobri que ali é o Largo da Misericórdia. 

Anos 1990. Estava com um amigo a caminho de uma entrevista no Centro. Na estação São Bento, ele pegou a saída pelo Vale do Anhangabaú sob meus protestos. Ele garantiu que era mais perto. Ali havia alguns sem-teto estabelecidos. Meu amigo ia à frente e de repente aconteceu... Como? Não tenho ideia. Sei apenas que estava de costas no chão e rodopiava. Uma verdadeira “street dancer”. Acho que foi a reação dos moradores de rua que chamaram atenção do meu amigo que voltou, viu e esperou que eu parasse, estendeu a mão para me ajudar e perguntou se estava bem. Quando se certificou de que não precisava de socorro, apenas sacudir a poeira para chegar em ordem ao escritório do entrevistado, meu amigo teve uma crise de riso que me enfureceu ainda mais.

Anos 2000. Véspera da viagem para Amsterdam. Coloquei um papel sobre a mesa, que foi levado pelo vento e ficou à minha espera no chão. Atração fatal: pisei, escorreguei, segurei na maçaneta da porta, mas não teve jeito. Comecei a cair... Orelhas têm função acústica, mas ignorava que, além de servir para segurar óculos e máscaras, até amortecem pancadas. Bati a cabeça na porta, porém, a orelha aparou o golpe. Quando vi o sangue, resolvi ir à farmácia na esquina onde seu Luís, me acalmou e providenciou um curativo. De volta ao lar, olhei-me no espelho e comecei a rir: para quem ia a Amsterdam, eu estava fantasiada de Van Gogh. 

Berlim estava no mesmo roteiro. Numa manhã gelada, ia entrando na estação do metrô e, logo no primeiro degrau da escadaria junto à calçada, pisei em falso. Quando percebi que ia cair de cara, me segurei no corrimão. Se evitei a queda, torci os dois pés para me equilibrar e coloquei quase todo peso no esquerdo. Dor alucinante. Fiquei paralisada por longos minutos e depois testei os movimentos. Vi do outro lado da rua, na praça, um banco vazio. Praticamente me arrastei até lá e sentei... O banco estava molhado pela chuva noturna. E assim, com os fundilhos molhados, fiquei lá pensando no que fazer: acionar o seguro? Não havia quebrado nada e corria o risco de me mandarem de volta para o Brasil, quando ainda faltavam quinze dias de viagem. Continuei o passeio mancando; manquei em Praga e manquei em Viena. No Brasil, procurei um ortopedista que não encontrou nada errado com os meus pés e me pôs para correr.

        Comentário perfeito da amiga Clea ao saber do mais recente tombo: “É o que a gente chama de batidão... Primeiro o susto por perceber que o chão tá chegando perto do rosto. Depois a raiva por não conseguir evitar. Em seguida a dor e por último tentar levantar com a periferia toda olhando. O jeito é colocar a culpa no prefeito que não zela pelas calçadas. Só depois pensar melhor se era um buraco, se a calçada estava em ordem e o pé que falseou, se a vista fraquejou, se foi escorregão, se foi distração...”.


sábado, 23 de abril de 2022

SANTA CRUZ, RIO DE JANEIRO.

 

Solar dos Araújos (1895), pertenceu ao capitão Araújo de tradicional família de Santa Cruz. 

Gastei mais tempo no trajeto ferroviário de ida e volta do Rio de Janeiro a Santa Cruz do que propriamente no distrito. Meu destino era a Base Aérea e fui informada que era longe da estação. O conselho da simpática jovem a quem pedi informações foi chamar Uber, explico que não uso o aplicativo; ela pergunta se estou disposta a ir de mototáxi. Dou risada. Vou de táxi. Ela me indica a direção do ponto próximo. 

Gostei do bairro à primeira vista. No entorno da estação há um mar de barraquinhas que ocupam as calçadas em frente às lojas comerciais. Tudo muito colorido, agitado e barulhento. Consulto o taxista, ele explica que é meio complicado entrar na Base, que o hangar é longe da entrada, enfim, nas entrelinhas, fica a ideia de que a idosa não suportaria a distância. O que ele não sabe é que, felizmente, distâncias não me assustam. Aproveita para mostrar alguns lugares históricos da cidade ‒ sim, mais que um bairro Santa Cruz parece uma pequena cidade do extremo oeste carioca.

        Tudo começou com a Fazenda de Santa Cruz doada aos jesuítas que a desenvolveram e a propriedade chegou abranger a área entre Mangaratiba e Vassouras. O latifúndio era identificado por uma imensa cruz de madeira. Tudo terminou quando o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas de Portugal em 1759 e as propriedades da Companhia de Jesus foram transferidas para a Coroa e, no Brasil, subordinaram-se aos vice-reis. A chegada da família real em 1808 mudou o panorama local, quando a fazenda tornou-se lugar de veraneio, tendo o convento sido transformado em paço real ou Palácio Real de Santa Cruz e, com a independência, Palácio Imperial de Santa Cruz.

        A presença dos príncipes impulsionou o desenvolvimento de Santa Cruz. Assim, quando a ferrovia chegou em 1878, o lugar era havia muitos anos o local preferido da família real para longas estadias. Foi lá também que se instalou a primeira agência postal do Brasil em 22 de novembro de 1842.

O Palácio Imperial hoje abriga a sede do Batalhão-Escola de Engenharia ‒ Batalhão Vilagran Cabrita. O Palacete Princesa Isabel, muito bem conservado, foi inaugurado pelo imperador D. Pedro II em 1881 para ser a sede administrativa do matadouro público e a meta da prefeitura é transformá-lo em Centro Cultural Princesa Isabel. A bela fonte Wallace, um dos cem exemplares doados pelo filantropo inglês Sir Richard Wallace a várias cidades do mundo no século XIX, também faz parte da história imperial em Santa Cruz.

O hangar do Zeppelin, que me atraiu, foi inaugurado em dezembro de 1936 e é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Para os mais jovens o Zeppelin é a denominação do aeróstato (grosso modo, um balão inflado por 200 mil m³ de hidrogênio) dirigível criado pelos alemães nos anos de 1930 para viagens transatlânticas. O primeiro a pousar no Brasil foi em 21 de maio de 1930 em Recife e no dia 25 pousou no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Houve mais três viagens até que fosse inaugurado o hangar em Santa Cruz. Ao todo foram nove viagens entre Brasil e Alemanha, mas a tragédia de Nova York em 1937 ‒ o incêndio do Hindenburg que causou a morte de 35 pessoas ‒ e o panorama político internacional provocaram o fim da era de transporte por balões.

O hangar brasileiro é um dos raros do mundo que estão preservados, mas infelizmente não foi ainda desta vez que consegui visitar o hangar. Mais um motivo para voltar ao Rio de Janeiro.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

ERRO DE PORTUGUÊS (1927)

Quando o português chegou

debaixo duma bruta chuva

vestiu o índio

que pena!

fosse uma manhã de sol

o índio tinha despido o português

 

Oswald de Andrade (1890-1954). Gosto demais desse pequeno poema. Tanto quanto da composição do grande Lamartine Babo (1904-1963). Sempre é bom lembrar que é uma marchinha de Carnaval e o compromisso com o oficial não é lá o forte dessa festa nacional. Lamartine fala de invenção e não de descoberta; Severa é a mascote da Associação Portuguesa de Desportos, Paraty, marca de cachaça e o Mossoró foi o cavalo ganhador do primeiro Grande Prêmio Brasil de hipismo em 1933, na Gávea. 

HISTÓRIA DO BRASIL (1933)


Almirante como era conhecido o radialista, compositor e cantor Henrique Foréis Domingues (1908-1980). 


 

Quem foi que inventou o Brasil?

Foi seu Cabral!

Foi seu Cabral!

No dia vinte e um de abril

Dois meses depois do carnaval

 

Depois

Ceci amou Peri

Peri beijou Ceci

Ao som...

Ao som do Guarani!

 

Do Guarani ao guaraná

Surgiu a feijoada

E mais tarde o Paraty

 

Depois

Ceci virou Iaiá

Peri virou Ioiô

 

De lá...

Pra cá tudo mudou!

Passou-se o tempo da vovó

Quem manda é a Severa

E o cavalo Mossoró

 

Lamartine Babo (1904-1963).

sexta-feira, 15 de abril de 2022

CENTRAL DO BRASIL

Em 2022 estava no Rio de Janeiro e fui conhecer um dos últimos hangares de Zeppelin do mundo que fica em Santa Cruz, que já foi cidade imperial. Vou de trem, trem parador. Embarco na Central do Brasil. Dia quente. Trajeto longo. Uma senhora cochila no banco à minha frente. Um homem sentado ao meu lado toma tranquilamente o café da manhã: pão e salgadinhos. Tudo tranquilo. Um grupo comenta a política nacional e a guerra da Ucrânia à moda de cada um. As estações vão passando: São Cristóvão, Maracanã (onde assisti ao primeiro show de Paul McCartney no Brasil). As coisas começam a mudar. Ambulantes aos poucos tomam conta do vagão oferecendo produtos incríveis. O som do trem e o alarido dos vendedores tornam o ambiente ensurdecedor. O homem termina o café, joga o lixo na lixeira e se acomoda com o celular. Observo os vendedores. A maioria parece se conhecer de longa data ‒ 90% são homens, usam basicamente bermudas, havaianas e camisetas coloridas. Muitos carregam um fardo fantástico: numa haste em forma de bengala, penduram as bugigangas que formam uma espécie de árvore de natal e engancham no apoio de mãos do vagão para a freguesia escolher, enquanto eles vão de um lado para o outro aos berros. Os passageiros brindados com penduricalho repleto de mercadorias, que balouça de um lado para o outro no ritmo do veículo, têm que se esquivar o tempo todo.

 “Mangueira teu cenário é uma beleza/ Que a natureza criou… Sei lá, não sei”. O samba é de 1956. A Mangueira que vejo da estação é um cenário triste. Meu vizinho liga para o filho, quer saber se tomou café, manda o garoto agradecer à avó, indica o canal de cartoon, desliga e se prepara para descer. A camiseta é do Flamengo (parece que não tem nem fusca nem violão; será que “tem uma negra chamada Teresa”?)

Ninguém morrerá de sede ou fome nessa viagem extraordinária: água, refrigerante, cerveja; biscoito, chocolates, empadinhas, canudinhos recheados com vários tipos de creme, linguiça mineira com pimenta, bacon em cubos da Sadia. Mentex! Um senhor embarca oferecendo café, leite, chocolate, e “deliciosos sanduíches”. Encontra um conhecido, que o apresenta para o “auditório”:  ele alugou a casa e mudou do antigo bairro porque era difícil chegar ao trabalho. Despedem-se. O senhor vai oferecendo seus produtos. Alguém vende um porta-joias para “guardar cordãozinho, brinquinhos e aliança”. S. Francisco Xavier.

Todos aceitam cartões e Pix. Riachuelo. Surge um idoso alcoolizado e de bengala. Engenho Novo. Avisa que vai cantar. O repertório é de Roberto Carlos: “Eu tenho tanto para lhe falar”, mas acabou aí e saiu levado por um conhecido no mesmo estado. Ninguém reclamou. Passamos por um estádio (Estação Olímpica de Engenho de Dentro ‒ “Quem não saltar agora / Só em Realengo”e pergunto ao meu novo vizinho, se é de algum clube. Botafogo.

Um homem atende ao telefone e diz aos berros que já está em Marechal Hermes. Mentira: estamos em Piedade. O cantor volta e explica à plateia desinteressada que não pode cantar porque está com a garganta seca. Pede água. Ninguém se mexe. Madureira ‒ “Madureira chorou de dor...” Eu de cansaço. Oswaldo Cruz (lugar de samba). Longas pausas no percurso: Realengo, Mocidade/ Padre Miguel ‒ e não é que Padre Miguel já foi Moça Bonita? Bangu ‒ onde avisto Vovó Kiki instalada num banquinho na plataforma, vendendo quentinhas a R$ 10. Um vendedor entra animado, abre a sacola e começa a vender facas. Facas?

Resolvo perguntar ao meu vizinho se falta muito para Santa Cruz e ele começa a enumerar as estações restantes entre as quais ouço Paciência. “Paciência eu tenho, moço.” Ele ri. Enfim, chegamos à Santa Cruz! Esta é outra história.

O percurso de hora e meia durou mais de duas horas, que me proporcionaram uma visão real do que você imagina que sejam os subúrbios dos grandes centros brasileiros.  



Estação de Santa Cruz, Rio de Janeiro.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

RAFAEL

 

Às vezes me divirto lendo críticos e suas interpretações sobre arte. No caso de obras cujos autores morreram sem deixar indícios de sua intenção ao realizar o trabalho, vale qualquer explicação. Aliás, a observação de obras de arte é sempre instigante porque o espectador ‒ como o artista ‒ pode dar asas à imaginação. Nem sempre em sintonia com o autor. Depois de passar uma semana revisando um catálogo de arte, nada como retomar a o blog com ninguém menos do que Rafael Sanzio, que nasceu há 539 anos ‒ 6 de abril.

Não tenho a pretensão de escrever sobre o mestre. Lembro apenas que a primeira vez que fui ao Museu do Vaticano, na entrada da Capela Sistina, mudei de direção quando vi as pinturas maravilhosas de Rafael e fui admirá-las primeiro. Para marcar a data escolhi o autorretrato pintado entre 1504 e 1506; entretanto, não resisto à expressividade e ao encanto dos dois anjos que se veem na parte inferior de Madonna Sistina (1513), acervo da Galeria Alte Meister em Dresden, Alemanha.

Rafael morreu aos 37 anos em Roma. E também em outro 6 de abril...

Detalhe do quadro abaixo.




sábado, 2 de abril de 2022