sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O LEGADO DE EMA
(Casas paulistanas)

Não seria exagero dizer que a casa de Ema Klabin (1907-1994) é a joia do Jardim Europa. Ema Klabin era uma mulher rica, culta e de bom gosto como atestam os objetos artísticos que foi adquirindo ao longo da vida. Nos anos 50, ela decidiu partilhar a beleza com outras pessoas e mandou construir em um terreno de quatro mil metros quadrados na Rua Portugal, a casa projetada pelo arquiteto Alfredo Ernesto Becker para abrigar o seu acervo. O arquiteto inspirou-se no Palácio Sanssouci (Postdam, Alemanha). Coube ao paisagista Burle Marx (1909-1994) criar os jardins. A decoração do interior e a distribuição dos objetos foram trabalho do italiano Terri Della Stuffa. A casa, que tem 900m², ficou pronta em 1960 e Ema mudou-se para o novo endereço, onde ficou até morrer.
                Graças à criação da Fundação Ema Klabin em 1978, que transformou a residência em museu, é possível conhecer o mundo dessa mulher que, com a morte do pai em 1946, ingressou no mundo empresarial. 
               O vestíbulo é decorado com peças de várias procedências e épocas. Uma galeria semicircular permite que os visitantes tenham acesso aos espaços públicos da casa sem interferir na área privada, que fica isolada. Ela constituída por um quarto de hospedes (com banheiro  – o mais feio da casa –, um closet e um armário para malas) e pelo dormitório de Ema (uma sala, o quarto e um belo banheiro revestido de vidro leitoso com amplas janelas para o jardim).
                No quarto de hospedes, o mobiliário é de jacarandá, em uma das paredes uma tapeçaria persa, que pertenceu à família Klabin por muitos anos, e várias pinturas entre as quais se destaca uma paisagem do Rio de Janeiro, Tarsila do Amaral, datada de 1923. O sono de Ema, numa cama veneziana (século XVIII), era embalado por telas de Lasar Segall, Portinari e Di Cavalcanti e esculturas Brecheret e Bruno Giorgi, além de peças de marfim. Um destaque é uma máquina de costura entre a saleta e o dormitório. 
               A galeria semicircular dá acesso à sala de jantar – mesa posta para uma refeição sofisticada. Nas paredes, nada menos do que obras de Bruegel, Renoir, Vlaminck e Segall além de talhas de mestre Valentim da Fonseca e Silva, provenientes da Igreja de São Pedro dos Clérigos, no Rio de Janeiro, que Getúlio Vargas mandou demolir em 1943 para abrir a avenida que levou o nome do ditador.
               O salão, com vários ambientes, reúne as peças mais raras de Ema. No fundo, a sala de música, onde se destacam um belo piano de cauda (Erard, 1911) e telas de Chagall. Por fim, a pequena e aconchegante biblioteca (ou escritório) cuja janela se abre para o jardim.

Vista da galeria. Foto: site da Fundação.
               
 A Fundação Ema Gordon Klabin: Rua Portugal, 43 - Jardins. Tel.: 11-3062-5245. A entidade promove uma variada programação cultural.

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