ESCOLA PORTUGUESA
Quando completei sete anos, minha avó levou- me para visitar e escolher
entre as três escolas boas cujas mensalidades eram acessíveis ao bolso da
família: Escola Portuguesa, Liceu Feminino Santista e Colégio
Coração de Maria. Eu nem quis conhecer o colégio das freiras; o Liceu era
muito sério, com muros altos. Escolhi a Escola Portuguesa que
lembrava uma residência e tinha portões prateados, que se abriam para um jardim
cheio de flores coloridas, com um imenso galpão nos fundos.
Se alguém acha que foi uma
temeridade da avó Maria deixar por minha conta a escolha, engana-se. Acho até
que as mensalidades eram mais acessíveis, sem contar que ficava mais perto de
casa coisinha pouca. Na Escola Portuguesa, chegávamos cedo, cantávamos
o Hino Nacional e o Hino Português; aprendemos história de Portugal e ficamos
familiarizados desde cedo com Camões e com a história lusitana, íntimos até do trágico
amor de Inês de Castro, a que foi rainha depois de morta.
Os diretores eram D. Mercedes e
seu Antonio Tavares. As primeiras professoras foram Dona Branca e D. Eurídice
que, nas fotos guardadas todos esses anos, mantêm todo o frescor da juventude.
Entre a garotada lembro-me de Almir, Jaime, Joaquim, Inês, Mavetse, Dilma,
Regina, Vitória, Maria Helena... Da maioria, entretanto, não guardei o nome.
A escola era mista, mas na hora do
recreio, meninos ficavam de um lado e as meninas do outro. Nas festas juninas,
vestíamos as fantasias para dançar quadrilha e pular fogueiras de “mentirinha”;
no fim do ano, íamos para o palco que havia no fundo da quadra para
apresentações que as professoras organizavam com muito carinho.
Em uma dessas festas eu dancei
toda vestida de branco – era um vestido de organdi, muito armado – e levava uma
cesta de flores. Não tenho a mais remota ideia da música que meu grupo
apresentou. Acho que era uma valsa, entretanto, jamais me esqueci das duas
crianças que deram um show interpretando Boneca de Piche, samba
de Ary Barroso e Luiz Iglesias. Adorei.
Graças à Internet e às
comunidades, reencontrei Dilma – uma avó orgulhosa dos netos, assim como
descobri que o amigo José Carlos estudou por lá, um pouco antes de mim.
Quanto à Escola Portuguesa (Rua
Sete de Setembro) continua viva, funcionando no mesmo prédio, mas passou para a
Prefeitura de Santos. (Publicado em 28/02/2009)
Só recentemente soube, que a apresentação aconteceu na formatura do primário. (Foto cedida por Dilma.) |
2 comentários:
Ótimas lembranças....
Nem me fale. Beijos.
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