VELHICE NO CINEMA
Idosos sempre
renderam boas histórias no cinema. Um bom exemplo é a comédia “Este mundo é um
manicômio”, com Cary Grant, dirigido por Frank Capra em 1944. Trata-se de um
crítico teatral (Grant) que visita as velhas tias na véspera do casamento e
descobre os estranhos hábitos dos parentes nada inofensivos. Em 1955, a atriz
britânica Katie Jonhson (1878-1957) protagonizou uma velhinha
ingênua, atenciosa e distraída que, sem ter menor noção do que ocorre ao redor,
acaba com os planos de uma quadrilha para roubar um banco e ainda se dá bem. O
filme é “Matadores de Velhinhas”, dirigido por Alexander Mackendrick e com Alec
Guiness e Peter Lorre. Muito
melhor que a refilmagem de 2004.
Quando
a velhice chega e tudo parece sem esperança, Grace Quigley resolve apressar as coisas,
contratando um assassino de aluguel, mas o contratado e a cliente acabam
formando uma dupla de morte. O filme de
1984 é “Grace Quigley – Um jogo de Vida e Morte”, dirigido por Anthony Harvey.
No elenco estão Katharine Hepburn sempre elegante e Nick Nolte estressado como
de costume. Quem não se lembra de “Conduzindo Miss Daisy” (1989), com Morgan
Freeman e Jessica Tandy e direção de Bruce
Beresford
Mais recentes e
ótimos são “O Exótico Hotel Marigold” (2011, direção de John Madden) e “E
se vivêssemos todos juntos?” (2012, direção de Stéphane Robelin).
Gostei mais do filme de John Madden, que trata de pessoas que enfrentam a velhice
com coragem e determinação e saem em busca de um recomeço. O filme de Stéphane
Robelin, que tem Jane Fonda no elenco, mostra de forma muito delicada um grupo de amigos enfrentando juntos
dois tipos de morte – a física e a mental. Nas duas histórias os jovens
têm um papel importante. “O Quarteto” (2013, direção de Dustin
Hoffman) vale pelas paisagens e pela música.
Há outros filmes
muito bons como “Almoço em Agosto” (2009, direção de Gianni Di
Gregorio). O argentino “Elza e Fred” (2005), dirigido por Marcos Carnevale. O cinema brasileiro tem Chuvas de
Verão (1978), de Cacá Diegues, com inesquecível interpretação de Jofre
Soares. Na linha de documentário, em 1999, Win Wenders fez um belíssimo
trabalho com o seu “Buena Vista Social Club” sobre a história de um
grupo de grandes artistas cubanos dos anos 1950, que viveram por muito tempo no
ostracismo. É emocionante sob todos os aspectos.
“Ginger e Fred” (1986),
de Federico Fellini, é o meu preferido. Marcello Mastroianni (1924-1996) tem
como sempre em interpretação maravilhosa. É de Fellini também “Entrevista” (1987),
em que Mastroianni reencontra Anita Eckberg (1931-2015) vinte e sete anos
depois de “La Dolce Vita”. Não é à toa que ela chora quando vê a projeção
do filme. Na ocasião, ela já estava com 56 anos e ele com 63 e ainda muito
bonitos.
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