terça-feira, 16 de agosto de 2016

VELHICE NO CINEMA
Idosos sempre renderam boas histórias no cinema. Um bom exemplo é a comédia “Este mundo é um manicômio”, com Cary Grant, dirigido por Frank Capra em 1944. Trata-se de um crítico teatral (Grant) que visita as velhas tias na véspera do casamento e descobre os estranhos hábitos dos parentes nada inofensivos. Em 1955, a atriz britânica Katie Jonhson (1878-1957) protagonizou uma velhinha ingênua, atenciosa e distraída que, sem ter menor noção do que ocorre ao redor, acaba com os planos de uma quadrilha para roubar um banco e ainda se dá bem. O filme é “Matadores de Velhinhas”, dirigido por Alexander Mackendrick e com Alec Guiness e Peter Lorre. Muito melhor que a refilmagem de 2004.

Quando a velhice chega e tudo parece sem esperança, Grace Quigley resolve apressar as coisas, contratando um assassino de aluguel, mas o contratado e a cliente acabam formando uma dupla de morte.  O filme de 1984 é “Grace Quigley – Um jogo de Vida e Morte”, dirigido por Anthony Harvey. No elenco estão Katharine Hepburn sempre elegante e Nick Nolte estressado como de costume. Quem não se lembra de “Conduzindo Miss Daisy” (1989), com Morgan Freeman e Jessica Tandy e direção de Bruce Beresford
Mais recentes e ótimos são “O Exótico Hotel Marigold” (2011, direção de John Madden) e “E se vivêssemos todos juntos?” (2012, direção de Stéphane Robelin). Gostei mais do filme de John Madden, que trata de pessoas que enfrentam a velhice com coragem e determinação e saem em busca de um recomeço. O filme de Stéphane Robelin, que tem Jane Fonda no elenco, mostra de forma muito delicada um grupo de amigos enfrentando juntos dois tipos de morte – a física e a mental. Nas duas histórias  os jovens têm um papel importante.  “O Quarteto” (2013, direção de Dustin Hoffman) vale pelas paisagens e pela música.
Há outros filmes muito bons como “Almoço em Agosto” (2009, direção de Gianni Di Gregorio). O argentino “Elza e Fred” (2005), dirigido por Marcos Carnevale. O cinema brasileiro tem Chuvas de Verão (1978), de Cacá Diegues, com inesquecível interpretação de Jofre Soares. Na linha de documentário, em 1999, Win Wenders fez um belíssimo trabalho com o seu “Buena Vista Social Club” sobre a história de um grupo de grandes artistas cubanos dos anos 1950, que viveram por muito tempo no ostracismo. É emocionante sob todos os aspectos. 
“Ginger e Fred” (1986), de Federico Fellini, é o meu preferido. Marcello Mastroianni (1924-1996) tem como sempre em interpretação maravilhosa. É de Fellini também “Entrevista” (1987), em que Mastroianni reencontra Anita Eckberg (1931-2015) vinte e sete anos depois de “La Dolce Vita”. Não é à toa que ela chora quando vê a projeção do filme. Na ocasião, ela já estava com 56 anos e ele com 63 e ainda muito bonitos.
         
Marcello Mastroianni e Giulietta Masina como Fred e Ginger.
 



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