Não seria exagero dizer que a casa de Ema
Klabin (1907-1994) é a joia do Jardim Europa. Ema Klabin era uma mulher rica,
culta e de bom gosto como atestam os objetos artísticos que foi adquirindo ao
longo da vida. Nos anos 50, ela decidiu partilhar a beleza com outras pessoas e
mandou construir em um terreno de quatro mil metros quadrados na Rua Portugal,
a casa projetada pelo arquiteto Alfredo Ernesto
Becker para abrigar suas coleções. O arquiteto inspirou-se no Palácio
Sanssouci (Postdam, Alemanha). Coube ao paisagista Burle Marx (1909-1994) criar
os jardins. A decoração do interior e a distribuição dos objetos foram trabalho
do italiano Terri Della Stuffa. A casa, que tem 900m², ficou pronta em 1960 e
Ema mudou-se para o novo endereço, onde ficou até morrer.
Graças à criação da Fundação Ema Klabin em
1978, que transformou a residência em museu, é possível conhecer essa senhora que, com a morte do pai em 1946, ingressou no mundo empresarial.
O
vestíbulo é decorado com peças de várias procedências e épocas. Uma galeria
semicircular permite que os visitantes tenham acesso aos espaços públicos da
casa sem interferir na área privada, que fica isolada. Esta é constituída por
um quarto de hóspedes (com banheiro – o mais feio da casa –, um closet e um armário para malas) e pelo
dormitório de Ema (uma sala, o quarto e um belo banheiro revestido de vidro
leitoso com amplas janelas para o jardim).
No quarto de hospedes, o mobiliário é de
jacarandá; em uma das paredes uma tapeçaria persa, que pertenceu à família
Klabin por muitos anos, e várias pinturas entre as quais se destaca uma
paisagem do Rio de Janeiro, de Tarsila do Amaral, datada de 1923. O sono de
Ema, numa cama veneziana (século XVIII), era embalado por telas de Lasar
Segall, Portinari e Di Cavalcanti e esculturas Brecheret e Bruno Giorgi, além
de peças de marfim. Um destaque é uma máquina de costura entre a saleta e o
dormitório.
A
galeria semicircular (repleta de peças raras e de bom gosto) dá acesso à sala
de jantar – mesa posta para uma refeição sofisticada. Nas paredes, nada menos
do que obras de Bruegel, Renoir, Vlaminck e Segall além de talhas de mestre
Valentim da Fonseca e Silva, provenientes da Igreja de São Pedro dos Clérigos,
no Rio de Janeiro, que Getúlio Vargas mandou demolir em 1943 para abrir a
avenida que levou o nome do ditador.
O
salão, com vários ambientes, reúne as peças mais raras de Ema. No fundo, a sala
de música, onde se destacam um belo piano de cauda (Erard, 1911) e telas de
Chagall. Por fim, a pequena e aconchegante biblioteca (ou escritório) cuja
janela se abre para o jardim.
A Fundação Ema Gordon Klabin promove uma
variada programação artística. Rua
Portugal, 43 (esquina com Avenida Europa) e as visitas têm que ser
agendadas. Tel.: 11-3062-5245.
Vista da galeria. Foto: site da Fundação. |
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