ANO NOVO
Quando
o homem começou a contar o tempo, usou basicamente as estações do ano – a época
do frio, do florescimento, do calor e de temperaturas em declínio. Depois,
adotou o calendário que podia se basear no movimento do Sol ou da Lua. À medida
que avançavam os conhecimentos de Astronomia, o calendário solar tornou-se mais
refinado – com 365 dias e com mais um dia a cada quatro anos para compensar a
diferença ao longo do quadriênio. Durante séculos usou-se o calendário
introduzido pelo imperador romano Júlio César em 45 a. C.
Dionísio
Exíguo (1470-1544) foi o primeiro a usar o ano do suposto nascimento de Cristo
como referência para a datação dos eventos. Como os romanos datavam as
efemérides a partir da fundação de Roma, Dionísio resolveu criar um calendário
a partir do nascimento de Jesus – o Anno
Domini (Ano do Senhor em latim). Para os cálculos usou o Evangelho de S.
Lucas, segundo o qual Jesus teria trinta anos no 15º ano do reinado de Tibério
e como Tibério substituiu Augusto em 19 de agosto do ano 767 da fundação de
Roma, ele calculou que Jesus nasceu no ano 753. Há, entretanto, discrepâncias,
se a fonte for o Evangelho de S. Mateus, e dessa forma existiria uma diferença
de quatro anos na data de Dionísio Exíguo, de acordo com estudiosos.
O dia 1º de janeiro marca
o início do ano novo estabelecido pelo Papa Gregório em 1582 para corrigir a
defasagem de treze dias que havia entre o calendário juliano e a data real da
mudança de estações. A reforma foi adotada por todos os países; contudo, a
Igreja Católica Ortodoxa (com forte presença na Rússia, Sérvia e outros países
do Leste Europeu) manteve o calendário juliano e comemora o Ano Novo no dia 14
de janeiro.
Povos antigos mantêm a
tradição do ano novo lunar – como judeus, chineses e islâmicos, embora pautem a
vida cotidiana pelo calendário atual. Os judeus estão no ano 5778 e começarão a
celebrar o Rosh Hashaná no por do sol de 9 de setembro. Para os chineses este é
o ano 4715 e em 16 de fevereiro de 2018 começará um novo ano. Coreanos e
vietnamitas seguem o mesmo calendário. Os japoneses fizeram o mesmo até 1873,
mas após a restauração da dinastia Meiji, eles adotaram o calendário gregoriano.
Os islâmicos estão no ano
1439 – que começou em 21 de setembro e se estenderá até 10 de setembro de 2018.
O calendário começa a partir da fuga (Hégira) de Maomé de Meca para Medina em
16 de julho de 622.
Cada povo festeja o novo
ano quando quiser, afinal, 1º de janeiro é apenas um dia como outro qualquer em
que o sol se levanta e se põe, seja verão ou inverno – dependendo do hemisfério
em que nos encontramos. É somente um registro para organização administrativa
da sociedade.
Algumas superstições comuns
nesse dia tiveram origem em diversas culturas. Os chineses soltavam fogos para
espantar os maus espíritos. Marco Polo (1254-1323) conta no seu “Livro das
Maravilhas” que os tártaros comemoravam o primeiro dia do ano em fevereiro. Todos
vestiam-se de branco porque acreditavam que essa cor simboliza “grande alegria”
e trará bem-estar durante todo o ano. Era nessa época também que presenteavam
regiamente o Grã-Cã.
Ilustração: "Janeiro", das "Riquíssimas Horas do Duque de Berry", c. 1415. Obra dos Irmãos Limbourg. Museu Condé, Chantilly, França.
Ilustração: "Janeiro", das "Riquíssimas Horas do Duque de Berry", c. 1415. Obra dos Irmãos Limbourg. Museu Condé, Chantilly, França.
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