domingo, 31 de dezembro de 2017

ANO NOVO

Quando o homem começou a contar o tempo, usou basicamente as estações do ano – a época do frio, do florescimento, do calor e de temperaturas em declínio. Depois, adotou o calendário que podia se basear no movimento do Sol ou da Lua. À medida que avançavam os conhecimentos de Astronomia, o calendário solar tornou-se mais refinado – com 365 dias e com mais um dia a cada quatro anos para compensar a diferença ao longo do quadriênio. Durante séculos usou-se o calendário introduzido pelo imperador romano Júlio César em 45 a. C.
Dionísio Exíguo (1470-1544) foi o primeiro a usar o ano do suposto nascimento de Cristo como referência para a datação dos eventos. Como os romanos datavam as efemérides a partir da fundação de Roma, Dionísio resolveu criar um calendário a partir do nascimento de Jesus – o Anno Domini (Ano do Senhor em latim). Para os cálculos usou o Evangelho de S. Lucas, segundo o qual Jesus teria trinta anos no 15º ano do reinado de Tibério e como Tibério substituiu Augusto em 19 de agosto do ano 767 da fundação de Roma, ele calculou que Jesus nasceu no ano 753. Há, entretanto, discrepâncias, se a fonte for o Evangelho de S. Mateus, e dessa forma existiria uma diferença de quatro anos na data de Dionísio Exíguo, de acordo com estudiosos.
O dia 1º de janeiro marca o início do ano novo estabelecido pelo Papa Gregório em 1582 para corrigir a defasagem de treze dias que havia entre o calendário juliano e a data real da mudança de estações. A reforma foi adotada por todos os países; contudo, a Igreja Católica Ortodoxa (com forte presença na Rússia, Sérvia e outros países do Leste Europeu) manteve o calendário juliano e comemora o Ano Novo no dia 14 de janeiro.
Povos antigos mantêm a tradição do ano novo lunar – como judeus, chineses e islâmicos, embora pautem a vida cotidiana pelo calendário atual. Os judeus estão no ano 5778 e começarão a celebrar o Rosh Hashaná no por do sol de 9 de setembro. Para os chineses este é o ano 4715 e em 16 de fevereiro de 2018 começará um novo ano. Coreanos e vietnamitas seguem o mesmo calendário. Os japoneses fizeram o mesmo até 1873, mas após a restauração da dinastia Meiji, eles adotaram o calendário gregoriano.
Os islâmicos estão no ano 1439 – que começou em 21 de setembro e se estenderá até 10 de setembro de 2018. O calendário começa a partir da fuga (Hégira) de Maomé de Meca para Medina em 16 de julho de 622.
Cada povo festeja o novo ano quando quiser, afinal, 1º de janeiro é apenas um dia como outro qualquer em que o sol se levanta e se põe, seja verão ou inverno – dependendo do hemisfério em que nos encontramos. É somente um registro para organização administrativa da sociedade.  

Algumas superstições comuns nesse dia tiveram origem em diversas culturas. Os chineses soltavam fogos para espantar os maus espíritos. Marco Polo (1254-1323) conta no seu “Livro das Maravilhas” que os tártaros comemoravam o primeiro dia do ano em fevereiro. Todos vestiam-se de branco porque acreditavam que essa cor simboliza “grande alegria” e trará bem-estar durante todo o ano. Era nessa época também que presenteavam regiamente o Grã-Cã.

Ilustração: "Janeiro", das "Riquíssimas Horas do Duque de Berry", c. 1415. Obra dos Irmãos Limbourg.  Museu Condé, Chantilly, França. 

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