CINE CAIÇARA
“Num local que está destinado a se tornar o ponto de atração nº 1 da
cidade, surge este cinema, que, sem favor, pode ser colocado entre os melhores
do Brasil! Luxuoso! Confortável! Poltronas estofadas! Aparelhos de ar condicionados
moderníssimos!” Se há um exagero no anúncio, certamente, diz respeito à
quantidade de pontos de exclamação, pois o Cine Caiçara foi mesmo uma das
melhores salas do país.
O empresário Domingos Fernandes Alonso foi o responsável pelo presente
que a cidade recebeu no dia 15 de maio de 1952. A nova casa de espetáculos foi
construída no mesmo local em que funcionara o antigo Miramar (Avenida Conselheiro
Nébias, 851), onde aconteceu a exibição do primeiro filme em Santos.
O novo cinema, que
comportava 1800 pessoas, era dotado de três projetores de última geração. A
empresa se preocupou em proporcionar ao espectador conforto para que usufruísse
melhor do momento de diversão. Assim, desde a bilheteria até a ampla sala de
espera em tom cinza com painéis de pastilhas brilhantes, tudo foi pensado para
evitar aborrecimento (hoje seria estresse). Uma galeria de circulação ligava
o hall de entrada ao de saída. O salão de espetáculos foi
decorado em tons de verde. A tela era de matéria plástica “permitindo extraordinária
e nítida projeção”, de acordo com o anúncio. Em um cinema, poltronas são fundamentais
e as do Caiçara eram estofadas, revestidas de couro verde e dispostas de tal
forma que espectador teria perfeita visibilidade de qualquer ponto da sala. No
verão santista, o público poderia contar com ar condicionado Westinghouse. Detalhes
importantes para tranquilizar o público: “Esplêndidas instalações sanitárias
para homens e senhoras, cabine telefônica isolada, bebedouro de água gelada e
um jardim tropical (...)”.
Para a inauguração foram distribuídos convites para autoridades,
imprensa e críticos de cinema e a renda da bilheteria foi destinada à Gota de
Leite, entidade beneficente de atendimento às crianças carentes. Na reportagem
do dia seguinte, uma foto mostra o salão de 1762 lugares quase lotado minutos
antes do início da sessão e outra, os convidados entre os quais se destacam o
diretor de A TRIBUNA, M. Nascimento Jr., o deputado Athié Jorge Coury, Djalma
Freixo e J. B. Andrade.
A reportagem permite que se tenha uma noção do comércio da cidade em
1952 ao listar os estabelecimentos onde o público poderia comprar os ingressos
para a inauguração do Caiçara: Modas Teixeira, Modas Linda, Relojoaria Eska, A Lausanne Têxtil, SEARS, Instituto de
Beleza Parque Balneário, Marquesa de Sevigné
e Casa Leblon.
*Melhor filme, melhor fotografia colorida,
melhor direção de arte colorida, melhor figurino colorido, melhor trilha sonora
em musical.
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