MÃES...
Três histórias
sobre mães.
Ponto do ônibus,
início de uma tarde de dezembro. A mãe está recostada no muro do prédio
enquanto o filho de quatro anos, creio, saltita de um lado para outro e fala
pelos cotovelos. Ela parece longe. Creio que são coreanos. O ônibus chega, ela
coloca o menino no banco alto da entrada e dá plantão ao lado dele. O garoto
continua tagarelando e tem um brinquedo estranho que ele gira para lá e para cá
até que uns cinco minutos depois cai no chão. A mãe aproveita que o veículo
parou e pega o brinquedo, mas ao entregar passa-lhe um belo pito em voz baixa,
mas severa – ah! Isso não precisa de tradução. Não entendi nada, mas foi
eficiente. Ele a abraçou e depois ficou quietinho, olhando pela janela o
trânsito e as pessoas apressadas.
Anos 1990. A
pauta era sobre a chegada dos calouros de fora da cidade que iam morar no CRUSP
(Conjunto Residencial da USP). Jovens entre 18 e 20 anos, sozinhos na maior
universidade do país, numa cidade fantástica, longe do controle de pai e mãe...
Ah! Que festa! Em um lugar estratégico avaliava as reações, os comentários,
obsevava os rostos animados ou ressabiados, mas todos vivendo a novidade do
momento. Notei um rapaz alto, carregando uma maleta e muito emburrado. Caminhava
rapidamente como se fugisse de alguém. Localizei o motivo do aborrecimento:
atrás dele, falando alto – provavelmente alinhavava conselhos para comer
direito, dormir cedo e estudar bastante – vinha a zelosa mãe, que resolvera ver
onde o filho passaria os próximos quatro anos. Com certeza até hoje ele cobra
dela o vexame de chegar à universidade pela mão da mãe.
Quando contei o
caso para um amigo, ele apontou para a mãe idosa ao lado e a acusou de ir ao
quartel onde fez o serviço militar para levar almoço todos os dias. Do alto dos
seus 70 anos, ela me disse que jamais permitiria que seu filho em fase de
crescimento (18 anos!) não se alimentasse direito. Aliás, ela continua
vigilante. Seu garoto só pode comer comidas saudáveis, bem preparadas e o
ingrediente principal é o carinho dela. (Só não sei como ela fazia para
garantir que a marmita chegasse até ele no quartel.)
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