Relógio Solar. |
Torre Universitária e a Reitoria ao fundo. |
Relógio Solar. |
Torre Universitária e a Reitoria ao fundo. |
Foto: Arquivo NASA. |
Nuvem de Magalhães. Foto: Wikipedia. |
Carnaval, 1948. |
San Diego, California, 2017. |
Um bom paulistano já ouviu
falar da Igreja de São Januário mesmo que não seja cristão, afinal, suas festas
são parte do calendário de eventos de São Paulo. A Igreja de São Januário,
ou em italiano San Gennaro, é a mais antiga da Mooca. Ela foi fundada em 2 de
fevereiro de 1914 pelo arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva. A primeira
festa aconteceu em setembro de 1974 para levantar fundos para obras na igreja e
foi um sucesso enorme, repetindo-se nos anos seguintes e atraindo cada vez mais
pessoas. O segredo: a tradicional comida italiana – caponata de berinjela,
sardella, alichella fogazza, pizza e todos os embutidos e queijos possíveis
entre muitas outras iguarias. E não falta música, claro. Um dos grandes
incentivadores do evento foi o Maestro Záccaro (1948-2003). No dia 19 de
setembro ocorre a procissão luminosa que lembra o martírio de San Gennaro. (Rua
da Mooca, 950.)
A Paróquia de
São Rafael Arcanjo (Largo São Rafael) foi fundada em 1935 e a igreja começou a
funcionar em 1938, antes de estar concluída. Em 1940, foi criada a igreja de
Nossa Senhora do Bom Conselho (Rua da Mooca, 3911). Em 1959 o bairro ganhou
mais duas igrejas: São Pedro Apóstolo (Rua Ibitinga, 838) e Nossa Senhora
Aparecida dos Ferroviários (Rua Almirante Brasil, 125). A antiga capela do
Hipódromo, erguida por uma família do bairro, foi doada à Cúria Metropolitana
de São Paulo e em 1960 tornou-se a Igreja São Miguel Arcanjo (Rua
Taquari, 1100).
Naturalmente, há
igrejas de outras confissões – evangélica, metodista, batista, presbiteriana, mórmon,
Seicho-Mo-Yê e Testemunhas de Jeová; centros espíritas e templo budista.
Como ir à Mooca? Para pedestres exploradores de lugares da cidade
(como eu), basta tomar o metrô e descer na Estação Bresser-Mooca e no terminal
de ônibus pegar qualquer um que cruze a Rua da Mooca ou desça a Avenida Paes de
Barros. Rápido e eficiente. Com calçadas bem cuidadas a Rua da Mooca é bem
interessante. O bairro tem vários restaurantes, lanchonetes e cafeterias à
escolha do freguês. Há também o Shopping Mooca (Capitão Pacheco e Chaves, 313). Quando chegar à Rua dos
Trilhos imagine que ali havia um antigo ramal que ligava a ferrovia
Santos/Jundiaí ao Hipódromo – este pode ser visto no mapa da cidade de 1895. A
prefeitura manteve a denominação popular.
No final do século XIX já funcionavam no
bairro da Mooca fábricas do porte de Biscoitos Duchen, Fiat Lux, a Cervejaria
Bavária – que em 1904 foi comprada pela Companhia Antártica Paulista, cuja sede na Avenida Presidente Wilson, 307, foi
construída no início do século passado; a Tecelagem Três Irmãos Andraus,
Linhas Correntes entre muitas outras. O empresário italiano Egidio Pinotti
Gamba, que começou seus negócios na Mooca, se uniu em 1934 aos Grandes Moinhos
Gamba (empreendimento fechado em 1960). Na empresa havia uma capela dedicada a
Santo Antônio, daí ser conhecida também como Moinho Santo Antônio. (Rua Borges
de Figueiredo, 300 e 510.) depois de muitos usos o prédio parece abandonado.
O crescimento continuou no século XX. A
fábrica de Calçados Clark (1904) fechou suas portas na década de cinquenta e o
prédio foi desapropriado em 1968 e, atualmente, é sede da Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo
Em 1907, em meio a tantos nomes e sobrenomes
italianos chegou à Mooca um Fraser. Robert Fraser era um empresário escocês e
instalou no bairro a Fábrica
Brasileira de Alpargatas e Calçados. Ele já criara, com um sócio inglês,
fábricas similares na Argentina e no Uruguai. Dois anos depois a empresa mudou
a denominação para São Paulo Alpargatas Company. Em 1930, a Alpargatas passou
para o controle argentino até que em 1982, quando Grupo Camargo Correa assumiu
o controle do negócio.
Em 1910 os irmãos Giuseppe e Nicola Puglisi Carbone conseguiram unir os pequenos
refinadores de açúcar de São Paulo e criaram a Companhia União dos Refinadores,
que mais tarde incluiu o café, o que levou à mudança do nome para Companhia
União dos Refinadores – Açúcar e Café. O engenheiro italiano Alessandro
Lorenzetti conheceu Carlo Toninni e em 1923 fundaram a empresa Tonanni &
Lorenzetti para fabricar parafusos de precisão para várias utilidades. Quem
hoje não conhece a Lorenzetti? Continua no mesmo endereço.
Mas
havia tempo para diversão também. Os funcionários fábrica de Rodolfo Crespi,
que jogavam futebol de várzea formaram dois clubes que acabaram se unindo em
1924 para formar o Cotonifício Rodolfo Crespi Futebol Clube. No ano seguinte, o
conde Crespi cedeu uma área de sua propriedade entre as Ruas Javari e dos
Trilhos para a construção do campo de futebol. A entidade nasceu modesta, mas
se destacou nas competições e em 1930 mudou o nome para Clube Atlético Juventus
– uma homenagem ao clube italiano. Cresceu e continua firme e forte na mesma
Rua Javari. Nem é preciso dizer que o clube da Mooca é um dos mais queridos da
cidade até hoje.
Em 1922 chegou o primeiro cinema do bairro
“Palácio Moderno”, mais tarde Cine Teatro Moderno. Foi o primeiro de uma longa
lista: São João, Internacional (ambos de vida curta), Santo Antônio,
Icaraí/Ouro Verde, Imperial (resistiu até os anos 1960), Bertioga, Patriarca e
Safira! Os amantes de teatro tiveram que esperar mais tempo. O Teatro Arthur de
Azevedo (Av. Paes de Barros, 955) foi
inaugurado em 1952 e tombado em 1992. A casa passou por obras de modernização e
está em pleno funcionamento. (17/07/18)
(Atualizado em 11/05/2024.)
Foto: mirante do edifício Altino Arantes, 2011. |
Portrait d'Antoine-Laurent Lavoisier et de sa femme (1788). Óleo sobre tela do pintor francês Jacques-Louis Davi (1748-1825). Acervo: Metropolitan Museum of Arte, Nova Iorque. |
OS DEZOITO DO FORTE
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Rio de Janeiro, novembro de 2015. |
Mural do Forte de Copacabana: homenagem aos 18. |
"Morro da Penha", Santos, 1944. |
Casa do Trem, Santos (SP), 1940. |