segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

ANIVERSÁRIOS PROVOCAM LEMBRANÇAS

 “Ó linda terra de Anchieta,

Do Bandeirante destemido,

Um mundo de arte e beleza,

Em ti, tem sido construído!

Tens tuas noites adornadas,

Pela garoa, em denso véu!

Sobre os teus edifícios,

Que até parecem chegar ao céu!”

 

J. M. Alves e Mário Zan


Tia Odete era pianista e, quando ganhou do irmão um acordeom, a casa ganhou um novo som e, sinceramente, não me agradava. Com o novo instrumento surgiram partituras bem diferentes das eruditas, sempre circunspectas, e entre elas me lembro de uma que estampava a foto de Mário Zan. A música? Não tenho ideia de qual seria... Talvez fosse o Hino do Quarto Centenário de São Paulo... Quem sabe?

Não conhece Mário Zan? Uma pena porque até Frank Sinatra gravou “Os homens não devem chorar" (ou “Nova flor”) em 1958. Mario Giovanni Zandomeneghi (1920-2006) nasceu na Itália; na década de 1920 a família emigrou para o Brasil e se instalou em Santa Adélia (SP). Mário começou a tocar acordeom aos treze anos e pelo seu talento logo “o moleque da sanfona” estava se apresentando em bailes, shows e eventos; o rádio o descobriu e passou por várias emissoras de São Paulo até que foi ao Rio de Janeiro para conhecer Luiz Gonzaga (1912-1989) e tornaram-se amigos. O rei do baião considerava Mário Zan “o rei da sanfona”. Após a temporada carioca retornou a São Paulo. Cravo Albin informa que Zan teve cerca de mil músicas gravadas em sua bem sucedida carreira e 36 foram gravadas por cantores de outros países. Entre os seus muitos sucessos destacam-se o “Hino do Quarto Centenário” (com J. M. Alves), “Chalana” (com Arlindo Pinto) “Meu primeiro beijo” (com Cláudio de Barros), “Iracema” e “Capricho Cigano”. “Festa na Roça” continua fazendo sucesso, pois de acordo com pesquisa do ECAD é a mais tocada em festas juninas pelo Brasil afora. Zan participou de dois filmes - “Tristeza do Jeca” (1960) de Milton Amaral, e "Casinha pequenina" (1963), de Glauco Mirko Laurelli. Zan morreu em São Paulo em 2006 e seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa.

(J. M. Alves, português, radicado no Brasil em 1929, ingressou na Banda da Força Pública, onde se aposentou como capitão. É de sua autoria entre muitas outras composições a "Canção de Natal", a valsa "Mãe, rainha do lar", a marcha "Tomara que caia" e o samba "Não quero amar".)

Fotos: Edifício Itália (Centro) e Edifício da Fiesp (Avenida Paulista). H.A.

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