domingo, 25 de abril de 2021

NOVOS E VELHOS CONHECIDOS

 

Eu tenho péssima memória para nomes. Soma-se ao problema, a dificuldade de guardar fisionomias. Juntar nomes a fisionomias causa-me sérios transtornos. O lado bom é que me aprimoro em expedientes para evitar constrangimentos. É verdade que há nomes mais fácieis de guardar. Tempos atrás fui apresentada à Lolita, recém-chegada ao prédio. Na hora, veio o impulso de perguntar se a inspiradora era a Rodrigues ou a de Vladimir Nabokov, mas o Grilo Falante interferiu na hora e me limitei a um sorriso. Quase sempre encontro Olga. Graciosa e delicada. Sempre atenciosa comigo. Nas minhas idas e vindas pelo bairro, acabei formando um bom número de conhecidos, como a  Chica ‒ acho que é parente da Lolita, mas não é da minha conta. Quase sempre encontro Filipe quando passo nas imediações da Praça General Polidoro, mas ele frequentemente não me cumprimenta. Tudo isso porque ontem fui apresentada à Maria Eduarda. Caminha sem pressa, com tranquilidade quase majestosa, indiferente aos olhares que atrai. E já tem certa idade. Soube que ela adora ir à farmácia. Hipocondríaca, pensei, mas parece que ela tem uma quedinha pelo dono da farmácia que a recebe sempre com uma guloseima. Nos despedimos por causa da garoa que começa a cair. Maria Eduarda é muito parecida com Sam, que conheci há alguns anos na banca de jornal. O dono da banca fez as apresentações: Este é o Sam. Na hora lembrei do Sam de “Casablanca” e não me contive: Sam? Então ele se lançou sobre mim e me sapecou um beijo na boca. Recuei e tratei de pegar o lenço para esfregar o rosto enquanto a dona se desculpava pela audácia de Sam, um golden retrieverClaro que se trata da cachorrada do bairro. Há cães muito bonitos por aqui e os meus preferidos, além do golden retriever são um pastor-branco-suíço, um galgo (lindo) e os collies.

Todo mundo conhece o Pluto (Disney), assim aí vai o Snert, o cãozinho de estimação do Hagar.




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