sábado, 25 de dezembro de 2021

NATIVIDADE

 


Diz a lenda que tudo aconteceu na época do recenseamento determinado pelo imperador romano César Augusto. Nada de recenseadores batendo à porta das pessoas. Nenhuma facilidade para a população que precisava se movimentar às próprias custas até os pontos oficiais para se registrar. Assim, um casal chega à aldeia com um burrinho que leva a mulher grávida; o marido caminha. Uma referência à Maria e José. Na verdade, uma história que pode ter acontecido em qualquer lugar em qualquer época como o pintor flamengo Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569) imaginou. Nesta obra, ele transportou a lenda para a sua aldeia de Flandres em um dia de inverno severo e, mais uma vez, ele registra a população envolvida em seus afazeres cotidianos e a chegada dos forasteiros para o recenseamento.

            O movimento maior acontece do canto esquerdo, uma pousada Corona Verde em que se instalou o escritório do recenseamento, onde pessoas se aglomeram e para aonde se dirige o casal recém-chegado. Em volta, os aldeões carregam e descarregam carroças, um porco é abatido enquanto duas crianças observam; galos e galinhas ciscam por perto. À direita parece que as águas de um riacho congelaram e as crianças aproveitam para brincar. No centro e mais para cima pode-se ver que uma taberna funciona no oco de uma árvore, onde está afixada uma tabuleta. Mais adiante algumas pessoas trabalham na construção de um telhado.  

            Chama atenção a igreja com a torre e os sinos no fundo da aldeia. Seria um anacronismo, já que Jesus ainda não nascera e ainda levaria muito tempo para  surgimento do cristianismo e da Igreja, mas aceitável dentro da proposta do artista.

A pintura (têmpera sobre madeira) chama-se “O censo em Belém” e data de 1566.

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