Diz a lenda que tudo
aconteceu na época do recenseamento determinado pelo imperador romano César
Augusto. Nada de recenseadores batendo à porta das pessoas. Nenhuma facilidade
para a população que precisava se movimentar às próprias custas até os pontos
oficiais para se registrar. Assim, um casal chega à aldeia com um burrinho que
leva a mulher grávida; o marido caminha. Uma referência à Maria e José. Na
verdade, uma história que pode ter acontecido em qualquer lugar em qualquer
época como o pintor flamengo Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569) imaginou.
Nesta obra, ele transportou a lenda para a sua aldeia de Flandres em um dia de
inverno severo e, mais uma vez, ele registra a população envolvida em seus
afazeres cotidianos e a chegada dos forasteiros para o recenseamento.
O movimento maior
acontece do canto esquerdo, uma pousada Corona
Verde em que se instalou o escritório do recenseamento, onde pessoas se
aglomeram e para aonde se dirige o casal recém-chegado. Em volta, os aldeões carregam
e descarregam carroças, um porco é abatido enquanto duas crianças observam; galos
e galinhas ciscam por perto. À direita parece que as águas de um riacho congelaram
e as crianças aproveitam para brincar. No centro e mais para cima pode-se ver que
uma taberna funciona no oco de uma árvore, onde está afixada uma tabuleta. Mais
adiante algumas pessoas trabalham na construção de um telhado.
Chama atenção a igreja com
a torre e os sinos no fundo da aldeia. Seria um anacronismo, já que Jesus ainda
não nascera e ainda levaria muito tempo para surgimento do cristianismo e da Igreja, mas
aceitável dentro da proposta do artista.
A pintura (têmpera sobre madeira) chama-se “O censo em Belém” e data de
1566.
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