quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

RAMOS DE AZEVEDO.

 170 ANOS DO NASCIMENTO DO ARQUITETO PAULISTA

Se você vem fazer turismo ou mora em São Paulo e não conhece o Centro Histórico, precisa saber um pouco sobre Ramos de Azevedo, afinal, ele foi o responsável pela grande mudança que ocorreu na cidade no limiar do século XX porque projetou e construiu prédios que se tornaram emblemáticos e fazem parte de qualquer roteiro turístico pela Pauliceia.

Francisco de Paula Ramos de Azevedo nasceu em Campinas há 170 anos (8/12/1851). Foi estudar engenharia na Universidade de Ghent, na Bélgica, mas mudou para o curso de arquitetura clássica por orientação do diretor da escola que percebeu o talento do jovem aluno. Graduou-se em 1878 e, ao retornar ao Brasil, estabeleceu-se em Campinas, mas logo resolveu mudar para São Paulo, onde já projetava residências para os notáveis do estado. Aos 35 anos fundou o Escritório Ramos de Azevedo, que se tornou uma referência tanto no âmbito público como privado. Ramos de Azevedo destacou-se como engenheiro arquiteto e como empreendedor; foi um dos fundadores, professor e diretor da Escola Politécnica; dirigiu o Liceu de Artes e Ofícios, sendo responsável pela reformulação do ensino na instituição.

Ao caminhar pelo Centro Histórico é difícil não passar diante de uma obra de Ramos de Azevedo e, o que é melhor, como a maioria dos prédios abriga entidades culturais, pode-se conhecê-las por dentro. Duplo prazer.

Um roteiro para ser feito em dois ou três dias, alternando caminhadas e o uso de metrô ou ônibus.

Um “roteiro Ramos de Azevedo” pode (e deve) começar pelo Pátio do Colégio, onde se encontram dois prédios do jovem arquiteto e que são marcos da modernização da cidade: a Secretaria da Fazenda (1886) e a Secretaria da Agricultura (1895), onde atualmente funciona a Secretaria de Justiça e da Cidadania do Estado de São Paulo. Próxima parada: Palácio da Justiça de São Paulo (1933), na confluência das Praças da Sé e Clóvis Bevilácqua. As visitas são permitidas e a entrada é pelo saguão conhecido como Salão dos Passos Perdidos. Acesso ao Plenário do Júri e a dois pequenos museus.


Hora de atravessar o viaduto do Chá para admirar o Teatro Municipal (1911) que promove visitas guiadas. Aqui, várias opções para continuar. Vale a pena caminhar até o Palácio dos Correios (1922), atual Centro Cultural Correios e depois se dirigir ao Mercado Municipal (1933) para restaurar as forças e admirar os 55 vitrais do artista alemão Conrado Sorgenicht Filho. O Mercado foi idealizado pelo engenheiro Felizberto Ranzini, do Escritório Ramos de Azevedo.


Energias renovadas é a vez de ir ao Palácio das Indústrias (1924), na outra margem do Tamanduateí no meio do Parque D. Pedro II, sede do Museu Catavento (muito bom). Do conjunto da obra de Ramos de Azevedo, sem dúvida, esse é o edifício mais exótico. Mário de Andrade o chamou de “fortaleza enfeitada”. Esta visita consome uma tarde ou uma manhã.

        Metrô Tiradentes. A região forma um centro cultural importante. Na saída pela Praça Coronel Fernandes Prestes já se vê o prédio da FATEC e mais adiante o Edifício Ramos de Azevedo, sede do Arquivo Público de São Paulo. Ali pertinho fica o prédio da Pinacoteca do Estado de São Paulo (1905) que também leva a assinatura de Ramos de Azevedo. O ideal é reservar uma tarde ou uma manhã para a visita. Do outro lado da avenida pode-se observar outra criação do campineiro: o Quartel da Luz Batalhão Tobias de Aguiar (1892).


Metrô Luz. Da estação é preciso caminhar por um trecho pouco agradável até a Estação Pina do Estado (1914), que é muito bonita. Recomendável perguntar aos funcionários o melhor caminho. Ela foi construída para ser funcionar como armazém da estrada de ferro e há alguns anos é sede do Memorial da Resistência.


O passeio pode se estender por outros pontos da cidade. Na Liberdade: Residência da família Ramos de Azevedo (1891). Na Bela Vista, Teatro Renault. Na Avenida Paulista: Casa das Rosas (1935) e Escola Estadual Rodrigues Alves (1919). Em Cerqueira César, Faculdade de Medicina da USP (1931) e Instituto Oscar Freire (1931). No Ipiranga, o Educandário da Sagrada Família (1895), muito bem conservado.

Ver relação de obras em "Ramos de Azevedo 2".

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