Bancos de praças e jardins são um convite que as cidades fazem aos pedestres cansados, românticos, preocupados, desiludidos, solitários ou a leitores em busca de sossego. Acolhem os sem eira nem beira à espera de nada ou de que alguém os veja por um breve momento e deles se lembre em algum momento. Bom mesmo é um banco sob uma árvore que o cobre com sua sombra e, se tem flores, o enfeita com as pétalas que o vento sopra delicadamente sobre ele, espalhando seu perfume, frequentemente roubado pela poluição urbana. Não sei se namorados ainda buscam bancos para cochichar seus sentimentos. Os amantes modernos expõem sua paixão em qualquer lugar... Não há tempo para achar um banco, ainda mais cheirando a jasmim. Cada vez mais os bancos são rodeados de concreto árido, abrasador sob o sol e que, talvez, os enamorados atribuam à ardência de seus sentimentos. E assim o banco vai se tornando apenas um enfeite. Um urbanista já disse que mal colocados são ignorados pela população e o jeito é seduzir as pessoas, atraí-las com uma isca – como a estátua de alguém famoso. Funciona? Não sei, mas com certeza o pedestre fará uma parada rápida para uma foto e seguir seu caminho.
Não sou romântica, mas gosto de ver bancos de jardins porque me parecem guardar alguma história palpitante que alguém rememorou ali sentado. Acho triste ver um banco vazio, mais desolador é o aspecto dos novos equipamentos que se espalham por aí – bancos de concreto e sem encosto, nada apetecíveis. Como sou arredia a contatos com estranhos, não sou usuária dos bancos de jardim, mas já tive uma ou duas experiências interessantes, uma delas no Jardim da Luz em Sampa, um espaço povoado por pessoas cheias de histórias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário